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Preservação vem desde os tempos da Coroa, diz Embrapa
DA REDAÇÃO
O Brasil ainda tem 4,378 milhões de quilômetros quadrados -mais da metade do seu
território- de florestas primárias, área equivalente a 28,3%
do que resta no mundo. A Europa, a região que mais devastou,
mantém apenas 14 mil km2,
0,1% dos 15,5 milhões de km2
ainda existentes no mundo.
Os dados fazem parte de um
estudo feito pela Embrapa Monitoramento por Satélite que
tomou como ponto de partida o
período de 8.000 atrás. Evaristo de Miranda, da Embrapa, diz
que foi escolhido esse período
por ser a base dos sistemas florestais existentes.
Um dos pontos críticos foi o
período de 1850, época da independência dos países americanos. Houve grande desmatamento no leste dos EUA, expansão da cana-de-açúcar em
várias áreas e crescimento populacional na Europa, China,
Índia, Rússia e Japão e no Sudeste Asiático, diz Miranda.
A Revolução Industrial e a
chegada dos trens também foram decisivos para a redução
das florestas. "A partir desse
período, há um baque gigante
pela frente", diz Miranda.
O Brasil fica fora dessa febre
de devastação e os dados mais
pessimistas indicam perda de
30 mil km2 no período.
A conservação florestal no
Brasil se deve à escassez de florestas e de água em Portugal, o
que fez a Coroa estabelecer regras e limites de exploração.
Em 1550, já havia uma lista
de árvores protegidas por lei, o
que deu origem à expressão
"madeira de lei", e as áreas de
pau-brasil não podiam ser utilizadas para agricultura. O Regulamento do Pau-Brasil, de
1600, dizia que quem explorasse mais de 10% de pau-brasil da
área de concessão era chicoteado. Se o percentual subisse para 20%, o detentor da área era
deportado para a África. Acima
de 30%, era executado (ocorreram três execuções).
Miranda diz que "o desmatamento no país é fenômeno do
século 20". De 1985 a 1995, a
floresta atlântica perdeu 1 milhão de hectares -mais do que
foi desmatado no período da
Coroa. A ocupação da Amazônia ocorreu a partir da metade
do século 20, devido à construção de estradas de rodagem, hidrelétricas e outras obras de infra-estrutura, diz Miranda.
Há 30 anos, as taxas anuais
de desmatamento na Amazônia têm variado de 15 mil a 20
mil km2. Nos últimos dois anos,
essa média caiu para 11 mil km2
por ano, segundo estimativas
do Inpe.
(MZ)
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