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GX ganha atestado de "maioridade"
DO COLUNISTA DA FOLHA
A iminência do novo fracasso
certamente será um dos pratos
fortes do encontro de amanhã,
em Brasília, entre os ministros do
GX, o grupo de países em desenvolvimento criado para Cancún e
que pede a redução do protecionismo agrícola dos ricos.
Já confirmaram presença 14 ministros, fora representantes de
menor hierarquia, em um grupo
que começou com 16 países, chegou a 22 em Cancún, emagreceu
depois (por pressão norte-americana) e agora tem 19 membros.
Na sexta-feira, o GX reúne-se
com Pascal Lamy, o comissário
europeu para Comércio.
Nas reuniões, o objetivo é dar
alento à Rodada Doha, mas, como
em Genebra, a chance de dissolver impasses é pequena.
Demonstra-o o fato de que a Europa apresentou um documento
de reflexão sobre o fracasso de
Cancún, em que se diz disposta a
alterar suas posições. Mas a avaliação do embaixador brasileiro
Clodoaldo Hugueney é sintomática: "O texto só piora as coisas,
porque, em agricultura, não tem
nenhuma abertura adicional, mas
aumenta a fatura para os países
em desenvolvimento nas áreas de
serviços e bens industriais".
De todo modo, a reunião de
Brasília acaba sendo uma espécie
de atestado de maioridade para o
GX, cuja sobrevivência pós-Cancún foi colocada em dúvida, principalmente pelos europeus.
O comissário para a Agricultura, Franz Fischler, cansou-se de
dizer que eram inconciliáveis as
posições do Brasil, agressivamente favorável à abertura agrícola, e
da Índia, muito defensiva.
A contradição é real e estará de
novo à mesa nas reuniões de Brasília, como admite Hugueney.
Mas ele também festeja a maioridade do GX: "É um novo ator hoje
reconhecido na imprensa mundial como o fato novo nas negociações comerciais".
Imprensa mundial talvez seja
exagero, mas, em dois dos grandes parceiros no grupo (Índia e
África do Sul), a mídia trata o GX
como fundamental para retomar
as negociações na OMC.
(CR)
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