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Desemprego deve seguir alto seja quem for o presidente
DA REPORTAGEM LOCAL
O desemprego deve continuar
elevado no primeiro ano do novo
governo, seja ele tucano ou petista. Técnicos e especialistas em
mercado de trabalho acreditam
que a situação só deve começar a
melhorar a partir de setembro do
próximo ano, mas as taxas de desemprego só devem cair mesmo
em 2004 -e desde que haja crescimento econômico.
Para o coordenador técnico do
Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômico), Sérgio Mendonça, a retomada do crescimento da
economia -e, portanto, a geração de novas vagas- está amarrada pelo acordo feito entre o
atual governo e o FMI (Fundo
Monetário Internacional).
"É positivo que todos os candidatos tenham se comprometido
com a questão de emprego. Mas é
bom lembrar que o acordo com o
Fundo prevê controle rígido da
inflação. Isso significa juros altos,
o que impede a economia de crescer. Sem crescimento, não há mágica para criar empregos", diz.
Para que as metas de emprego
do governo Lula (10 milhões de
vagas em quatro anos) ou do governo Serra (8 milhões no mesmo
período) sejam cumpridas, a economia deve registrar taxas de
crescimento em torno de 4,5% a
5% ao ano, no mínimo, diz Mendonça. "É o necessário para absorver o cerca de 1,5 milhão de
pessoas que ingressam, por ano,
no mercado de trabalho. Não estamos nem falando de vagas para
os 11,5 milhões de desempregados
que existem no país, segundo o
último censo."
Na avaliação da gerente de projetos especiais da Fundação Seade
(Sistema Estadual de Análise de
Dados), Paula Montagner, a retração da atividade econômica
neste semestre também vai influenciar o desempenho do desemprego no próximo ano.
"A desaceleração da economia
neste segundo semestre tem forte
impacto no nível de emprego e
deve se arrastar nos primeiros seis
meses de 2003, sem contar que
tradicionalmente já é um período
mais fraco em termos de geração
de postos de trabalho", diz.
Em São Paulo
Na região metropolitana de São
Paulo, a taxa média de desemprego foi de 19,4% no primeiro semestre deste ano, só perdendo para 99, quando a taxa média chegou a 19,9% no mesmo período.
Neste segundo semestre, a expectativa é que a taxa continue nesse
patamar, avaliam os especialistas.
Paula também destaca que as
incertezas no cenário internacional e o tempo necessário para que
o novo governo se reorganize devam contribuir para que 2003 seja
um ano de baixo crescimento.
"As grandes economias internacionais, nossas parceiras, também estão com problemas. Temos de fazer esforço enorme para
manter o saldo comercial e conseguir pagar nossa dívida. A situação só deve começar a melhorar a
partir de setembro de 2003, seja
qual for o governo", afirma.
(CR)
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