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Dantas acusa Oi de corrupta em ação em NY
Documento alega que tele corrompeu governo, citando compra de empresa de filho de Lula, para liberar aquisição da BrT
Envolvidos negam acusações feitas em processo que Citibank move em Nova York contra o
ex-gestor da Brasil Telecom
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em documento apresentado
à Justiça em Nova York, advogados do grupo Opportunity
(do banqueiro Daniel Dantas)
acusaram acionistas da Oi (ex-Telemar) de terem corrompido
membros do PT no governo e
investido na empresa do filho
do presidente Lula para conseguir alterar a legislação para
permitir a compra da Brasil Telecom (BrT).
No documento de julho passado, obtido pela Folha, os advogados do Opportunity nos
EUA citam como exemplo de
corrupção o investimento que
a Telemar (hoje Oi) fez na Gamecorp, do filho do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, Fábio
Luiz Lula da Silva, o Lulinha.
Não são apresentadas provas.
A Gamecorp recebeu ao menos R$ 10 milhões da Telemar,
entre compra de capital e patrocínio. Em troca, alega o Opportunity, a Telemar queria a
mudança na lei para conseguir
comprar a BrT -algo que efetivamente o governo está disposto a fazer agora.
"A Telemar armou para mudar as leis proibindo a venda da
Brasil Telecom para a Telemar,
tentando influenciar a administração brasileira por meio
de um muito favorável -e corrupto- investimento superavaliado na companhia na qual o
filho do presidente tem participação."
Os advogados não anexaram
provas. Pela lei americana, se
uma das partes de um processo
faz acusações, é chamada a prová-las -sob o risco de enfrentar processo por calúnia e difamação.
"Trazendo as companhias
[entre as quais, Brasil Telecom]
para o controle completo dos
fundos de pensão brasileiros
com conexões políticas, no lugar do Opportunity, facções do
governo brasileiro buscaram
(de forma imprópria) tirar vantagens dessas companhias e de
seus ativos para finalidades políticas", escreveram os advogados. "Somente obtendo o controle da Brasil Telecom, os fundos de pensão poderiam consumar a transação politicamente motivada entre a Brasil
Telecom e a Telemar. Acionistas controladores da Telemar
têm uma longa história de ligações próximas com o governo
brasileiro", acrescentaram.
O recurso apresentado pelo
Opportunity faz parte de sua
defesa no processo movido pelo Citibank, um dos acionistas
da BrT, pelo controle da empresa. Durante anos, o Opportunity, minoritário, geriu a tele
após acordo com o Citi.
Desde que o PT assumiu o
governo, os três grandes fundos de pensão estatais do país,
Previ (dos funcionários do
Banco do Brasil), Petros (Petrobras) e Funcef (Caixa Econômica Federal) -que detêm
participação significativa na
BrT- passaram a brigar para
tirar o Opportunity do comando da tele. Os dirigentes dos
fundos são ligados ao PT.
Em março de 2005, o Citi e
os fundos fecharam acordo para destituir o Opportunity da
gestão da BrT. O Citi acusa o
Opportunity de lhe ter causado
prejuízos no comando da tele.
"As táticas usadas por [...] Telemar, fundos de pensão oficiais e facções do governo brasileiro contra a parceria [Opportunity e Citibank] vão muito além das regras normais de
disputas comerciais. Propinas
e outras formas de corrupção
estão entre as táticas empregadas", escreveram os advogados.
As acusações feitas pelos advogados do Opportunity são reprodução do que Dantas tem
dito, pelo menos desde 2005,
nos bastidores, sobre uma suposta armação do governo,
com participação dos fundos
de pensão, e o Citi para lhe tirarem o comando da BrT.
Na ação não há menção específica a nenhum dos acionistas
da Telemar. Os advogados destacaram que a transação entre
Telemar e BrT não prosperou
em 2005 somente porque o caso veio à público com as reportagens sobre os investimentos
na Gamecorp.
"O esquema acabou desmoronando quando o investimento da Telemar na empresa do
filho do presidente e os esforços para mudar a lei de modo a
permitir a compra da Brasil Telecom pela Telemar vieram a
público", diz o recurso.
"Essas facções estavam e estão influenciando certos fundos de pensão oficiais, os quais
têm procurado premiar ao menos um dos acionistas controladores da Telemar, o maior financiador do PT". Acionista da
Oi, a construtora Andrade Gutierrez costuma fazer doações a
petistas. Sérgio Andrade, da
Andrade Gutierrez, é um dos
principais mentores do projeto
de compra da BrT pela Oi.
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