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São Paulo, quarta-feira, 10 de dezembro de 2003

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GX ganha atestado de "maioridade"

DO COLUNISTA DA FOLHA

A iminência do novo fracasso certamente será um dos pratos fortes do encontro de amanhã, em Brasília, entre os ministros do GX, o grupo de países em desenvolvimento criado para Cancún e que pede a redução do protecionismo agrícola dos ricos.
Já confirmaram presença 14 ministros, fora representantes de menor hierarquia, em um grupo que começou com 16 países, chegou a 22 em Cancún, emagreceu depois (por pressão norte-americana) e agora tem 19 membros.
Na sexta-feira, o GX reúne-se com Pascal Lamy, o comissário europeu para Comércio.
Nas reuniões, o objetivo é dar alento à Rodada Doha, mas, como em Genebra, a chance de dissolver impasses é pequena.
Demonstra-o o fato de que a Europa apresentou um documento de reflexão sobre o fracasso de Cancún, em que se diz disposta a alterar suas posições. Mas a avaliação do embaixador brasileiro Clodoaldo Hugueney é sintomática: "O texto só piora as coisas, porque, em agricultura, não tem nenhuma abertura adicional, mas aumenta a fatura para os países em desenvolvimento nas áreas de serviços e bens industriais".
De todo modo, a reunião de Brasília acaba sendo uma espécie de atestado de maioridade para o GX, cuja sobrevivência pós-Cancún foi colocada em dúvida, principalmente pelos europeus.
O comissário para a Agricultura, Franz Fischler, cansou-se de dizer que eram inconciliáveis as posições do Brasil, agressivamente favorável à abertura agrícola, e da Índia, muito defensiva.
A contradição é real e estará de novo à mesa nas reuniões de Brasília, como admite Hugueney. Mas ele também festeja a maioridade do GX: "É um novo ator hoje reconhecido na imprensa mundial como o fato novo nas negociações comerciais".
Imprensa mundial talvez seja exagero, mas, em dois dos grandes parceiros no grupo (Índia e África do Sul), a mídia trata o GX como fundamental para retomar as negociações na OMC. (CR)


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