São Paulo, Terça-feira, 11 de Janeiro de 2000


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Para analistas, decisão não afetará a América Latina

da Reportagem Local

A decisão do presidente do Equador, Jamil Mahuad, de preparar terreno para a dolarização da economia foi recebida com reservas pelo mercado financeiro.
Especialistas da área acreditam que a medida levanta mais suspeitas que certezas e deve reacender a discussão em torno da adoção do dólar como moeda oficial em alguns países da América Latina.
Segundo o economista-chefe do banco Santander, Dany Rapapport, a decisão adotada por Mahuad não afeta os demais países latino-americanos e mostra que a adoção de um câmbio flutuante pode ser um modelo destinado ao fracasso.
"O Equador era um caso isolado, sem risco de efeitos em cadeia, e sua história mostra que a política de câmbio flutuante não estava dando resultado. A moeda perdeu o seu valor", afirma.
Para Odair Abate, economista-chefe do Lloyds Bank do Brasil, não havia outra saída para o país a não ser trocar o sucre, a moeda local, pelo dólar.
"O Equador era visto como caso isolado e o que aconteceu lá chama atenção pela curiosidade. Atualmente a maior preocupação é a reunião do Federal Reserve (o Banco Central americano), que acontece em fevereiro, para definir as taxas de juro do ano."
O último balanço do país feito pela Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal) mostra que o país caiu na armadilha de uma inflação alta, em torno de 60%, combinada com a valorização do dólar, que chegou a 188% em dezembro de 1999.
"Não havia como escaparem", afirma Karolina Albuquerque, da consultoria Tendências.
Apesar de o mercado avaliar a decisão de Mahuad como uma medida importante para sair da crise, ainda há incertezas sobre a maneira como o processo de dolarização será conduzido. "As regras precisam ser claras e a relação do presidente como Banco Central precisa ser restabelecida", diz Cláudio Rossi, da Cepal.
Alguns especialistas condenam a iniciativa de Mahuad. Para Paulo Nogueira Batista, o país ficará subordinado ao Banco Central americano. "É lamentável que um país perca um dos pilares de sua soberania."


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