São Paulo, sexta-feira, 10 de novembro de 2006

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Mercado Aberto

@ - Guilherme Barros

Juro menor não é suficiente para elevar PIB

Mesmo se a taxa básica de juros da economia continuar em queda, o país não deve crescer a taxas médias acima de 4% nos próximos anos, como pretende o governo. Os empresários não investirão e tampouco o país crescerá em razão apenas da Selic. O melhor exemplo disso foi a redução de 1,4% da produção industrial em setembro deste ano em relação a agosto. A Selic cai há 14 meses e a indústria não reagiu.
O pior cenário, no entanto, acontecerá se o governo tentar acelerar o crescimento por meio de uma redução mais forte de juro. O país poderá até crescer de forma mais acelerada durante um ou dois anos, mas logo depois a conta será cobrada. A taxa de crescimento cai substancialmente, e a inflação reaparece com toda a força.
O economista Antônio Carlos Porto Gonçalves, da Fundação Getulio Vargas, fez as contas dos dois cenários, o básico e o alternativo. No primeiro, ele prevê um ritmo mais lento da queda do juro. O país cresce a taxas de 3,5% entre 2007 e 2009 e depois salta para 4% em 2010. A inflação fica em torno de 4,5%.
Já no cenário alternativo, o economista prevê uma queda mais acentuada da Selic. Em 2007 e 2008, o país cresce 4,5% e 4,2%, mas logo depois a taxa despenca para 1,5% em 2009 e 1% em 2010. A inflação sobe para 6,5% em 2007 e 2008.
Para Porto Gonçalves, o problema básico do baixo crescimento é a falta de incentivo do empresário para investir no país, além do juro. A carga tributária é elevada, os gastos públicos também, há muitas indefinições regulatórias e ambientais e o governo investe pouco, entre outras razões. Enquanto nos últimos anos o Brasil investiu entre 15% e 20% do PIB, a China investe 44%.
"O empresário não investe em madeira mamoré em Rondônia não porque o juro é alto, e sim por problemas ambientais", diz Porto Gonçalves.
Enquanto o governo não priorizar as reformas estruturais, principalmente a previdenciária, o economista acha que o país não terá como crescer acima de 3,5%, ainda que com juros menores. Ele só espera que Lula esteja consciente disso e não tente impor uma queda mais rápida do juro.

SUPERLANCE
Com uma arrecadação de US$ 491 milhões (mais de R$ 1 bilhão), a Christie's realizou, anteontem, em Nova York, o maior maior leilão de arte da história. Com obras impressionistas e modernas, o destaque foi para o "Retrato de Adele Bloch-Bauer 2", do austríaco Gustav Klimt, arrematado por US$ 87,9 milhões (R$ 188,5 milhões), o maior valor já alcançado por um trabalho do artista.

CHAMA O SÍNDICO
A filial brasileira da Cushman & Wakefield, empresa americana que oferece serviços de gerenciamento imobiliário, parte para um novo negócio. Ela acaba de fechar contrato com um shopping, cujo nome não pode ser revelado, para prestar todo tipo de administração, desde segurança até limpeza e paisagismo. "Estamos prospectando outros shoppings porque eles têm uma tendência de profissionalização e devem receber cada vez mais investimentos estrangeiros", diz Celina Antunes, CEO da C&WS para a América do Sul. Outra investida recente da empresa foi a entrada no segmento industrial. Para atender esse setor, ela contratou 240 novos funcionários -até o final do ano, serão mais 60.

CABO-DE-GUERRA
No fim da semana, o Santander Banespa encerra a postagem de 860 mil kits para servidores estaduais de São Paulo, que receberão um pacote de oferta com isenção de tarifas, crédito mais barato e certificado de garantia de salário. É mais uma ação na disputa pelo servidor paulista. Com as novas regras do CMN (Conselho Monetário Nacional), que obrigaram os bancos a abrir conta salário para os trabalhadores, a partir de janeiro, esses clientes têm agora liberdade para escolher seu banco.

PUBLICIDADE SEGURA
A Mapfre Seguros, uma das maiores seguradoras da Espanha, com faturamento global de 7,1 bilhões no primeiro semestre de 2006 e patrimônio líquido de 3,5 bilhões, acaba de contratar a QG Propaganda, de Paulo Zoéga e Sérgio Lopes, para cuidar de sua imagem no país. A verba de marketing está estimada em R$ 6 milhões até o fim do ano.

DE OLHO
O Brasil receberá, entre os dias 21 e 24, um comitê de parlamentares britânicos que irão mapear as condições do país para as empresas da Inglaterra que desejam atuar aqui.

GUERRA FRIA
A AmBev entrou com um pedido de agravo contra a decisão que indeferiu a liminar em que pedia que fosse modificado o rótulo da cerveja Sol, recém-lançada pela Femsa. O pedido de liminar deverá ser apreciado hoje pelo relator.

TELECASAMENTO
A Claro e a Embratel firmaram acordo para fazer oferta casada de serviços de telefonia fixa e móvel. A parceria prevê a atuação conjunta das duas forças de venda para a captação de clientes corporativos, disponibilizando serviços integrados. O projeto-piloto, batizado de VIP Único, está em andamento em São Paulo. O produto permite integração da telefonia fixa com a móvel com redução dos custos.

HOSPITALAR
Localizado no Rio, o novo Hospital das Américas, que tem previsão de inauguração para 2009, já teve vendidos 75% dos seus consultórios -270 unidades. O empreendimento, que teve investimentos de R$ 180 milhões do Grupo Fator, Amil e DixAmico, reunirá maternidade, diagnósticos, emergência, cirurgias e consultórios. O complexo é a terceira unidade da rede Alfa.


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