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Sindicato aceita negociar, mas mantém greve
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente do Sindicato dos
Metalúrgicos do ABC, Luiz Marinho, aceitou retomar as negociações sobre a flexibilização da jornada e dos salários hoje com a
empresa. Mas informou que a
greve marcada para segunda-feira
na fábrica de São Bernardo do
Campo está mantida.
Ontem, antes de a empresa
anunciar a retomada das negociações, o sindicato havia encaminhado carta à empresa pedindo a
reabertura de negociação.
"A Volkswagen posa de boazinha ao dizer que está aberta às negociações. Diz que está preocupada com as famílias e com um movimento violento. Mas, na verdade, mandou demitir os trabalhadores logo após eles rejeitarem a
sua proposta. Eles é que foram intransigentes", disse Marinho.
O sindicalista afirmou que a
empresa tem de ter coerência com
seu discurso. "Quem rompeu a
negociação foram eles. Quando
uma proposta é rejeitada, o que se
faz é voltar à mesa de negociação.
Queremos rever as 3.000 demissões, e não apenas parte delas.
Nossa proposta sempre foi construir um acordo a quatro mãos."
O sindicato aceita a redução de
15% nos salários e na jornada,
mas é contra a adoção de salários
30% menores para novos contratados e do esquema de rotatividade -demissão de 6% de pessoal
por ano.
Sobre a afirmação do presidente
da Volks, Herbert Demel, de que
"é preciso mudar as cabeças",
Marinho disse que a empresa é
quem precisar mudar. "Há quantos anos a Volkswagen não lança
um novo produto? O Gol foi lançado no começo dos anos 80, o
Santana, em 1984, e a Kombi, em
1959. Quem precisa de mudanças
é a direção da fábrica. Ou a empresa vai esperar perder ainda
mais mercado para cortar mais?"
Marinho também disse que a
empresa "mente" ao afirmar que
cortou quem tinha mais tempo de
casa e está mais perto da aposentadoria. "Não sabemos os critérios sociais, que a empresa afirma
ter adotado."
A comissão de fábrica da Volks
atendeu ontem na sede do sindicato a mais de 500 ligações de trabalhadores buscando orientação
da entidade. Desse total, cerca de
cem operários eram demitidos
-mensalistas e horistas.
Segundo a comissão, os demitidos horistas estão concentrados
na área de montagem e de produção de motores. Representantes
dos trabalhadores informaram
que a maioria dos dispensados
que procuraram a entidade informou que recebeu nota "excelente" ou "bom" na sua última avaliação. A empresa, no entanto,
disse que demitiria trabalhadores
com baixo desempenho.
Os critérios da empresa para
avaliar os seus funcionários, de
acordo com a comissão de fábrica, são: absenteísmo, desemprenho individual, limpeza e organização no local de trabalho e sua
atuação no setor. As notas dadas
aos operários são: "excelente",
"bom", "+ satisfatório", "- satisfatório" e "insatisfatório".
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