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Governo pretende investir R$ 140 bi em plano de energia
Para acelerar crescimento do país, ministério quer apressar as licenças ambientais em áreas com potencial hidráulico
Projeto deve criar polêmica com Ministério do Meio Ambiente, já que boa parte do potencial de geração de energia está na Amazônia
HUMBERTO MEDINA
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O programa do Ministério de
Minas e Energia para tentar
destravar o crescimento do
país, encomendado pelo presidente Lula, prevê investimentos de R$ 140 bilhões até 2016.
Para agilizar a aplicação de parte desses recursos, ele incluirá a
proposta de um projeto de lei
polêmico criando as Reservas
Estratégicas dos Potenciais de
Energia Hidráulica.
Terras situadas nessas áreas
seriam destinadas preferencialmente à exploração de
energia elétrica, acelerando a
liberação de licenças ambientais para início de obras.
Facilitaria ainda a implantação de linhas de transmissão, já
que, em alguns casos, projetos
de usinas hidrelétricas encontram dificuldades para escoar
energia porque suas linhas precisam contornar áreas de proteção (reservas ambientais ou
indígenas).
O próprio projeto de lei definiria as ações ambientais a serem adotadas para compensar
a exploração das terras para geração de energia.
A proposta deve causar polêmica e resistência principalmente no Ministério do Meio
Ambiente, já que boa parte do
potencial de geração de energia
elétrica está na Amazônia.
A área ambiental do governo
vinha sendo apontada como
um dos entraves ao crescimento do país por supostamente dificultar a liberação de licenças
ambientais de obras públicas.
Dos R$ 140 bilhões previstos
em investimentos no programa
do Ministério de Minas e Energia, R$ 35,8 bilhões seriam em
projetos de geração de energia
hidráulica nos próximos anos.
Segundo a Folha apurou, o
ministério avalia ser importante aprovar as reservas estratégicas porque várias regiões
com potencial de energia elétrica no país, principalmente
na Amazônia, estão dentro ou
cercadas por áreas de proteção.
Isso dificulta a liberação de licenças ambientais.
Resistência
Para tentar contornar as resistências ao projeto, o ministério vai utilizar os seguintes argumentos:
1) 43% do potencial hidrelétrico inexplorado do país está
na região Norte;
2) A área inundada desse potencial hidrelétrico está estimada em 62.567 km2, o que representaria menos de 1% do
território nacional;
3) O país vai precisar aumentar sua capacidade de geração
de energia se quiser crescer a
5%. Até 2010, o consumo de
energia elétrica no país deve
aumentar 31,1%;
4) A energia hidráulica é a
menos poluente e mais barata
entre as disponíveis. Se não for
aumentada, outros tipos, como
gás, terão que ser usados.
BNDES
Pelos cálculos do ministério,
cerca de R$ 76,4 bilhões do programa de investimento viria de
financiamentos, principalmente do BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social).
No caso dos projetos de linhas de transmissão, os recursos previstos, R$ 14 bilhões, seriam totalmente do setor privado. Está prevista no programa a
implantação de 66 linhas.
Em seu cronograma, o ministério também fez a previsão de
investimentos da ordem de
R$ 16,6 bilhões no Plangás (plano para antecipar o aumento da
oferta de gás).
Em gasodutos e terminais de
gás liquefeito, o investimento
seria R$ 11 bilhões. Para refinarias e petroquímicas seriam
destinados R$ 24,4 bilhões.
Entre os projetos listados pelo ministério estará, segundo a
Folha apurou, a usina nuclear
de Angra 3.
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