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Vivendi assume controle da GVT sob risco de processo
Telefônica aguarda fim de investigação da CVM para mover ação contra o grupo francês por perdas e danos na disputa pela GVT
Espanhóis dizem que dariam até R$ 70 por ação pelo controle da tele em leilão cancelado após anúncio da Vivendi, que pagou R$ 56
JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL
A Vivendi assume hoje o controle da operadora brasileira de
telefonia GVT. A mudança
ocorrerá durante a reunião do
conselho de administração, cujos integrantes serão substituídos por nomes indicados pelo
grupo francês.
As mudanças devem ocorrer
sob tensão porque a compra do
controle está sendo investigada
pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Além disso, a
Telefônica só aguarda o encerramento dos trabalhos da CVM
para mover um processo por
perdas e danos.
Os espanhóis se sentem lesados porque foram a público para adquirir o controle da GVT
oferecendo R$ 50,5 por ação
durante um leilão, marcado para 19 de novembro. Foram driblados pela Vivendi, que comprou, de fundos de investimento, ações da GVT que totalizavam 37,9%. Outros 19,6% seriam dados como opção de
compra, um tipo de contrato
em que o detentor dos papéis
garante que transferirá os títulos após determinado período.
Ao anunciar que já possuía o
controle (57,5% das ações), em
13 de novembro, a Vivendi pôs
fim à disputa com a Telefônica,
que só compraria as ações caso
pudesse deter o controle da
GVT (50% mais uma ação).
O problema é que a CVM não
recebeu as informações do fundo Tyrus, que deveria ter informado a autarquia de seu direito
de compra dos papéis. Segundo
a Vivendi, o Tyrus seria o fundo
que repassaria ao grupo francês
os 19,6% das ações da GVT.
Desse total, apenas 8,477% foram transferidos. O restante
até agora não foi repassado.
A suspeita da CVM -que exigiu documentos, e não só declarações ao mercado, do grupo
Vivendi- é a de que o Tyrus
não possui o direito de compra
desses papéis. Se isso for verdade, a Vivendi não estaria com o
controle da GVT em 13 de novembro e teria prejudicado a
Telefônica.
Com menos de 50% das
ações nas mãos, a Vivendi foi ao
mercado e adquiriu novos papéis da GVT após 13 de novembro, passando a anunciar efetivamente o controle (desconsiderando as opções de compra)
em 3 de dezembro.
Por que processar?
O presidente da Vivendi,
Jean-Bernard Lévy, chegou a
afirmar que não haveria motivos para que a Telefônica processasse o grupo francês. Não é
o que pensam os diretores da
matriz espanhola, que só
aguardam a apuração da CVM
para tomar medida judicial.
Motivos: a Telefônica afirma
que pagaria entre R$ 10 e R$ 15
a mais por ação caso seu leilão
ocorresse. Isso significaria algo
entre R$ 65 e R$ 70 por ação,
ante os R$ 56 pagos pela Vivendi aos acionistas da GVT.
Pelos cálculos da Telefônica,
a compra da GVT garantiria
uma economia de custos da ordem de R$ 2 bilhões ao grupo
no Brasil.
Hoje, a Vivo, companhia móvel em que a Telefônica participa com praticamente metade
do capital, aluga infraestrutura
(rede fixa) da concorrência para sua operação.
Esse custo seria reduzido, se
não eliminado, com a rede da
GVT fora de São Paulo. A própria Telefônica poderia usar a
infraestrutura da GVT em outros Estados.
A Telefónica informa que o
preço de partida do leilão seria
de R$ 50,5 por ação. O que os
acionistas da GVT, especialmente os minoritários, vão exigir da Vivendi hoje é uma explicação convincente de que não
houve fraude na compra do
controle. Caso isso seja comprovado, a GVT dará início a
uma nova fase, mantendo o
atual presidente, Amos Genish,
no comando.
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