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DEMISSÃO EM MASSA
Presidente da montadora diz que revisão depende de negociação com Sindicato dos Metalúrgicos do ABC
Volks admite rever parte dos 3.000 cortes
RICARDO GRINBAUM
DA REPORTAGEM LOCAL
A Volks admite rever parte das
3.000 demissões de trabalhadores
na fábrica Anchieta, em São Bernardo do Campo. Segundo Herbert Demel, presidente da Volks
no Brasil, o número de cortes deve ser reduzido dependendo das
negociações com o Sindicato dos
Metalúrgicos do ABC.
"Um acordo vai reverter, automaticamente, o número de demissões. Querer reverter para zero não vai funcionar. Também
não vai funcionar permanecer em
3.000 demissões", disse Demel,
em entrevista na sede da Volks.
O presidente da Volks rejeitou,
porém, o pedido do Sindicato dos
Metalúrgicos, de cancelamento
de todos os cortes. "As demissões
são fato consumado", disse Demel. Ele reiterou ainda que faz
questão de aumentar o que chama de "flexibilidade" nas relações
trabalhistas.
A proposta original da Volks,
rejeitada pelos trabalhadores,
prevê corte de salário e da jornada
de trabalho em 15%. Além disso,
prevê a dispensa de 6% do pessoal
por ano e a contratação de novos
funcionários com salário 30%
mais baixo.
"É preciso mudar a mentalidade", disse o presidente da Volks.
"Temos a maior fábrica, com o
maior número de empregados e
pagamos os salários mais altos do
país (entre as montadoras)."
Segundo Demel, as negociações
entre a montadora e os sindicalistas serão retomadas hoje. O presidente da Volks não tem a expectativa de chegar a um acordo no fim
de semana nem sequer de evitar a
deflagração de uma greve de protesto marcada para segunda-feira.
"A empresa vai abrir na segunda-feira acreditando, idealmente,
que os funcionários vão trabalhar
normalmente. Mas não acreditamos que eles vão trabalhar, mas
sim fazer greve", disse Demel.
Na segunda-feira, os 16 mil trabalhadores da fábrica Anchieta
voltam ao trabalho depois de três
dias de licença remunerada. A
Volks diz temer ações violentas e,
por isso, retirou carros que estavam estocados no pátio e tomou
"outras medidas de precaução",
segundo Demel.
"Ouvimos ruídos de invasão e
de outras ações agressivas. Meu
único desejo é que eles sejam maduros e não se tornem violentos."
Demel disse que vai negociar no
fim de semana para tentar acalmar os ânimos. "Precisamos ver
como os 16 mil trabalhadores vão
reagir. Vamos tentar evitar que
eles se tornem agressivos", disse.
Demel justificou as demissões
na Volks com o argumento que os
custos são muito mais altos na fábrica de Anchieta do que em outros locais do país.
Na fábrica da Volks em Curitiba, onde são produzidos o Audi e
o Golf, os trabalhadores ganham,
em média, R$ 660 por mês. Os
operários da fábrica de Anchieta
recebem em torno de R$ 1.700,00,
comparou Demel.
"Os consumidores não vão pagar mais caro porque o carro é fabricado em São Paulo", disse ele.
O salário do operário na Alemanha é de R$ 5 mil. "Mas eles não
competem no Brasil como nós",
argumentou Demel.
Antes dos cortes, trabalhavam
16 mil pessoas na fábrica de Anchieta, sendo 12 mil operários dedicados à produção. A fábrica está
sendo reestruturada.
Demel diz que quando a reforma estiver pronta, e parte da atual
produção migrar para outras fábricas. serão necessários sete mil
operários para a produção do novo Polo em Anchieta.
Ou seja, mesmo com os cortes
anunciados ainda haverá um excesso de dois mil operários em relação ao número ideal de trabalhadores, segundo a Volks.
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