São Paulo, domingo, 10 de dezembro de 2006

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Preservação vem desde os tempos da Coroa, diz Embrapa

DA REDAÇÃO

O Brasil ainda tem 4,378 milhões de quilômetros quadrados -mais da metade do seu território- de florestas primárias, área equivalente a 28,3% do que resta no mundo. A Europa, a região que mais devastou, mantém apenas 14 mil km2, 0,1% dos 15,5 milhões de km2 ainda existentes no mundo.
Os dados fazem parte de um estudo feito pela Embrapa Monitoramento por Satélite que tomou como ponto de partida o período de 8.000 atrás. Evaristo de Miranda, da Embrapa, diz que foi escolhido esse período por ser a base dos sistemas florestais existentes.
Um dos pontos críticos foi o período de 1850, época da independência dos países americanos. Houve grande desmatamento no leste dos EUA, expansão da cana-de-açúcar em várias áreas e crescimento populacional na Europa, China, Índia, Rússia e Japão e no Sudeste Asiático, diz Miranda.
A Revolução Industrial e a chegada dos trens também foram decisivos para a redução das florestas. "A partir desse período, há um baque gigante pela frente", diz Miranda.
O Brasil fica fora dessa febre de devastação e os dados mais pessimistas indicam perda de 30 mil km2 no período.
A conservação florestal no Brasil se deve à escassez de florestas e de água em Portugal, o que fez a Coroa estabelecer regras e limites de exploração.
Em 1550, já havia uma lista de árvores protegidas por lei, o que deu origem à expressão "madeira de lei", e as áreas de pau-brasil não podiam ser utilizadas para agricultura. O Regulamento do Pau-Brasil, de 1600, dizia que quem explorasse mais de 10% de pau-brasil da área de concessão era chicoteado. Se o percentual subisse para 20%, o detentor da área era deportado para a África. Acima de 30%, era executado (ocorreram três execuções).
Miranda diz que "o desmatamento no país é fenômeno do século 20". De 1985 a 1995, a floresta atlântica perdeu 1 milhão de hectares -mais do que foi desmatado no período da Coroa. A ocupação da Amazônia ocorreu a partir da metade do século 20, devido à construção de estradas de rodagem, hidrelétricas e outras obras de infra-estrutura, diz Miranda.
Há 30 anos, as taxas anuais de desmatamento na Amazônia têm variado de 15 mil a 20 mil km2. Nos últimos dois anos, essa média caiu para 11 mil km2 por ano, segundo estimativas do Inpe. (MZ)


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