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EMPRESAS
Instituição quer saber se venda para J.C. Penney foi concluída; minoritários reclamam de preço oferecido
Bolsa suspende de novo ações da Renner
RICARDO GRINBAUM
da Reportagem Local
A Bolsa de Valores de São Paulo
suspendeu novamente, ontem, os
negócios com as ações das Lojas
Renner, cobrando mais informações sobre a venda da empresa para o grupo norte-americano J.C.
Penney, anunciada na terça-feira.
Na segunda-feira os negócios também estiveram suspensos, devido
ao anúncio que seria feito.
Em carta enviada aos diretores
da Renner, a Bovespa questiona se
o negócio está garantido, como foi
divulgado. A dúvida levantada pela Bolsa é se a rede norte-americana só baterá o martelo se conseguir
comprar, além do controle acionário já acertado, 70% das ações preferenciais (sem direito a voto).
A J.C. Penney depende da compra de ações sem direito a voto para ter em seu poder 50% do capital
total da empresa. Essa é uma condição básica para incluir a Renner
no balanço da multinacional, segundo as normas contábeis norte-americanas.
"Mesmo se não comprar mais
ações, a compra do controle da
empresa já está garantida", diz José Carlos Hruby, diretor da Renner, que preparou a resposta à Bovespa pedindo a normalização dos
negócios.
A operação também está sendo
bombardeada por um grupo de
minoritários que se sentiu lesado
pelo preço e pelas condições de
venda das ações sem direito a voto
ditadas pela J.C. Penney. No mesmo dia do anúncio do negócio, a
empresa ofereceu R$ 25 por lote de
mil preferenciais.
Os bancos Patrimônio e Icatu,
além das administradoras de recursos Investidor Profissional e
Dínamo, estão pedindo à CVM
(Comissão de Valores Mobiliários) a suspensão dos negócios da
Renner na Bolsa.
As quatro instituições estão tentando o apoio de dois outros sócios
de peso: o empresário Benjamim
Steinbruch, dono de 69 milhões de
ações ordinárias, e o presidente da
Bovespa, Alfredo Rizkallah, que
tem cerca de 150 milhões de ações
ordinárias (o total é de 1,4 bilhão) e
diz ter ficado sabendo do negócio
pelos jornais.
O grupo cobra a divulgação do
preço pago pelo controle da empresa e pede a suspensão da compra das ações preferenciais já efetuada pela rede norte-americana.
Só na terça-feira a J.C. Penney conseguiu comprar R$ 14 milhões em
ações de minoritários.
"Não questionamos a venda da
Renner", diz Alberto Gucci, diretor da Investidor Profissional.
"Mas não concordamos com o
preço e as condições que estão sendo oferecidos aos minoritários."
Calcula-se no mercado financeiro que a multinacional pagou cerca de R$ 70 milhões pelo controle
da empresa, ou R$ 70,0 por ação
ordinária (com direito a voto). Esse valor é 2,8 vezes maior do que o
oferecido aos minoritários.
"Em um mercado maduro, como
o dos Estados Unidos, a diferença
de preço entre um tipo de ação e
outro não chega a 40%", diz Gucci.
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