São Paulo, quinta-feira, 10 de outubro de 2002

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Desemprego deve seguir alto seja quem for o presidente

DA REPORTAGEM LOCAL

O desemprego deve continuar elevado no primeiro ano do novo governo, seja ele tucano ou petista. Técnicos e especialistas em mercado de trabalho acreditam que a situação só deve começar a melhorar a partir de setembro do próximo ano, mas as taxas de desemprego só devem cair mesmo em 2004 -e desde que haja crescimento econômico.
Para o coordenador técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômico), Sérgio Mendonça, a retomada do crescimento da economia -e, portanto, a geração de novas vagas- está amarrada pelo acordo feito entre o atual governo e o FMI (Fundo Monetário Internacional).
"É positivo que todos os candidatos tenham se comprometido com a questão de emprego. Mas é bom lembrar que o acordo com o Fundo prevê controle rígido da inflação. Isso significa juros altos, o que impede a economia de crescer. Sem crescimento, não há mágica para criar empregos", diz.
Para que as metas de emprego do governo Lula (10 milhões de vagas em quatro anos) ou do governo Serra (8 milhões no mesmo período) sejam cumpridas, a economia deve registrar taxas de crescimento em torno de 4,5% a 5% ao ano, no mínimo, diz Mendonça. "É o necessário para absorver o cerca de 1,5 milhão de pessoas que ingressam, por ano, no mercado de trabalho. Não estamos nem falando de vagas para os 11,5 milhões de desempregados que existem no país, segundo o último censo."
Na avaliação da gerente de projetos especiais da Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados), Paula Montagner, a retração da atividade econômica neste semestre também vai influenciar o desempenho do desemprego no próximo ano.
"A desaceleração da economia neste segundo semestre tem forte impacto no nível de emprego e deve se arrastar nos primeiros seis meses de 2003, sem contar que tradicionalmente já é um período mais fraco em termos de geração de postos de trabalho", diz.

Em São Paulo
Na região metropolitana de São Paulo, a taxa média de desemprego foi de 19,4% no primeiro semestre deste ano, só perdendo para 99, quando a taxa média chegou a 19,9% no mesmo período. Neste segundo semestre, a expectativa é que a taxa continue nesse patamar, avaliam os especialistas.
Paula também destaca que as incertezas no cenário internacional e o tempo necessário para que o novo governo se reorganize devam contribuir para que 2003 seja um ano de baixo crescimento.
"As grandes economias internacionais, nossas parceiras, também estão com problemas. Temos de fazer esforço enorme para manter o saldo comercial e conseguir pagar nossa dívida. A situação só deve começar a melhorar a partir de setembro de 2003, seja qual for o governo", afirma. (CR)

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