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SALTO NO ESCURO
Tarifas terão impacto de 2% com aluguel de usinas, que custará R$ 4 bi; se luz for necessária, gasto sobe
Energia emergencial custará até R$ 16 bi
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A energia emergencial destinada a afastar o risco de racionamento nos próximos anos poderá
custar, até o final de 2005, R$ 16
bilhões. "Esse é o custo máximo,
não quer dizer que se vá consumir
isso", disse ontem o secretário-executivo do Ministério de Minas
e Energia, Luiz Gonzaga Perazzo.
"Essa energia será utilizada em
primeiro lugar para permitir que
a gente possa mais rapidamente
terminar o racionamento. Em segundo lugar, ela pode ser utilizada
para encher os reservatórios", disse ontem o ministro José Jorge
(Minas e Energia).
O gasto mínimo com essa energia é de R$ 4 bilhões. Esse é o custo do aluguel de 38 usinas termelétricas, espalhadas em 13 Estados. As usinas ficam à disposição
para geração de até 2.153 MW.
A energia será comprada pela
estatal recém-criada CBEE (Comercializadora Brasileira de
Energia Elétrica) até 2005. O dinheiro para a compra está garantido pelo Tesouro, que poderá
emitir títulos até o valor de R$ 16
bilhões. O títulos serão emitidos
com base em receitas que ainda
virão de privatizações e licitações
no setor elétrico.
As distribuidoras comprarão a
energia da CBEE e depois farão o
repasse para o consumidor. O impacto tarifário será de pelo menos
2%, percentual estimado só para
o repasse dos custos com o aluguel das usinas. O impacto será
maior se, além de alugar as usinas,
for preciso gerar energia.
Os consumidores residenciais
classificados como de baixa renda
não terão reajuste extra por causa
do aluguel das usinas que vão gerar a energia emergencial. O custo
com a geração -se houver- não
será repassado para os consumidores residenciais que gastam até
350 kWh/mês.
Caso seja preciso produzir energia para evitar o "apagão", o custo
pode subir para até R$ 16 bilhões e
o impacto tarifário será maior. O
custo é alto porque o preço da
energia dessas usinas é muito
maior do que a média normal. A
expectativa do governo é que essas usinas estejam prontas a partir
de julho deste ano.
Enquanto uma hidrelétrica cobra cerca de R$ 45 por MWh, essas usinas têm preço médio de R$
240 por MWh. A energia emergencial será gerada por usinas termelétricas que usam óleo combustível, óleo diesel e biomassa
(como bagaço de cana).
Os contratos serão assinados
com 24 empresas, sendo 21 nacionais e três estrangeiras. As estrangeiras trarão energia em termelétricas instaladas em barcaças.
A maior parte da energia emergencial será usada na região Nordeste, onde o nível dos reservatórios é mais baixo. O custo, no entanto, será rateado igualmente entre os todos os consumidores das
regiões em racionamento.
A CBEE comprará também a
energia das usinas termelétricas
do programa prioritário do governo que deveriam operar no
MAE (Mercado Atacadista de
Energia Elétrica) -espécie de
Bolsa de Valores para a negociação de energia. Essas usinas são
chamadas "merchant" e têm 1.912
MW de potência.
Racionamento
A energia emergencial serve para que o governo possa encerrar o
racionamento mais cedo. Com essa geração, é possível acabar com
as restrições ao consumo de luz
com reservatórios mais baixos.
Mas o ministro Pedro Parente
(Casa Civil) só disse que o racionamento acabaria se o nível dos
reservatórios das hidrelétricas
chegar a 52% no Sudeste e Centro-Oeste e a 48% no Nordeste.
Com esses níveis, que podem
ser atingidos a partir da segunda
semana de fevereiro, seria possível acabar com o racionamento
sem usar a energia emergencial e
a das termelétricas do programa
prioritário. Mesmo assim, os consumidores pagariam os custos do
aluguel do equipamento.
Outros custos
Ainda não está definido o custo
do outro seguro que o governo fará, em caráter permanente, contra
a possibilidade de novos apagões.
Esse seguro será feito com o uso
de termelétricas que serão colocadas à disposição do governo. Essa
medida também terá impacto tarifário, porque o consumidor acabará pagando pela "disponibilidade" da geração.
A energia subirá também porque o governo decidiu que o nível
dos reservatórios vai influir no
preço das hidrelétricas. Abaixo de
um determinado nível, o preço
sobe para que haja geração termelétrica e se poupe água.
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