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AMBIENTE
Cidades de Jundiaí e Franca (em SP) destinam a produção total para a agricultura; produto é rico em nutrientes
Lodo de esgoto é usado como fertilizante
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
A utilização do lodo de esgoto
como fertilizante já é uma solução
viável para produtores que desejam reduzir custos com a compra
de adubo convencional.
A técnica é aplicada nos EUA,
no Canadá e na Europa desde a
década de 50. No Brasil, está em
utilização há menos de dez anos.
O motivo, segundo a Embrapa
(Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária) Meio Ambiente, é
que apenas recentemente as estações de tratamento de água e esgoto brasileiras dispõem da tecnologia para reciclar os resíduos.
O lodo é um subproduto do tratamento de água e detritos urbanos.
Antes de chegar às mãos dos
produtores, o material passa por
um processo de decantação e depuração que dura cerca de 90 dias.
Ao final, o produto resultante é de
constituição sólida sem o mau
cheiro característico do lodo e
com teor dentro do padrão aceitável de microrganismos nocivos,
como salmonelas.
Jundiaí e Franca, no Estado de
São Paulo, já destinam todo o lodo produzido por suas estações
de tratamento para a agricultura.
Dados da Embrapa indicam que
as duas cidades produzem 250 e
50 toneladas por dia, respectivamente, e oferecem gratuitamente
o material e a assistência técnica
para os produtores cadastrados.
De acordo com a Opersan, empresa terceirizada responsável pelo beneficiamento do lodo da
companhia de tratamento de Jundiaí, os critérios para a admissão
no programa são: ter área de plantio acima de 100 ha, não ser produtor de hortaliças ou tubérculos,
possuir 100% da operação de fertilização mecanizada e estar num
raio de até 120 km da área de produção.
"Acima dessa distância, o transporte não é viável economicamente", afirma Fernando Carvalho Oliveira, diretor técnico da
Opersan.
No caso de São Paulo, o lodo
produzido na cidade, ainda que
tratado, não pode ser usado na
agricultura. Como o esgoto doméstico chega às estações misturado ao esgoto industrial, o lodo
contém metais pesados.
Aplicação
Segundo Wagner Bettiol, coordenador do projeto da Embrapa
Meio Ambiente, o processo de
aplicação do lodo de esgoto é semelhante ao de um adubo convencional. A dosagem recomendada é de três a seis toneladas por
hectare -o cálculo é feito com
base no teor de nitrogênio.
O biossólido -outra denominação do lodo- é rico em nutrientes necessários para as lavouras, como fósforo e nitrogênio.
Por isso, dados preliminares mostram que o lodo consegue aumentar a produtividade de algumas
culturas, como a do milho. Outra
vantagem é que, por ser rico em
matéria orgânica, o lodo melhora
a qualidade do solo e, em lavouras
de feijão, reduz a quantidade de
fungos causadores de pragas.
Porém o lodo não deve ser usado em hortaliças e tubérculos,
pois as culturas ficam muito expostas à área de aplicação.
Especialistas advertem que o lodo não substitui o adubo convencional. "Os dois são usados simultaneamente. A vantagem é que se
consegue reduzir a quantidade de
adubo mineral sem diminuir a
produtividade", diz Oliveira.
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