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TRIBUTAÇÃO
Ceará e Bahia, agressivos nas reduções de alíquotas, tiveram queda real ou baixo crescimento
Guerra fiscal diminui arrecadação de ICMS
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Cinco Estados tiveram queda
real da arrecadação de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) na comparação
de 2001 com 2000.
As estimativas de arrecadação
foram calculadas pela Secretaria
para Assuntos Fiscais do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
A arrecadação do principal imposto estadual é estimada com informações do Banco do Brasil. Os
cinco Estados são Rondônia, Roraima, Ceará, Piauí e Mato Grosso. A receita geral (de todos os Estados somadas) de ICMS cresceu
3,4% em termos reais (acima da
inflação) em 2001, chegando a R$
92,3 bilhões.
De acordo com José Roberto
Afonso, do BNDES, é difícil explicar as diferenças entre os Estados.
Enquanto o Maranhão teve um
crescimento real de 20,7%, Roraima teve uma queda real de 7,3%.
Racionamento x ICMS
Segundo informações da Secretaria da Fazenda de São Paulo, a
receita de ICMS é bastante influenciada pelo desempenho dos
setores de combustíveis e comunicações, que juntos representam
cerca de 26% do recolhimento.
O racionamento de energia, que
vem sendo culpado pelo governo
do Rio de Janeiro por perdas na
arrecadação estadual, não pode
ser visto isoladamente, de acordo
com Afonso.
O setor representa cerca de 8%
da receita, e o próprio Estado do
Rio teve um crescimento real de
4,1% no recolhimento do ICMS
total em 2001.
A situação de Roraima, por
exemplo, é explicada pelo próprio
governo estadual como sendo um
reflexo de mudanças no setor de
combustíveis. A chefe da Divisão
de Arrecadação do Estado, Magda Vianna, disse que o consumo
de óleo diesel caiu bruscamente
em 2001.
Segundo ela, a energia elétrica
gerada no Estado utilizava muito
o combustível. Mas, desde agosto,
Roraima passou a receber energia
da Venezuela, desativando o sistema anterior. "A arrecadação da
Petrobras, que era de R$ 4 milhões, caiu para cerca de R$ 2 milhões", disse.
O desempenho do Maranhão é
resultado, segundo a assessoria da
Secretaria da Fazenda do Estado,
da modernização da máquina fiscal. O Estado passou a adotar bloqueios nas estradas para fiscalizar
com mais rigor a cobrança do imposto sobre produtos que vêm de
outros Estados.
Também está sendo feita uma
parceria com o governo canadense para aquisição de programas
de computador destinados à auditoria de empresas.
Guerra fiscal
O outro fator destacado pelo
Maranhão é que o Estado não entrou na guerra fiscal do ICMS
-reduções nas alíquotas do imposto para atrair investimentos.
No entanto o governo tem adiado
o pagamento dos primeiros cinco
anos para novos projetos, como
forma de incentivo.
O técnico do BNDES explicou
que alguns Estados modernizaram a sua máquina fiscal mais cedo e já tiveram a sua fase de "estouro" na arrecadação.
Mas lembrou que a guerra fiscal
é um elemento que pode influenciar a arrecadação estadual no
longo prazo. O Ceará e a Bahia,
dois Estados agressivos nessa
guerra, tiveram queda real e um
baixo crescimento, respectivamente, nas suas receitas de ICMS.
O secretário da Fazenda da Bahia, Albérico Mascarenhas, disse
que o Estado foi o primeiro do
ranking em 2000, crescendo 8,7%
em relação a 99. "A base de comparação é alta no nosso caso",
afirmou.
Mascarenhas não concorda
com os argumentos contrários à
guerra fiscal e disse que no Estado
foram criadas 27 empresas de calçados. Ele informou que elas geram 20 mil empregos e que não
estariam lá se não fosse dado o incentivo.
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