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CONTAS PÚBLICAS
Gastos estouraram o orçamento
Primeira gestão de FHC acumulou dívida pública de R$ 22,8 bilhões
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O desequilíbrio fiscal do primeiro mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso provocou um aumento da dívida pública que, em valores de hoje, chega
a cerca de R$ 22,8 bilhões, segundo cálculos feitos a partir de dados do Banco Central.
Entre 1995 e 1998, o setor público (União, Estados, municípios e
estatais) gastou mais do que arrecadou. Isso gerou um déficit primário (receitas menos despesas,
exceto gastos com juros) de R$
7,22 bilhões, em valores da época.
Para cobrir um déficit, o governo contrai empréstimos, aumentando sua dívida. Ou seja, além de
gerar o déficit acumulado entre
1995 e 1998, o desequilíbrio fiscal
fez com que os gastos do governo
com pagamento de juros também
crescessem. Considerando a variação da taxa básica de juros da
economia (Selic) desde 1995, os
gastos com juros decorrentes desse endividamento chegariam a R$
15,58 bilhões.
Segundo o economista Raul Velloso, especialista em finanças públicas, o governo preferiu, no primeiro mandato de FHC, procurar
equilibrar suas contas por meio
de reformas estruturais, como a
reforma da previdência, que teriam efeito apenas no longo prazo. Por isso, o resultado fiscal alcançado nos primeiros anos não
foi bom. "Houve uma certa complacência com a questão fiscal, no
curto prazo", diz Velloso.
Se não fosse esse resultado negativo, a dívida pública poderia
ser R$ 22,8 bilhões menor. A queda na relação entre o endividamento e o PIB (Produto Interno
Bruto), um dos indicadores da
solvência de um país, seria de cerca de dois pontos percentuais. Em
novembro passado, o endividamento somava R$ 660,47 bilhões
-ou 53,1% do PIB.
Entre os outros fatores que explicam a elevação da dívida está a
desvalorização do real e o aparecimento de "esqueletos", antigas
obrigações do governo que só foram reconhecidas ao longo dos
últimos anos.
Até 1998, o Brasil não teve problemas para financiar seu déficit
porque era relativamente fácil
conseguir empréstimos no mercado para cobrir o buraco das
contas públicas.
Com a crise russa, em 1998, o
acesso dos países emergentes ao
mercado internacional ficou mais
restrito, obrigando o Brasil a adotar um controle maior dos gastos
públicos e a buscar um aumento
na arrecadação de impostos.
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