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BC mantém juros, mas sinaliza alta da taxa em 2010
Comitê diz que taxa de 8,75% é adequada "neste momento", o
que foi interpretado por analistas como sinal de elevação futura
Decisão da diretoria do BC
foi unânime; mercado
aguarda alta na Selic no
segundo ou no terceiro
trimestre do ano que vem
EDUARDO CUCOLO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar do forte crescimento
da economia no terceiro trimestre, que será confirmado
hoje com a divulgação dos números do PIB, o Copom (Comitê de Política Monetária do
Banco Central) decidiu manter
a taxa básica de juros inalterada
em 8,75% ao ano. A instituição
começou, no entanto, a preparar o terreno para uma provável alta dos juros em 2010.
A decisão, unânime, já era esperada pelo mercado financeiro, que estava atento não apenas ao resultado da reunião,
mas também ao comunicado
divulgado pelo BC para justificar a manutenção dos juros no
patamar atual.
A taxa básica de juros está no
patamar atual desde julho,
quando o BC reduziu a Selic pela última vez e a colocou no menor nível desde a criação do Copom, em 1996. Desde então, o
discurso oficial da instituição
era que o nível atual dos juros
seria "consistente" com um cenário de recuperação não inflacionária da economia.
Agora, o BC avalia que a economia já trabalha com uma
margem "remanescente" para
crescimento sem inflação.
Além disso, acrescentou que a
taxa de juros é adequada "neste
momento". Essas três novas
palavras são interpretadas pelos economistas como uma
preparação para mudança no
discurso oficial.
Essa foi a última reunião do
BC programada para este ano.
O Copom só volta a se reunir no
final de janeiro para avaliar a
possibilidade de mudanças na
taxa Selic. A expectativa do
mercado financeiro, de acordo
com a pesquisa semanal realizada pelo BC, é que os juros comecem a subir em junho de
2010, às vésperas das eleições,
para terminar o ano em
10,50%. O comitê se reúne a cada 45 dias, aproximadamente,
em oito encontros anuais.
A última vez em que os juros
subiram foi em setembro de
2008, pouco antes da quebra do
banco Lehman Brothers. A piora na crise financeira que se seguiu levou o BC a reduzir a Selic
em cinco pontos percentuais
entre janeiro e julho, de 13,75%
ao ano para o patamar atual.
De acordo com o economista-chefe da Gap Asset Management, Alexandre Maia, o BC deve aumentar os juros entre o
segundo e o terceiro trimestre
do próximo ano, já que há uma
expectativa de aumento da inflação, alimentada também pela piora na política fiscal do governo. Para ele, isso não vai impedir que a economia brasileira
cresça cerca de 5% no próximo
ano, já que os estímulos para a
recuperação do país ainda terão efeito sobre o PIB em 2010.
"Há uma expectativa de aumento de riscos inflacionários,
e a política fiscal também não
ajuda. Ao mesmo tempo, os sinais são que [o BC] vai ser paciente e não vai fazer nenhum
tipo de ajuste iminente nos juros", diz Maia.
Novas pistas sobre o futuro
da taxa de juros devem ser dadas na reunião de janeiro, que
pode ser a última sob a direção
do atual presidente do BC,
Henrique Meirelles. Ele deve
se afastar do cargo em março
para decidir se será ou não candidato a algum cargo eleitoral
em 2010. Meirelles se filiou ao
PMDB neste ano e avalia a possibilidade de ser candidato nas
eleições do próximo ano.
A reunião de ontem foi a primeira com a participação do
novo diretor de Política Monetária, Aldo Mendes, funcionário de carreira do Banco do Brasil que substituiu o ex-diretor
Mário Torós no início do mês.
Torós antecipou sua saída do
cargo, programada para o fim
do ano, após uma entrevista ao
jornal "Valor Econômico", na
qual falou sobre a atuação do
governo durante a crise.
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