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Eleições afetam expansão em 2006
LEILA SUWWAN
DE NOVA YORK
Analistas dos grandes bancos
norte-americanos -JP Morgan,
Goldman Sachs e Lehman Brothers- projetaram ontem cenários de crescimento do PIB brasileiro em 2006 que variam de 3% a
3,9% , afetados principalmente
por entraves políticos de ano eleitoral, efeitos do desgaste dos escândalos de corrupção e pelo risco de desaceleração mundial.
Apesar de considerarem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
um candidato forte à reeleição,
avaliaram que seu enfraquecimento político garantiria apenas
uma continuidade da política macroeconômica, insuficiente para
diminuir a vulnerabilidade do
país e alavancar a economia.
Nessa linha, Lisa Schineller, diretora da agência de risco Standard & Poors, considera difícil estimar "em anos" a possibilidade
de o Brasil avançar para o "investment grade" ("nota" dada a investimentos considerados seguros).
Anteontem, a agência deu sinalização positiva à nota de risco, usada para medir o risco de calote de
títulos da dívida brasileira.
"Outros países com o mesmo
perfil institucional e de risco tem
vulnerabilidades interna ou externa menores. O Brasil precisa reduzir as duas e não vemos o período eleitoral como momento
propício para para mudanças estruturais", disse Schineller.
As avaliações foram feitas ontem em seminário sobre as eleições da Câmara de Comércio Brasil Estados Unidos.
"A questão é que a expectativa
já está baixa. Não podemos esquecer que a Asia é uma Ferrari e
o Brasil está andando como um
Fusca", disse Paulo Leme, da
Goldman Sachs. Ele estima expansão de até 3% para 2006 e prevê vitória do PSDB para a presidência com dois terços dos votos.
Para Drausio Giacomelli, do JP
Morgan, o Brasil pegou carona
em "ventos favoráveis", isto é, um
ciclo positivo prolongado, mas isso vai mudar no próximo ano. Ele
considerou, porém, que o país está bem calçado, com cerca de
US$ 50 bilhões em reservas, e fechou veredito para crescimento
de 3,5% em 2006.
Os analistas também demonstraram conforto com a possibilidade das candidaturas tucanas de
José Serra ou Geraldo Alckmin ao
Planalto.
O brasilianista Albert Fishlow,
da Universidade Columbia, podou os elogios à tecnocracia de
Serra, lembrando que, possivelmente, ele teria menos compromisso com a meta de inflação em
nome do crescimento.
Apenas John Welch, da Lehman
Brothers, considerou os escândalos de corrupção uma "dádiva
oculta" que vai forçar o PT a forjar
alianças concretas com sua base.
Ele projetou o crescimento de
3,9% para o próximo ano.
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