São Paulo, quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

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Vivendi assume controle da GVT sob risco de processo

Telefônica aguarda fim de investigação da CVM para mover ação contra o grupo francês por perdas e danos na disputa pela GVT

Espanhóis dizem que dariam até R$ 70 por ação pelo controle da tele em leilão cancelado após anúncio da Vivendi, que pagou R$ 56

JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL

A Vivendi assume hoje o controle da operadora brasileira de telefonia GVT. A mudança ocorrerá durante a reunião do conselho de administração, cujos integrantes serão substituídos por nomes indicados pelo grupo francês.
As mudanças devem ocorrer sob tensão porque a compra do controle está sendo investigada pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Além disso, a Telefônica só aguarda o encerramento dos trabalhos da CVM para mover um processo por perdas e danos.
Os espanhóis se sentem lesados porque foram a público para adquirir o controle da GVT oferecendo R$ 50,5 por ação durante um leilão, marcado para 19 de novembro. Foram driblados pela Vivendi, que comprou, de fundos de investimento, ações da GVT que totalizavam 37,9%. Outros 19,6% seriam dados como opção de compra, um tipo de contrato em que o detentor dos papéis garante que transferirá os títulos após determinado período.
Ao anunciar que já possuía o controle (57,5% das ações), em 13 de novembro, a Vivendi pôs fim à disputa com a Telefônica, que só compraria as ações caso pudesse deter o controle da GVT (50% mais uma ação).
O problema é que a CVM não recebeu as informações do fundo Tyrus, que deveria ter informado a autarquia de seu direito de compra dos papéis. Segundo a Vivendi, o Tyrus seria o fundo que repassaria ao grupo francês os 19,6% das ações da GVT. Desse total, apenas 8,477% foram transferidos. O restante até agora não foi repassado.
A suspeita da CVM -que exigiu documentos, e não só declarações ao mercado, do grupo Vivendi- é a de que o Tyrus não possui o direito de compra desses papéis. Se isso for verdade, a Vivendi não estaria com o controle da GVT em 13 de novembro e teria prejudicado a Telefônica.
Com menos de 50% das ações nas mãos, a Vivendi foi ao mercado e adquiriu novos papéis da GVT após 13 de novembro, passando a anunciar efetivamente o controle (desconsiderando as opções de compra) em 3 de dezembro.

Por que processar?
O presidente da Vivendi, Jean-Bernard Lévy, chegou a afirmar que não haveria motivos para que a Telefônica processasse o grupo francês. Não é o que pensam os diretores da matriz espanhola, que só aguardam a apuração da CVM para tomar medida judicial.
Motivos: a Telefônica afirma que pagaria entre R$ 10 e R$ 15 a mais por ação caso seu leilão ocorresse. Isso significaria algo entre R$ 65 e R$ 70 por ação, ante os R$ 56 pagos pela Vivendi aos acionistas da GVT.
Pelos cálculos da Telefônica, a compra da GVT garantiria uma economia de custos da ordem de R$ 2 bilhões ao grupo no Brasil.
Hoje, a Vivo, companhia móvel em que a Telefônica participa com praticamente metade do capital, aluga infraestrutura (rede fixa) da concorrência para sua operação.
Esse custo seria reduzido, se não eliminado, com a rede da GVT fora de São Paulo. A própria Telefônica poderia usar a infraestrutura da GVT em outros Estados.
A Telefónica informa que o preço de partida do leilão seria de R$ 50,5 por ação. O que os acionistas da GVT, especialmente os minoritários, vão exigir da Vivendi hoje é uma explicação convincente de que não houve fraude na compra do controle. Caso isso seja comprovado, a GVT dará início a uma nova fase, mantendo o atual presidente, Amos Genish, no comando.


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