São Paulo, sexta-feira, 11 de janeiro de 2002

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Investidor duvida de descolamento Brasil-Argentina

HUGH BRONSTEIN
DA REUTERS, EM NOVA YORK

Os preços dos bônus soberanos de países emergentes despencaram na quinta-feira, enquanto investidores, diante da debilidade dos ativos brasileiros, questionavam a recente teoria de que a maior economia latino-americana não sofrerá com o colapso da Argentina.
"Estamos um pouco preocupados com o que a desvalorização argentina pode causar à moeda brasileira, o real caiu um pouco e está pressionando os títulos de dívida", disse um operador do mercado de títulos de dívida dos países emergentes. O real ontem fechou cotado a 2,422 por dólar, ante 2,375 na quarta-feira.
Os bônus brasileiros caíram 0,7% e a dívida da Argentina teve baixa de 3%, segundo índice do JP Morgan. O mercado como um todo caiu em 0,5%.
O presidente argentino, Eduardo Duhalde, iniciou sua segunda semana no cargo em meio à crescente frustração pública quanto ao congelamento das poupanças bancárias e o atraso na implementação da desvalorização de 29% no peso.
Confusão na desvalorização argentina poderia debilitar a moeda brasileira e, por extensão, causar redução nas cotações dos títulos da dívida brasileira, dizem especialistas do mercado. "Se o Brasil afundar, o resto do mercado vai sentir", disse um operador.
"O mercado foi de um extremo, no começo de 2001, quando acreditava que, se a Argentina caísse, arrastaria o Brasil com ela, ao extremo oposto, em dezembro, quando parecia acreditar que os problemas argentinos não afetarão o Brasil", disse o operador. "Agora, estamos reencontrando o equilíbrio entre esses dois pontos."
O mercado também ficou sobrecarregado com US$ 3,5 bilhões em novas emissões de bônus lançadas no começo da semana pelo México, Brasil e Filipinas, disseram analistas.
"Essa é a hora em que os governos precisam começar a concluir seus requerimentos financeiros para 2002. Brasil, México e as Filipinas aproveitaram a alta do mercado no início de janeiro", diz Gerhard Herrera, estrategista de dívida de emergentes da IDEAglobal, empresa de pesquisa econômica de Wall Street.
"O mercado está esperando novas emissões, de modo que não há corrida para comprar esses papéis. É por isso que essas emissões e o resto do mercado perderam a atração de terça para cá", acrescentou.


Tradução de Paulo Migliacci


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