São Paulo, sexta-feira, 11 de janeiro de 2002

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TRIBUTAÇÃO

Ceará e Bahia, agressivos nas reduções de alíquotas, tiveram queda real ou baixo crescimento

Guerra fiscal diminui arrecadação de ICMS

SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Cinco Estados tiveram queda real da arrecadação de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) na comparação de 2001 com 2000.
As estimativas de arrecadação foram calculadas pela Secretaria para Assuntos Fiscais do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
A arrecadação do principal imposto estadual é estimada com informações do Banco do Brasil. Os cinco Estados são Rondônia, Roraima, Ceará, Piauí e Mato Grosso. A receita geral (de todos os Estados somadas) de ICMS cresceu 3,4% em termos reais (acima da inflação) em 2001, chegando a R$ 92,3 bilhões.
De acordo com José Roberto Afonso, do BNDES, é difícil explicar as diferenças entre os Estados. Enquanto o Maranhão teve um crescimento real de 20,7%, Roraima teve uma queda real de 7,3%.

Racionamento x ICMS
Segundo informações da Secretaria da Fazenda de São Paulo, a receita de ICMS é bastante influenciada pelo desempenho dos setores de combustíveis e comunicações, que juntos representam cerca de 26% do recolhimento.
O racionamento de energia, que vem sendo culpado pelo governo do Rio de Janeiro por perdas na arrecadação estadual, não pode ser visto isoladamente, de acordo com Afonso.
O setor representa cerca de 8% da receita, e o próprio Estado do Rio teve um crescimento real de 4,1% no recolhimento do ICMS total em 2001.
A situação de Roraima, por exemplo, é explicada pelo próprio governo estadual como sendo um reflexo de mudanças no setor de combustíveis. A chefe da Divisão de Arrecadação do Estado, Magda Vianna, disse que o consumo de óleo diesel caiu bruscamente em 2001.
Segundo ela, a energia elétrica gerada no Estado utilizava muito o combustível. Mas, desde agosto, Roraima passou a receber energia da Venezuela, desativando o sistema anterior. "A arrecadação da Petrobras, que era de R$ 4 milhões, caiu para cerca de R$ 2 milhões", disse.
O desempenho do Maranhão é resultado, segundo a assessoria da Secretaria da Fazenda do Estado, da modernização da máquina fiscal. O Estado passou a adotar bloqueios nas estradas para fiscalizar com mais rigor a cobrança do imposto sobre produtos que vêm de outros Estados.
Também está sendo feita uma parceria com o governo canadense para aquisição de programas de computador destinados à auditoria de empresas.

Guerra fiscal
O outro fator destacado pelo Maranhão é que o Estado não entrou na guerra fiscal do ICMS -reduções nas alíquotas do imposto para atrair investimentos. No entanto o governo tem adiado o pagamento dos primeiros cinco anos para novos projetos, como forma de incentivo.
O técnico do BNDES explicou que alguns Estados modernizaram a sua máquina fiscal mais cedo e já tiveram a sua fase de "estouro" na arrecadação.
Mas lembrou que a guerra fiscal é um elemento que pode influenciar a arrecadação estadual no longo prazo. O Ceará e a Bahia, dois Estados agressivos nessa guerra, tiveram queda real e um baixo crescimento, respectivamente, nas suas receitas de ICMS.
O secretário da Fazenda da Bahia, Albérico Mascarenhas, disse que o Estado foi o primeiro do ranking em 2000, crescendo 8,7% em relação a 99. "A base de comparação é alta no nosso caso", afirmou.
Mascarenhas não concorda com os argumentos contrários à guerra fiscal e disse que no Estado foram criadas 27 empresas de calçados. Ele informou que elas geram 20 mil empregos e que não estariam lá se não fosse dado o incentivo.



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