São Paulo, quinta, 10 de dezembro de 1998

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EMPRESAS
Instituição quer saber se venda para J.C. Penney foi concluída; minoritários reclamam de preço oferecido
Bolsa suspende de novo ações da Renner



RICARDO GRINBAUM
da Reportagem Local

A Bolsa de Valores de São Paulo suspendeu novamente, ontem, os negócios com as ações das Lojas Renner, cobrando mais informações sobre a venda da empresa para o grupo norte-americano J.C. Penney, anunciada na terça-feira. Na segunda-feira os negócios também estiveram suspensos, devido ao anúncio que seria feito.
Em carta enviada aos diretores da Renner, a Bovespa questiona se o negócio está garantido, como foi divulgado. A dúvida levantada pela Bolsa é se a rede norte-americana só baterá o martelo se conseguir comprar, além do controle acionário já acertado, 70% das ações preferenciais (sem direito a voto).
A J.C. Penney depende da compra de ações sem direito a voto para ter em seu poder 50% do capital total da empresa. Essa é uma condição básica para incluir a Renner no balanço da multinacional, segundo as normas contábeis norte-americanas.
"Mesmo se não comprar mais ações, a compra do controle da empresa já está garantida", diz José Carlos Hruby, diretor da Renner, que preparou a resposta à Bovespa pedindo a normalização dos negócios.
A operação também está sendo bombardeada por um grupo de minoritários que se sentiu lesado pelo preço e pelas condições de venda das ações sem direito a voto ditadas pela J.C. Penney. No mesmo dia do anúncio do negócio, a empresa ofereceu R$ 25 por lote de mil preferenciais.
Os bancos Patrimônio e Icatu, além das administradoras de recursos Investidor Profissional e Dínamo, estão pedindo à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) a suspensão dos negócios da Renner na Bolsa.
As quatro instituições estão tentando o apoio de dois outros sócios de peso: o empresário Benjamim Steinbruch, dono de 69 milhões de ações ordinárias, e o presidente da Bovespa, Alfredo Rizkallah, que tem cerca de 150 milhões de ações ordinárias (o total é de 1,4 bilhão) e diz ter ficado sabendo do negócio pelos jornais.
O grupo cobra a divulgação do preço pago pelo controle da empresa e pede a suspensão da compra das ações preferenciais já efetuada pela rede norte-americana. Só na terça-feira a J.C. Penney conseguiu comprar R$ 14 milhões em ações de minoritários.
"Não questionamos a venda da Renner", diz Alberto Gucci, diretor da Investidor Profissional. "Mas não concordamos com o preço e as condições que estão sendo oferecidos aos minoritários."
Calcula-se no mercado financeiro que a multinacional pagou cerca de R$ 70 milhões pelo controle da empresa, ou R$ 70,0 por ação ordinária (com direito a voto). Esse valor é 2,8 vezes maior do que o oferecido aos minoritários.
"Em um mercado maduro, como o dos Estados Unidos, a diferença de preço entre um tipo de ação e outro não chega a 40%", diz Gucci.



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