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São Paulo, quarta-feira, 10 de dezembro de 2003

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TRANSGÊNICOS

Agricultores temem a cobrança de royalties

Maioria dos produtores de soja do RS não assina termo de compromisso

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

Apenas 33 mil dos 150 mil produtores de soja do Rio Grande do Sul haviam assinado, até ontem, o termo de compromisso de plantio de soja transgênica. O prazo para assinatura do documento terminou ontem.
A baixa adesão, segundo a Folha apurou, teria sido provocada pela ameaça de cobrança de royalties pela Monsanto, detentora da patente da soja geneticamente modificada, sobre a safra atual. As empresas do complexo soja (que compram o grão do produtor) e as cooperativas do Rio Grande do Sul já receberam notificação extrajudicial da Monsanto de que a cobrança será feita.
A empresa tem duas propostas para cobrança dos royalties, apresentadas em reunião realizada no mês passado com a assessoria técnica da bancada do PT na Câmara dos Deputados. Uma delas é cobrar R$ 65 por hectare plantado. A outra opção -preferida pela Monsanto- é a cobrança de R$ 25 por tonelada colhida.
Já os produtores só aceitam discutir o pagamento de royalties que incidam sobre as sementes. Nesse caso, a safra 2003-2004, legalizada pela medida provisória 131, ficaria isenta. As sementes usadas são grãos colhidos na última safra ou foram contrabandeadas da Argentina.
O presidente da Farsul (Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul), Carlos Sperotto, diz que os produtores só vão discutir o pagamento de royalties depois que a MP 131 for sancionada. Segundo ele, a proposta da Monsanto não agradou ao setor. "Há sensibilidade, entre os agricultores, de que a atividade de pesquisa tem de ser remunerada", disse.
No entanto, os produtores discordam das formas de cobrança propostas pela Monsanto. "Os royalties devem incidir sobre a semente, não sobre o produto", diz Rui Polidoro Pinto, presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do RS.
O presidente da Monsanto, Rick Grenbel, disse à Folha que a empresa quer negociar a forma de remunerar a tecnologia desenvolvida por ela. Mas se recusou a falar em valores ou formas de cobrança de royalties.
"A semente geneticamente modificada incrementa em no mínimo R$ 200 por hectare a produtividade. Merecemos ser remunerados pela tecnologia que desenvolvemos, gastando centenas de milhões de dólares", disse.
Segundo a assessoria técnica da bancada do PT, uma vez sancionada a medida provisória, a cobrança dos royalties seria facilitada pela assinatura, pelos agricultores, do termo de compromisso de plantio de soja transgênica. No documento, o produtor especifica qual é a área plantada e assume que usou a semente modificada.


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