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Governo vai financiar as construtoras
Mantega anuncia na terça-feira pacote de incentivos ao setor imobiliário que prevê recursos federais para as empresas
Aplicação facultativa da TR nos financiamentos de imóveis e a desoneração de impostos também fazem parte das novas medidas
VINICIUS TORRES FREIRE
GUILHERME BARROS
COLUNISTAS DA FOLHA
O financiamento direto das
construtoras, por meio de recursos de fundos federais e orçamentários, deve ser a medida
de maior impacto do "pacote
imobiliário" que o governo pretende anunciar a partir de terça-feira que vem.
Isto é, o crédito com origem
em recursos públicos não financiaria apenas os compradores individuais mas também as
construtoras, que ofereceriam
imóveis a famílias de baixa renda (até três salários mínimos).
O dinheiro sairia do Orçamento (do Fundo Nacional de
Habitação de Interesse Social),
do FGTS e do FAT. O total dos
recursos para o financiamento
direto a construtoras e incorporadoras de imóveis populares ainda não está bem definido. O governo trabalha com o
total de R$ 5 bilhões.
"O mercado já está crescendo
bem, o que precisamos fazer é
colocar lenha na fogueira", diz
Guido Mantega (Fazenda).
Mas as empresas estimam
que a quantidade de lenha seria
maior. Os sindicatos da indústria da construção civil esperam contar com até R$ 10 bilhões para o ano que vem.
Segundo Mantega, também
está quase definida a redução
dos impostos de alguns produtos utilizados no acabamento
de residências. "Vai haver, sim,
medidas de desoneração, mas
não pode ser uma desoneração
aleatória, geral, desoneração
ampla, geral e irrestrita, pois aí
você quebra o país", argumenta
Mantega, que estuda descontos
de impostos como IPI e Cofins
para produtos como caixas-d'água, chuveiros, vidros e outros
materiais de acabamento.
Parte do incremento dos recursos para o financiamento
direto das construtoras e incorporadoras ocorreria no FNHIS
(Fundo Nacional de Habitação
de Interesse Social), que conta
com verbas orçamentárias, do
FGTS e do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador).
Outros recursos viriam da
concessão de maior liberdade
para a Caixa Econômica remanejar recursos do FGTS. Também será autorizada a concessão de crédito consignado para
a compra de imóveis, com desconto em folha de pagamento, e
a possibilidade de bancos oferecerem financiamentos não
corrigidos pela TR, a Taxa Referencial. O governo vai criar o
sistema de juros prefixados no
Sistema Financeiro da Habitação: a dívida para a compra da
casa própria seria corrigida por
uma taxa fixa. Tal providência
tem, a princípio, mais impacto
sobre os bancos, que passariam
a ter o direito de incluir tais créditos na fatia dos recursos da
caderneta de poupança que
obrigatoriamente têm de dirigir ao crédito imobiliário.
Cadastro de informações
A criação de um cadastro
único de informações sobre
imóveis também está em discussão com o setor privado. O
cadastro único reduziria custos
de transação relativos à obtenção das certidões que comprovam a inexistência de obstáculos legais para a negociação do
imóvel (ex.: dívidas do vendedor e penhora do imóvel).
A portabilidade do financiamento imobiliário, o direito de
o devedor renegociar seu crédito com uma instituição que cobre juros menores, ainda está
sendo estudada e não sai já.
Mantega também pretende
fazer o setor de produção de insumos para a construção civil
melhorar a qualidade e o preço
de seus produtos. Diz haver
uma linha de crédito do
BNDES muito barata (6% ao
ano) para a inovação tecnológica no setor que não é utilizada.
Outra reivindicação do setor
que está sendo atendida é a inclusão das empresas de construção civil na Lei Geral da Micro e Pequena Empresa.
Também, segundo Mantega,
será criado um portal na internet que identificaria os interessados em comprar uma casa e
seu perfil financeiro, informação que seria repassada aos
bancos. Um banco de dados de
preços de imóveis também está
em estudo. Ficam para depois
mudanças relativas à lei de ocupação e uso do solo e aquelas
que aperfeiçoam os mecanismos de devolução de imóveis financiados sob regime de alienação fiduciária.
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