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TRIBUTOS
Intenção é incluir parcelamento na MP da "Super-Receita", que o governo precisa aprovar até o final da próxima semana
Empresas fazem lobby para parcelar dívida
GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em meio às dificuldades enfrentadas pelo governo para aprovar a
medida provisória que criou a
chamada "Super-Receita", o
lobby empresarial articula para
incluir no texto da MP um parcelamento geral das dívidas tributárias e previdenciárias das pessoas
jurídicas -o terceiro desde 2000.
No Congresso, a pressão vem
acompanhada de um argumento
poderoso: o benefício poderia
vencer as resistências dos principais partidos de oposição -PFL e
PSDB- à MP, que deixará de vigorar se não for aprovada até o final da próxima semana.
Somente ontem, depois de dois
dias de sessões, a Câmara dos Deputados concluiu a votação da
medida provisória, que unifica as
estruturas de fiscalização e arrecadação dos ministérios da Fazenda
e da Previdência Social. O texto-base foi aprovado às 23h50 de anteontem, e a votação das propostas de modificação só acabou às
21h30 de ontem.
Apenas uma alteração foi aprovada, com apoio até do governo: a
retirada do texto de um artigo que
suspendia os processos relativos a
crimes tributários quando os contribuintes aderissem a programas
de refinanciamento. O relator da
MP, Pedro Novais (PMDB-MA),
disse que o governo, após ter incluído o artigo no texto, concluiu
que a regra já constava da lei que
criou, em 2003, o mais recente
programa de parcelamento.
A aprovação da medida na Câmara, resultado de uma operação
governista para unificar sua base,
não chegou a ser uma grande vitória, porque os oposicionistas
conseguiram retardar a conclusão
da votação -e tempo é o maior
problema do governo.
Na melhor das hipóteses, a medida só poderá ser votada pelo Senado na próxima quarta-feira,
com quórum difícil em razão do
feriado de terça-feira. Sem um
acordo com a oposição, a votação
pode se arrastar.
Foi nesse cenário que ressurgiu
com força o lobby pelo parcelamento das dívidas das empresas
com o fisco, que já havia sido rejeitado pelo governo na recente
negociação da "MP do Bem", medida provisória que concedeu benefícios tributários a algumas dezenas de setores e operações.
A proposta foi levada ontem ao
presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), pelo presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), deputado
Armando Monteiro (PTB-PE).
Calheiros disse a Monteiro que a
alteração poderá facilitar a aprovação da MP. Mais tarde, o empresário discutiu o tema com o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP).
Parcelamentos
"Vou levar o assunto ao governo, mas tenho resistência à proposta e imagino que o governo
também terá. Também é preciso
saber se esse é um pleito do PSDB
e do PFL", disse Mercadante.
O argumento dos empresários
pelo parcelamento é que o mesmo benefício foi dado aos municípios e aos Estados. Os primeiros
ganharam prazo de 240 meses para pagar suas dívidas com a Previdência na "MP do Bem", e os segundos tiveram o mesmo tratamento na MP da "Super-Receita".
Em 2000, o Refis (Programa de
Recuperação Fiscal) permitiu
parcelar as dívidas das empresas
com a Receita e o INSS em até 60
meses. Em 2003, o Paes (Parcelamento Especial), conhecido como
Refis 2, deu prazo de 180 meses.
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