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VIZINHO EM CRISE
Medida revoga pesificação de certos tipos de endividamento
Argentina redolariza parte da dívida de estrangeiros
Pablo Aharonian/France Presse
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Manifestantes argentinos realizam ato contra a visita de missão do FMI ao país e de apoio ao presidente venezuelano, Hugo Chávez |
MARCELO BILLI
DE BUENOS AIRES
O governo argentino decidiu
ontem redolarizar parte das dívidas que haviam sido pesificadas
no início do ano passado. Um decreto assinado na quinta-feira redolariza uma série de operações
que envolvem credores e bancos
estrangeiros que atuam no país.
Com o decreto, voltam a ser dolarizadas dívidas de empresas
multinacionais que tomaram empréstimos com as matrizes, depósitos de bancos estrangeiros em
bancos locais e dívidas do governo ou de devedores privados que
direta ou indiretamente resultam
de empréstimos concedidos por
organismos multilaterais de crédito ou matrizes de bancos estrangeiros que atuam no país.
A medida foi anunciada ontem.
Questionados se a redolarização
de parte das dívidas era uma exigência do FMI (Fundo Monetário
Internacional), os técnicos do Ministério da Economia limitaram-se a responder que a medida elimina privilégios de alguns devedores que não precisavam ser
protegidos pela pesificação.
As medidas devem gerar protestos. Muitos credores já receberam dívidas pesificadas, e os que
ainda não receberam deverão reclamar tratamento idêntico ao dado aos credores estrangeiros que
foram beneficiados pela medida
anunciada ontem.
Outra fonte de resistência serão
os correntistas que, a cada semana, fazem protestos e exigem que
o governo devolva seus depósitos
em dólares. Os depósitos dos argentinos foram pesificados à taxa
de 1,40 peso por dólar, e as dívidas
a 1 peso por dólar.
A polêmica também deve chegar à Corte Suprema, já que nas
últimas semanas o governo pressionou os juízes da Corte para que
não decidissem que a pesificação
de depósitos é inconstitucional.
Fora FMI
Ontem foi um dia de protestos
em Buenos Aires. Desempregados bloquearam alguns acessos à
cidade, correntistas entraram em
conflito com a polícia enquanto
protestavam contra os bancos
que "roubaram os depósitos", e
vendedores ambulantes protestaram contra a tentativa de expulsá-los do centro da cidade.
Vários grupos convergiram para o hotel onde estão hospedados
os técnicos da missão do FMI para protestar contra a presença do
Fundo no país.
Os técnicos chegaram na quinta-feira ao país e negociam um
acordo de transição que prorrogue os vencimentos de dívidas do
país com o Fundo e abra caminho
para negociar prorrogações similares com o Banco Mundial e o
Banco Interamericano de Desenvolvimento.
O governo argentino mantém a
estratégia que adotou em novembro, quando decidiu não pagar
uma dívida de US$ 827 milhões
com o Banco Mundial. Ontem, o
chefe do Gabinete de Ministros,
Alfredo Atanasof, afirmou que o
país só pagará uma dívida de US$
1 bilhão com o FMI que vence no
próximo dia 17 se o país chegar a
um acordo com o Fundo.
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