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Cai estimativa de alta do PIB do agronegócio
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Num reflexo inicial da crise
financeira internacional, a
CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) diminuiu a estimativa de crescimento do PIB do agronegócio
para 2008. A projeção inicial,
que ficava entre 11% e 12%, recuou para 9% e 9,5%.
O alto custo da produção, por
conta do preço dos insumos
agrícolas -como fertilizantes-
e a atual falta de crédito para
custear o início do plantio da
safra provocaram a reavaliação
pela entidade.
Apesar disso, o crescimento
do PIB tende a ser recorde, superando o crescimento de
7,88% de 2007 e a quase estagnação de 2006 (0,45%). Neste
ano, o avanço acumulado até
julho foi de 6,79%.
Essa expectativa positiva, porém, não afastou a preocupação
com a chegada da crise financeira mundial.
Ontem, a CNA protocolou
nos ministérios da Fazenda e
da Agricultura um documento
no qual pede ao governo federal
que, pelo menos neste momento, não utilize o grau de risco
dos produtores endividados como empecilho para a captura
de créditos.
Além disso, solicita que as
parcelas das dívidas com vencimento neste mês, num valor
estimado de R$ 5 bilhões, sejam jogadas para maio do ano
que vem. "O objetivo é que esses recursos sejam usados pelos produtores no plantio. É
uma forma de compensar a falta de crédito", afirma Anaximandro Almeida, superintendente técnico da CNA.
Efeito
Sobre a crise, praticamente
descolada dos números do PIB,
a tendência é que seja sentida
de fato no resultado da safra
2008/ 2009. Segundo Rosemeire dos Santos, assessora
técnica da entidade, há o agravante de ela ter começado em
meio à finalização da renegociação das dívidas.
Para o presidente nacional da
UDR (União Democrática Ruralista), Luiz Antonio Nabhan
Garcia, ao contrário do que prevê o governo, a queda da produtividade na atual safra é praticamente inevitável. "Sem crédito, muita gente ainda nem
plantou. O preço do adubo está
uma loucura, com isso os produtores vão economizar nos insumos", declara o ruralista.
Segundo a CNA, a crise internacional respingou no PIB e
ainda não atingiu em cheio a
balança comercial do agronegócio. Divulgou-se ontem uma
ligeira queda nas estimativas
nas exportações (de US$ 74 bilhões para US$ 72 bilhões) e
nas importações (de US$ 12 bilhões para US$ 11 bilhões).
No caso das importações, a
valorização do dólar causará
uma queda na compra dos chamados produtos de luxo, como
azeitona, azeite e salmão.
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