São Paulo, quinta-feira, 10 de novembro de 2005

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Eleições afetam expansão em 2006

LEILA SUWWAN
DE NOVA YORK

Analistas dos grandes bancos norte-americanos -JP Morgan, Goldman Sachs e Lehman Brothers- projetaram ontem cenários de crescimento do PIB brasileiro em 2006 que variam de 3% a 3,9% , afetados principalmente por entraves políticos de ano eleitoral, efeitos do desgaste dos escândalos de corrupção e pelo risco de desaceleração mundial.
Apesar de considerarem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva um candidato forte à reeleição, avaliaram que seu enfraquecimento político garantiria apenas uma continuidade da política macroeconômica, insuficiente para diminuir a vulnerabilidade do país e alavancar a economia.
Nessa linha, Lisa Schineller, diretora da agência de risco Standard & Poors, considera difícil estimar "em anos" a possibilidade de o Brasil avançar para o "investment grade" ("nota" dada a investimentos considerados seguros). Anteontem, a agência deu sinalização positiva à nota de risco, usada para medir o risco de calote de títulos da dívida brasileira.
"Outros países com o mesmo perfil institucional e de risco tem vulnerabilidades interna ou externa menores. O Brasil precisa reduzir as duas e não vemos o período eleitoral como momento propício para para mudanças estruturais", disse Schineller.
As avaliações foram feitas ontem em seminário sobre as eleições da Câmara de Comércio Brasil Estados Unidos.
"A questão é que a expectativa já está baixa. Não podemos esquecer que a Asia é uma Ferrari e o Brasil está andando como um Fusca", disse Paulo Leme, da Goldman Sachs. Ele estima expansão de até 3% para 2006 e prevê vitória do PSDB para a presidência com dois terços dos votos.
Para Drausio Giacomelli, do JP Morgan, o Brasil pegou carona em "ventos favoráveis", isto é, um ciclo positivo prolongado, mas isso vai mudar no próximo ano. Ele considerou, porém, que o país está bem calçado, com cerca de US$ 50 bilhões em reservas, e fechou veredito para crescimento de 3,5% em 2006.
Os analistas também demonstraram conforto com a possibilidade das candidaturas tucanas de José Serra ou Geraldo Alckmin ao Planalto.
O brasilianista Albert Fishlow, da Universidade Columbia, podou os elogios à tecnocracia de Serra, lembrando que, possivelmente, ele teria menos compromisso com a meta de inflação em nome do crescimento.
Apenas John Welch, da Lehman Brothers, considerou os escândalos de corrupção uma "dádiva oculta" que vai forçar o PT a forjar alianças concretas com sua base. Ele projetou o crescimento de 3,9% para o próximo ano.


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