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emergentes
Situação pode piorar no Brasil, diz economista
DE WASHINGTON
Nouriel Roubini acha natural a desvalorização do real
e que o Brasil corre o risco de
crescer a menos de 3%. (SD)
FOLHA - A teoria do descolamento dos mercados emergentes vem se provando falha na prática. O que acontecerá com países
como o Brasil e regiões como a
América Latina?
NOURIEL ROUBINI - Não existe
descolamento completo. Veja as Bolsas nesses mercados,
que têm sofrido tanto se não
mais do que aqui. Muitas
dessas economias vinham
tendo forte crescimento, pelo menos maior do que os
EUA, a Europa e o Japão,
mas os sinais são claros de
que isso já está diminuindo,
particularmente na China,
mas também no Brasil e na
Índia e mesmo na Rússia.
FOLHA - Para o Brasil?
ROUBINI - O país fortaleceu
seus fundamentos financeiros nos últimos anos, mas
também foi ajudado pelo
ambiente global de grande
crescimento, alta nos preços
das commodities e baixa
aversão a risco. Agora, terá
de enfrentar cenário oposto.
Assim, o país não está sob
risco de crise financeira como as de 1999 e 2002, mas as
coisas podem ficar piores.
Há ainda o risco de queda
significativa no ritmo de
crescimento, em direção aos
3%, se não menos. E, uma vez
que você vai abaixo dos 3%
no Brasil, isso é o mais próximo que se chega de uma aterrissagem brusca.
FOLHA - Por que o dólar segue se
valorizando diante do real, contrariando tendência mundial?
ROUBINI - Os preços das
commodities estão caindo,
logo o real tem de se enfraquecer. Além disso, o saldo
da conta corrente brasileira
já passou de superávit para
déficit, há alguma evidência
de que o valor do real estava
supervalorizado, há algum
grau de fuga de capitais, os
investidores estão nervosos
em relação aos mercados
emergentes. Tudo isso coloca pressão de queda.
FOLHA - O que o governo brasileiro deveria estar fazendo e não
está, em sua opinião?
ROUBINI - A médio prazo, para que o Brasil possa atingir
seu potencial de crescimento, deveria acabar com a taxação excessiva, o excesso de
gastos governamentais, a
baixa instrução da força de
trabalho, a falta de mão-de-obra qualificada, a necessidade de infra-estrutura física. Tudo isso faria com que a
mudança de ritmo no mundo
não fosse tão dura como pode vir a ser no Brasil.
FOLHA - Qual a sua opinião sobre o presidente Lula?
ROUBINI - Devemos dar crédito a ele. Quando chegou ao
poder, temiam que fosse ceder às tentações populistas.
Em vez disso, em questões de
macroeconomia, austeridade fiscal e estabilidade financeira, fez o certo.
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