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Para analistas, decisão não afetará a América Latina
da Reportagem Local
A decisão do presidente do
Equador, Jamil Mahuad, de preparar terreno para a dolarização
da economia foi recebida com reservas pelo mercado financeiro.
Especialistas da área acreditam
que a medida levanta mais suspeitas que certezas e deve reacender
a discussão em torno da adoção
do dólar como moeda oficial em
alguns países da América Latina.
Segundo o economista-chefe do
banco Santander, Dany Rapapport, a decisão adotada por Mahuad não afeta os demais países
latino-americanos e mostra que a
adoção de um câmbio flutuante
pode ser um modelo destinado ao
fracasso.
"O Equador era um caso isolado, sem risco de efeitos em cadeia,
e sua história mostra que a política de câmbio flutuante não estava
dando resultado. A moeda perdeu o seu valor", afirma.
Para Odair Abate, economista-chefe do Lloyds Bank do Brasil,
não havia outra saída para o país a
não ser trocar o sucre, a moeda local, pelo dólar.
"O Equador era visto como caso
isolado e o que aconteceu lá chama atenção pela curiosidade.
Atualmente a maior preocupação
é a reunião do Federal Reserve (o
Banco Central americano), que
acontece em fevereiro, para definir as taxas de juro do ano."
O último balanço do país feito
pela Comissão Econômica para a
América Latina e Caribe (Cepal)
mostra que o país caiu na armadilha de uma inflação alta, em torno
de 60%, combinada com a valorização do dólar, que chegou a
188% em dezembro de 1999.
"Não havia como escaparem",
afirma Karolina Albuquerque, da
consultoria Tendências.
Apesar de o mercado avaliar a
decisão de Mahuad como uma
medida importante para sair da
crise, ainda há incertezas sobre a
maneira como o processo de dolarização será conduzido. "As regras precisam ser claras e a relação do presidente como Banco
Central precisa ser restabelecida",
diz Cláudio Rossi, da Cepal.
Alguns especialistas condenam
a iniciativa de Mahuad. Para Paulo Nogueira Batista, o país ficará
subordinado ao Banco Central
americano. "É lamentável que um
país perca um dos pilares de sua
soberania."
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