São Paulo, sexta-feira, 11 de janeiro de 2002

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REPERCUSSÃO

Novas regras não afastam investidor

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A mudança das regras do setor de energia elétrica não vai afastar novos investidores do país. Essa é a opinião do ex-diretor-geral da ANP (Agência Nacional do Petróleo), David Zylbersztajn, na época um dos articuladores do plano de racionamento do governo federal.
Para ele, a regulamentação que estava em vigor não funcionava, o que deixava o setor num "marasmo". Por isso, ele elogiou a atitude do governo de mudá-las. "O pior cenário para o investidor é ter regras que não funcionam. É o pior dos mundos", diz.
A falta de uma regulação clara, afirma, afasta mais os investidores do que a possibilidade de o governo não começar a liberar as tarifas a partir de 2003. "O governo precisava fazer alguma coisa. E é louvável que tenha feito."
A opinião de Zylbersztajn é compartilhada pelo presidente da Vale do Rio Doce, Roger Agnelli. Para Agnelli, havia um desequilíbrio entre oferta e demanda de energia que não estava sendo equacionado pelas regras antigas. "Alguma coisa tinha de ser feita."
Agnelli disse que a Vale vai manter todos os seus projetos de construção de usinas hidrelétricas e continuará analisando novas oportunidades no setor.
A empresa consome cerca de 4% de toda a energia gerada no país. O interesse da Vale, afirma, é tanto produzir energia para consumo próprio como vendê-la no mercado livre.
O presidente da Light, Michel Gillard, considerou positiva a extinção do MAE (Mercado Atacadista de Energia), uma das medidas do governo. Para ele, o mercado não funcionava e tinha de acabar. Na sua avaliação, as decisões do governo estão no caminho correto, pois o investidor quer regras claras.

Gasolina
David Zylbersztajn acredita que o preço da gasolina vai cair mais. Ele não quis arriscar, entretanto, se chegará aos 20% estimados pelo governo.
Zylbersztajn prevê que daqui a três ou quatro meses o mercado irá se acomodar naturalmente. "A própria concorrência vai se encarregar de reduzir o preço."
Mas ele alerta que o governo federal tem de ficar atento para evitar a formação de cartéis entre os postos, que podem impedir a redução de preços.


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