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LEITE DERRAMADO
Endividamento é de US$ 2,5 bi, e não de US$ 1,6 bi, diz empresa
Dívida da Parmalat é 54% maior do que o estimado
LUIS RENATO STRAUSS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A dívida da Parmalat do Brasil é
54% maior do que se esperava. Segundo dados apresentados ontem
por representantes da companhia, o endividamento é de US$
2,46 bilhões e não US$ 1,6 bilhão,
como estimado preliminarmente.
Carlos Alberto Padeti, diretor
presidente da Carital Brasil, e Andrea Ventura, administrador da
Parmalat Participações, falaram
sobre a situação da empresa à Comissão da Parmalat da Câmara
dos Deputados.
Padeti confirmou que a Carital
foi criada para assumir as dívidas
fiscais e trabalhistas da Parmalat
Participações. Foram criadas
duas empresas -uma delas, a
Carital, ficou com o mesmo CNPJ
(Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica) e as dívidas trabalhistas e
fiscais da Parmalat Participações.
A outra, também com o nome de
Parmalat Participações, ficou
com os bens e outras dívidas.
Além das duas empresas, há a
Parmalat Alimentos, braço produtivo da companhia no país. Sua
atuação vai desde a produção de
biscoitos ao engarrafamento de
leite. Juntas, as três têm dívidas de
US$ 2,46 bilhões: US$ 1,6 bilhão
na Parmalat Participações, US$
700 milhões na Carital e US$ 160
milhões na Parmalat Alimentos.
Insatisfação
Apesar de avançarem na avaliação da situação da empresa, os deputados não ficaram satisfeitos
com as explicações dadas. Para o
relator da comissão, Assis Miguel
do Couto (PT-PR), as informações são confusas e possivelmente
não correspondem à realidade. O
deputado Waldemir Moka
(PMDB-MS), presidente da comissão, afirmou que houve consenso entre os integrantes e serão
dados os primeiros passos para
instalar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito).
"Essas pessoas conseguem se
justificar em um determinado
momento, mas sempre sobra
uma imensa dívida, de mais de
US$ 2 bilhões. A gente não consegue saber a origem dessa dívida. O
que mais impressiona é que, mesmo a Parmalat no Brasil dando
prejuízo, a matriz continuava a
mandar dinheiro", disse Moka.
Segundo Ventura, a Parmalat
Participações não é rentável, mas,
nos últimos dois anos, recebeu
mais de R$ 200 milhões da empresa italiana. Os executivos disseram ser incapazes de apresentar
detalhes sobre ocorrências passadas, como a origem da dívida.
Quebra de sigilo
Com a CPI, os deputados poderão quebrar o sigilo bancário e fiscal da empresa e de seus dirigentes, além de recolher documentos.
Isso não pode ser feito hoje. O relatório das audiências será apresentado até sexta-feira. Na próxima semana, os deputados recolherão as 171 assinaturas necessárias para abrir a CPI e apresentarão a proposta à presidência da
Câmara dos Deputados.
A quebra do sigilo bancário e
fiscal de dirigentes da Parmalat e
de empresas controladas pelo
grupo já foi pedida à Justiça. Dada
a autorização, as informações devem também compor um eventual processo de rastreamento internacional de recursos, sob o comando do Departamento de Recuperação de Ativos (órgão do
Ministério da Justiça).
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