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INFRA-ESTRUTURA
Proposta de limite mínimo de 30% para investimento das empresas deve acelerar tramitação de projeto no Senado
Governo aceita piso para setor privado na PPP
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério da Fazenda manifestou apoio à proposta de fixar
um limite mínimo de 30% de capital próprio para a iniciativa privada investir nas PPPs (Parcerias
Público-Privadas). A definição de
um limite era um dos principais
pontos de atrito entre governo e
senadores na tramitação do projeto que institui as parcerias.
Com o avanço nas negociações,
a expectativa é que o relatório das
PPPs seja votado na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) na
próxima terça-feira. O projeto seria submetido à CCJ (Comissão
de Constituição e Justiça) em seguida, ficando pendente a votação
no plenário do Senado.
A proposta de estabelecer um
piso de 30% para o setor privado
foi apresentada pelo líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), durante audiência
pública que contou com a participação do secretário do Tesouro
Nacional, Joaquim Levy.
"A proposta que o senador nos
traz é excelente", afirmou o secretário aos senadores. O dispositivo
impedirá que empresas totalmente financiadas pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social) possam participar das PPPs.
De acordo com o senador Tasso
Jereissati (PSDB-CE), se não houver limite mínimo, as empresas
não entrarão com o capital, não
correrão riscos e, portanto, não se
esforçarão para que o empreendimento tenha melhor eficiência.
"Sem um limite, a probabilidade de promiscuidade entre o público e o privado é gigantesca",
afirmou o senador tucano, que é
um dos principais opositores da
proposta das PPPs. "É preciso haver capital privado para estabelecer o sentido do instrumento que
é a parceria propriamente dita",
acrescenta Mercadante.
Ao longo das negociações, o Ministério do Planejamento vinha se
opondo a impor restrições à participação do banco estatal como
financiador. Na avaliação de Jereissati e de Mercadante, os fundos de pensão patrocinados por
empresas estatais não precisarão
cumprir o limite de 30%.
Embora sejam entidades privadas, esses fundos têm ligação
muito estreita com o setor público, já que recebem recursos de estatais e têm diretores indicados
pelo governo.
Na audiência, os senadores
também mostraram preocupação
sobre a forma de contabilizar os
gastos com as parcerias. Para
Levy, a parceria é um compromisso futuro assumido pelos entes
públicos e não pode ser considerada uma dívida.
Os senadores fazem questão de
que o negócio seja registrado previamente como compromisso do
parceiro público para evitar a formação de dívidas futuras.
Tramitação
O projeto das PPPs foi enviado
pelo governo ao Congresso em
novembro do ano passado. O texto foi aprovado em março pela
Câmara dos Deputados e, desde
então, se arrasta no Senado. Diante das resistências, o governo vem
negociando mudanças, desde julho. Com as alterações, o texto retornará à Câmara.
Uma das alterações já negociadas limita os gastos do setor público com as parcerias em 1% da
receita líquida de União, Estados e
municípios.
Hoje, o relator do projeto, senador Valdir Raupp (PMDB-RO), se
reunirá com técnicos do governo
para fechar esboço do texto a ser
votado.
Amanhã, os líderes dos partidos
no Senado se encontrarão para
definir uma estratégia de votação.
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