São Paulo, sábado, 11 de janeiro de 2003

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DINHEIRO NOVO

Resultado é o melhor desde abril, quando crédito escasseou para o país; Gerdau e Petrobras planejam lançar títulos

Bancos captam US$ 875 milhões na semana

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

Seis bancos brasileiros -Bradesco, Itaú, Unibanco, ABN Amro, Safra e Votorantim- encerram a semana com a captação de US$ 875 milhões no mercado externo, por meio de eurobônus.
Foi a maior safra de recursos obtidos lá fora por bancos locais desde abril, quando o mercado internacional de crédito começou a fechar para o país.
Em dezembro, quatro bancos -Votorantim, Itaú, Bradesco, e BBA- haviam conseguido colocar US$ 525 milhões em eurobônus, mas a taxas maiores e prazos menores do que os obtidos agora.
A receptividade às colocações dos bancos deve abrir espaço para novas captações, segundo o diretor sênior do Itaú, Paulo Soares.
A Folha apurou que empresas como Basf, Gerdau, Petrobras e Cemig estudam abrir novas captações no mercado externo. Importantes bancos foram consultados para montar as operações.
Os negócios fechados nos últimos dias quebraram vários paradigmas do período pós-eleitoral. O Bradesco fez a maior captação, de US$ 250 milhões, na segunda-feira. Até dezembro, a maior colocação fora do próprio banco, com US$ 175 milhões.
Já o Itaú, com uma emissão de US$ 125 milhões encerrada ontem, obteve a menor taxa, 6,25%, para um prazo de 11 meses -superior aos seis meses que vinham sendo praticados em dezembro. "Conseguimos o menor custo das emissões recentes", diz Soares.
O Unibanco comemora o fato de ser o primeiro a conseguir captar recursos com vencimento no próximo ano. "O mais importante é que rompemos a barreira psicológica de dezembro de 2003", diz Luiz Maurício Jardim, tesoureiro internacional do Unibanco. A operação, no valor de US$ 100 milhões, encerrada ontem pelo banco, vence em janeiro de 2004.
Até esta semana, os investidores internacionais resistiam em comprar títulos brasileiros resgatáveis no próximo ano. "Em 2004 o novo governo terá mais liberdade para fazer eventuais mudanças na política econômica, pois hoje está preso ao Orçamento e aos compromissos fechados pelo governo passado", diz Rafael Guedes, diretor da Fitch Ratings.
Para Jardim, do Unibanco, o receio "cedeu lugar ao otimismo" dos investidores internacionais. "Estamos tendo um espaço fantástico para o Brasil", diz Soares.
Tanto que o Votorantim, um banco de menor porte, fechou ontem uma operação de US$ 150 milhões em eurobônus com vencimento em novembro. Pagará juros de 7,25% ao ano.
O banco foi o primeiro a abrir captação entre as seis instituições que movimentaram o mercado nesta semana. "Conseguimos um volume maior do que o Itaú e o ABN Amro devido à taxa que oferecemos", diz Milton Egger, diretor-executivo do banco.
Na quinta-feira o ABN anunciou uma captação de US$ 100 milhões, e ontem o Safra também encerrou uma operação no valor de US$ 150 milhões.


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