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Investidor duvida
de descolamento
Brasil-Argentina
HUGH BRONSTEIN
DA REUTERS, EM NOVA YORK
Os preços dos bônus soberanos de países emergentes despencaram na quinta-feira, enquanto investidores, diante da
debilidade dos ativos brasileiros, questionavam a recente
teoria de que a maior economia
latino-americana não sofrerá
com o colapso da Argentina.
"Estamos um pouco preocupados com o que a desvalorização argentina pode causar à
moeda brasileira, o real caiu
um pouco e está pressionando
os títulos de dívida", disse um
operador do mercado de títulos de dívida dos países emergentes. O real ontem fechou cotado a 2,422 por dólar, ante
2,375 na quarta-feira.
Os bônus brasileiros caíram
0,7% e a dívida da Argentina teve baixa de 3%, segundo índice
do JP Morgan. O mercado como um todo caiu em 0,5%.
O presidente argentino,
Eduardo Duhalde, iniciou sua
segunda semana no cargo em
meio à crescente frustração pública quanto ao congelamento
das poupanças bancárias e o
atraso na implementação da
desvalorização de 29% no peso.
Confusão na desvalorização
argentina poderia debilitar a
moeda brasileira e, por extensão, causar redução nas cotações dos títulos da dívida brasileira, dizem especialistas do
mercado. "Se o Brasil afundar,
o resto do mercado vai sentir",
disse um operador.
"O mercado foi de um extremo, no começo de 2001, quando acreditava que, se a Argentina caísse, arrastaria o Brasil
com ela, ao extremo oposto,
em dezembro, quando parecia
acreditar que os problemas argentinos não afetarão o Brasil",
disse o operador. "Agora, estamos reencontrando o equilíbrio entre esses dois pontos."
O mercado também ficou sobrecarregado com US$ 3,5 bilhões em novas emissões de
bônus lançadas no começo da
semana pelo México, Brasil e
Filipinas, disseram analistas.
"Essa é a hora em que os governos precisam começar a
concluir seus requerimentos financeiros para 2002. Brasil,
México e as Filipinas aproveitaram a alta do mercado no início
de janeiro", diz Gerhard Herrera, estrategista de dívida de
emergentes da IDEAglobal,
empresa de pesquisa econômica de Wall Street.
"O mercado está esperando
novas emissões, de modo que
não há corrida para comprar
esses papéis. É por isso que essas emissões e o resto do mercado perderam a atração de
terça para cá", acrescentou.
Tradução de Paulo Migliacci
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