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TRANSE
Moeda dos EUA fecha a R$ 3,875; risco-país sobe 7,9% e vai a 2.269 pontos
Dólar volta a ter o segundo maior valor do Plano Real
ANA PAULA RAGAZZI
DA REPORTAGEM LOCAL
O dólar teve forte alta ontem, de
3,9%, e fechou a R$ 3,875, o segundo maior valor do Plano Real.
O recorde, de R$ 3,88, foi atingido
em 27 de setembro. Na semana, a
moeda já se valorizou 7%.
O risco-país, calculado pelo
banco JP Morgan, teve alta de
7,9% ontem, para 2.269 pontos.
A incerteza quanto ao futuro
político do Brasil e a grande concentração de vencimentos de dívidas dos setores público e privado neste mês são os motivos para
a pressão na cotação.
Os C-Bonds, títulos da dívida
externa brasileira, caíram 5,8 %.
Segundo boatos que circularam
no mercado um grande fundo de
"hedge" (proteção cambial) estrangeiro estaria se desfazendo de
papéis brasileiros ontem, o que
potencializou a queda dos títulos.
Também houve rumores em
torno de pesquisas eleitorais mostrando larga vantagem de Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) sobre José Serra (PSDB) no segundo turno das eleições presidenciais.
"Inexplicavelmente havia no
mercado o comentário de que o
dia era nervoso por conta da
grande chance de Lula ser o novo
presidente. Como se isso fosse
uma novidade", afirma Miriam
Tavares da corretora AGK.
Ela avalia que a preocupação do
mercado cresceu com o balanço
final das eleições, que mostra, até
aqui, o fortalecimento do PT.
Vladimir Caramaschi, da Fator
Doria Atherino, avalia que a nova
composição do Congresso desagradou aos investidores. "As condições de governabilidade serão
ruins tanto para Serra quanto para Lula. A diferença é que Serra já
teria um voto de confiança do
mercado e Lula, não. Ele teria que
conquistar essa credibilidade."
A medida anunciada pelo Banco Central na segunda-feira, que
aumentou em até 50% a necessidade de capital das instituições financeiras para a exposição cambial, não surtiu o efeito em princípio previsto, que era o de provocar uma queda do dólar. Por outro lado, avalia Caramaschi, se a
medida não tivesse sido adotada,
o dólar poderia ter subido mais.
O mercado de câmbio vive dias
de pouca liquidez. O BC é praticamente, o único atuante na ponta
vendedora -a autoridade monetária voltou a vender dólares ao
mercado à vista e fez um leilão de
linha de exportação. "Ninguém
quer se desfazer de dólares", afirma Caramaschi. "Quem tem a
moeda em mãos se sente protegido de todas essas incertezas".
A pressão de compra vem do
vencimento de cerca de US$ 700
milhões de dívidas do setor privado, que não serão roladas. Dia 17
vencem US$ 3,6 bilhões em dívida
pública atrelada ao dólar, que não
deverá ser totalmente renovada.
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