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Câmara aprova redução dos royalties da União no pré-sal
Projeto prevê regime de partilha e eleva distribuição de recursos a Estados e municípios
Votação de destaques ainda poderá alterar texto-base, aprovado após acordo feito com o governo; Lula deverá vetar parte das mudanças
LEILA COIMBRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após oito horas de discussão,
o governo conseguiu ontem à
noite aprovar na Câmara o texto-base do projeto que muda o
modelo de exploração de petróleo do pré-sal para partilha (em
vez de concessão) e redistribui
os recursos dos royalties.
O projeto estava pronto para
entrar na pauta do plenário da
Casa desde 11 de novembro,
mas a obstrução da oposição e a
divisão da base aliada vinham
impedindo o seu avanço.
Os deputados ainda vão discutir na próxima semana os
destaques ao texto-base. Um
dos destaques sob análise é o de
Ibsen Pinheiro (PMDB-RS),
que, na prática, modifica todo o
texto principal. Em linhas gerais, o texto tira parte dos royalties da União e divide o restante
entre Estados e municípios por
meio de fundos de participação. O projeto só vai ao Senado
após a votação dos destaques.
Ontem, a oposição desejava
que, antes, fosse colocado em
pauta projeto sobre reajuste a
aposentados. Na base aliada,
por sua vez, a disputa era pela
divisão dos recursos do pré-sal
entre Estados e municípios
produtores ou não de petróleo.
Ontem foi aprovado o texto
do acordo fechado na terça-feira entre os líderes dos partidos
e o governo federal.
Pelo acordo, a União aceitou
abrir mão de parte dos recursos
em favor de Estados e municípios não produtores. Com o
acerto, a União irá perder R$
2,8 bilhões em receita por ano,
segundo cálculos da assessoria
técnica da bancada do PSB.
Mas estimativas no Congresso atribuídas ao Ministério da
Fazenda apontavam para perda maior: de R$ 80 bilhões em
16 anos, média de R$ 5 bilhões
ao ano. Nesses cálculos, até o
ano de 2025 a fatia da União na
divisão dos royalties e da participação especial do petróleo do
pré-sal cairia de R$ 272 bilhões
para R$ 192 bilhões.
A participação dos Estados
não produtores, por sua vez, subiria de R$ 20,8 bilhões no período para R$ 112 bilhões, enquanto a arrecadação dos municípios não produtores aumentaria de R$ 35,7 bilhões para R$ 57,8 bilhões, segundo os
cálculos apresentados.
O projeto aprovado prevê
que os Estados produtores (RJ,
SP e ES) ficarão com 26,25%
dos royalties, e os municípios
produtores, com 18%. As cidades afetadas por operações de
embarque e desembarque receberão 5%. A União ficará com
20%, os municípios não produtores com 8,75% e os Estados
não produtores com 22%.
Contrariando a equipe econômica do governo, o relator do
projeto, deputado Henrique
Eduardo Alves (PMDB-RN),
pôs no texto uma redução da fatia da participação especial (espécie de royalty extra) destinada à União, distribuindo os valores entre Estados e municípios não produtores. A União
passa de 50% para 35% dessa
participação -desses 15 pontos, os Estados não produtores
ficarão com 10 e, os municípios
não produtores, com 5 pontos.
Apesar do acordo (que gera
perda de receita para a União),
a equipe econômica vai sugerir
ao presidente Lula que vete
modificações na chamada participação especial dos campos
já licitados do pré-sal, tributo
cobrado sobre a renda líquida
da exploração de petróleo.
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