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TRANSGÊNICOS
Agricultores temem a cobrança de royalties
Maioria dos produtores de soja do RS não assina termo de compromisso
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
Apenas 33 mil dos 150 mil produtores de soja do Rio Grande do
Sul haviam assinado, até ontem, o
termo de compromisso de plantio
de soja transgênica. O prazo para
assinatura do documento terminou ontem.
A baixa adesão, segundo a Folha apurou, teria sido provocada
pela ameaça de cobrança de royalties pela Monsanto, detentora
da patente da soja geneticamente
modificada, sobre a safra atual. As
empresas do complexo soja (que
compram o grão do produtor) e
as cooperativas do Rio Grande do
Sul já receberam notificação extrajudicial da Monsanto de que a
cobrança será feita.
A empresa tem duas propostas
para cobrança dos royalties, apresentadas em reunião realizada no
mês passado com a assessoria técnica da bancada do PT na Câmara
dos Deputados. Uma delas é cobrar R$ 65 por hectare plantado.
A outra opção -preferida pela
Monsanto- é a cobrança de R$
25 por tonelada colhida.
Já os produtores só aceitam discutir o pagamento de royalties
que incidam sobre as sementes.
Nesse caso, a safra 2003-2004, legalizada pela medida provisória
131, ficaria isenta. As sementes
usadas são grãos colhidos na última safra ou foram contrabandeadas da Argentina.
O presidente da Farsul (Federação da Agricultura do Rio Grande
do Sul), Carlos Sperotto, diz que
os produtores só vão discutir o
pagamento de royalties depois
que a MP 131 for sancionada. Segundo ele, a proposta da Monsanto não agradou ao setor. "Há sensibilidade, entre os agricultores,
de que a atividade de pesquisa
tem de ser remunerada", disse.
No entanto, os produtores discordam das formas de cobrança
propostas pela Monsanto. "Os royalties devem incidir sobre a semente, não sobre o produto", diz
Rui Polidoro Pinto, presidente da
Federação das Cooperativas
Agropecuárias do RS.
O presidente da Monsanto, Rick
Grenbel, disse à Folha que a empresa quer negociar a forma de remunerar a tecnologia desenvolvida por ela. Mas se recusou a falar
em valores ou formas de cobrança
de royalties.
"A semente geneticamente modificada incrementa em no mínimo R$ 200 por hectare a produtividade. Merecemos ser remunerados pela tecnologia que desenvolvemos, gastando centenas de
milhões de dólares", disse.
Segundo a assessoria técnica da
bancada do PT, uma vez sancionada a medida provisória, a cobrança dos royalties seria facilitada pela assinatura, pelos agricultores, do termo de compromisso
de plantio de soja transgênica. No
documento, o produtor especifica
qual é a área plantada e assume
que usou a semente modificada.
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