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Atacadistas param venda de importados
Oscilação do dólar dificulta definição de preços para supermercados; redes esperam reajuste de até 15%
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
As vendas de produtos importados de atacadistas para os
supermercados estão suspensas desde a última quarta-feira
por conta da alta do dólar.
A dificuldade para estabelecer preços de vinhos, azeites,
azeitonas, alimentos em conservas e de produtos mais consumidos na época de Natal, como uvas-passas, avelãs e castanhas, levou os atacadistas a interromperem as negociações.
"O momento é de compasso
de espera. Precisamos aguardar
um pouco para ver em que patamar o dólar vai se estabilizar", diz Sussumu Honda, presidente da Abras (Associação
Brasileira de Supermercados).
A expectativa das redes de
supermercados é que as negociações voltem a ocorrer a partir da próxima segunda-feira e
que os aumentos de preços de
importados não ultrapassem
15%. "Acreditamos que o dólar
não ficará mais na faixa entre
R$ 1,55 e R$ 1,60. Se ficar na faixa entre R$ 1,80 e R$ 2,00, os
preços não podem subir mais
do que 15%", afirma Honda. O
Brasil importa alimentos principalmente da Argentina, Chile, Espanha e Portugal.
Jorge da Conceição Lopes,
diretor comercial da Casa Santa Luzia, que importa 55% dos
produtos que comercializa, diz
que as vendas de importados
estão suspensas "até que o mercado financeiro se acalme".
Na última quarta-feira, segundo ele, um fornecedor de vinhos importados elevou os preços em 10%. "Nós ainda não
compramos nada com preço
novo, vamos aguardar um pouco mais", afirma Lopes.
Segundo ele, 40% dos produtos que devem ser vendidos na
época do Natal já estão comprados e em estoque e os outros
60% chegam em 30 dias.
Honda, da Abras, diz que os
produtos que tiveram reajustes
de preços no primeiro semestre
sofreram queda nas vendas, como leite em pó (10%), arroz
(5%) e farinha de trigo (10%).
De janeiro a agosto deste ano,
diz ele, o volume de vendas de
alimentos está praticamente
estabilizado na comparação
com 2007. "O faturamento real
subiu 9,3% no período por causa dos reajustes de preços e não
do aumento de vendas físicas."
Para o final do ano, a Abras
espera aumento de faturamento entre 5% e 10% e, para o ano
todo, de 8%. "Por enquanto, os
números são esses. Apesar de o
dólar estar mais caro, achamos
que a classe média ainda vai poder comprar importados."
Pressão externa
O aumento do dólar deve elevar o preço do produto mais típico do Natal, o panetone, segundo a Ofner, rede de doçaria
com 17 lojas em São Paulo.
"Utilizamos farinha de trigo
e uvas-passas para produzir panetones, dois produtos que tiveram aumentos de preços entre 25% e 30% em 15 dias devido à alta do dólar", diz Laury
Roman, diretor comercial da
Ofner. "O preço do panetone
deverá ser 8% maior do que o
do ano passado." O preço do trigo no mercado internacional
caiu 15% nos últimos 30 dias.
Um produto que deve subir
de preço nos próximos dias, segundo a Folha apurou com
grandes redes de supermercados, é o leite. Isso porque a China deve elevar a importação de
leite em pó, já que teve um problema interno com o produto.
E os fabricantes brasileiros,
animados com a taxa de câmbio, deverão exportar mais leite
para a China. Supermercados
informam que já sentem que a
indústria de leite já não está fazendo questão de vender o produto neste momento no Brasil
e, por isso, acreditam que o
preço do leite deve subir.
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