São Paulo, sexta-feira, 10 de outubro de 2008

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Cai estimativa de alta do PIB do agronegócio

EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Num reflexo inicial da crise financeira internacional, a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) diminuiu a estimativa de crescimento do PIB do agronegócio para 2008. A projeção inicial, que ficava entre 11% e 12%, recuou para 9% e 9,5%.
O alto custo da produção, por conta do preço dos insumos agrícolas -como fertilizantes- e a atual falta de crédito para custear o início do plantio da safra provocaram a reavaliação pela entidade.
Apesar disso, o crescimento do PIB tende a ser recorde, superando o crescimento de 7,88% de 2007 e a quase estagnação de 2006 (0,45%). Neste ano, o avanço acumulado até julho foi de 6,79%.
Essa expectativa positiva, porém, não afastou a preocupação com a chegada da crise financeira mundial.
Ontem, a CNA protocolou nos ministérios da Fazenda e da Agricultura um documento no qual pede ao governo federal que, pelo menos neste momento, não utilize o grau de risco dos produtores endividados como empecilho para a captura de créditos.
Além disso, solicita que as parcelas das dívidas com vencimento neste mês, num valor estimado de R$ 5 bilhões, sejam jogadas para maio do ano que vem. "O objetivo é que esses recursos sejam usados pelos produtores no plantio. É uma forma de compensar a falta de crédito", afirma Anaximandro Almeida, superintendente técnico da CNA.

Efeito
Sobre a crise, praticamente descolada dos números do PIB, a tendência é que seja sentida de fato no resultado da safra 2008/ 2009. Segundo Rosemeire dos Santos, assessora técnica da entidade, há o agravante de ela ter começado em meio à finalização da renegociação das dívidas.
Para o presidente nacional da UDR (União Democrática Ruralista), Luiz Antonio Nabhan Garcia, ao contrário do que prevê o governo, a queda da produtividade na atual safra é praticamente inevitável. "Sem crédito, muita gente ainda nem plantou. O preço do adubo está uma loucura, com isso os produtores vão economizar nos insumos", declara o ruralista.
Segundo a CNA, a crise internacional respingou no PIB e ainda não atingiu em cheio a balança comercial do agronegócio. Divulgou-se ontem uma ligeira queda nas estimativas nas exportações (de US$ 74 bilhões para US$ 72 bilhões) e nas importações (de US$ 12 bilhões para US$ 11 bilhões).
No caso das importações, a valorização do dólar causará uma queda na compra dos chamados produtos de luxo, como azeitona, azeite e salmão.


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