São Paulo, sexta-feira, 10 de setembro de 2004

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Com carro menor, fábrica brasileira tem expansão

CLÁUDIA DIANNI
DE BUENOS AIRES

Em 1994, quando o acordo automotivo começou a ser negociado, a Argentina optou por especializar-se na produção de carros médios e picapes. O Brasil concentrou a produção em modelos pequenos.
Com a crise econômica no parceiro comercial, a renda do argentino despencou e a demanda por carros médios foi substituída por modelos populares. Essa mudança de perfil no consumo afetou o comércio com o Brasil, o principal parceiro comercial da Argentina.
Neste ano, 65% dos carros que foram registrados na Argentina são importados. Desses automóveis, 90% vieram do Brasil. No ano passado, 45% dos carros vendidos na Argentina eram brasileiros. De janeiro a maio deste ano, essa porcentagem já tinha saltado para 59%, segundo o CEB (Centro de Estudos Bonarense).
Por outro lado, os carros argentinos vendidos no Brasil caíram de 60,9 mil unidades em 2002, para 39,6 mil no ano passado, ou 4,1% do mercado brasileiro. Neste ano, a fatia dos carros argentinos no mercado brasileiro caiu para 2,9%.
De acordo com o CEB, além da queda da demanda na Argentina, há um problema estrutural causado pela diferença no volume de investimentos feitos pelas montadoras nos dois países, que explica o desequilíbrio entre os dois setores. Desde 1998, dez linhas de produção foram instaladas no Brasil e nenhuma na Argentina.
Nesse período, a quantidade de modelos argentinos ativos no mercado brasileiro caiu de 25 para 11, e o total de modelos brasileiros vendidos na Argentina subiu de 22 para 44.
Na opinião do diretor do CEB Dante Sicca, ex-secretário de Indústria da Argentina, o país terá que criar uma política industrial, a exemplo do que fez o Brasil, que tem programas de financiamento de exportação.
"O problema é a falta de competitividade da indústria argentina. Os incentivos são poucos. A Argentina terá que investir em programas de incentivo, fortalecer o sistema bancário e sair da moratória."


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