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SEM ESPETÁCULO
Salários pagos caem em 2003 pelo 2º ano
Massa salarial diminui 4,18% na indústria brasileira, afirma CNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O desempenho da indústria
brasileira em dezembro confirmou o fraco resultado registrado
em todo o ano passado. Pelo segundo ano consecutivo, a massa
salarial (total de salários pagos)
teve queda na indústria: 4,18% em
2003, contra 0,52% no ano anterior, segundo dados divulgados
pela CNI (Confederação Nacional
da Indústria).
Em dezembro, as vendas reais
(descontada a inflação) cresceram 1,84%, mas o nível de emprego caiu 0,44% e as horas trabalhadas diminuíram 1,58%. Apesar da
queda registrada no ano, a massa
salarial teve um pequeno aumento de 0,55% no mesmo mês.
O ajuste que a recessão econômica provocou na indústria no
ano passado se concentrou na remuneração do trabalhador, e não
na contratação, que teve aumento
de 0,66%.
A pequena alta na contratação
foi explicada pela CNI pelo otimismo na indústria no começo
do ano passado, que, baseada nas
promessas de retomada do crescimento feitas pelo governo, evitou
mais demissões no setor. Além
disso, contribuiu para o resultado
o fato de os reajustes salariais não
terem acompanhado a inflação
verificada em 2003.
"Os aumentos, determinados
por dissídios de categorias, são
nominais e não incluem a inflação, o que diminuiu o poder de
compra das famílias", disse o
coordenador de Política Econômica da instituição, Flávio Castelo
Branco.
Desempenho das vendas
Em 2003, as vendas da indústria
cresceram apenas 0,53%. Foi o
pior resultado desde 1998, quando houve queda de 1,58%.
As horas trabalhadas na produção tiveram aumento de 0,37%, o
mais fraco resultado desde 1999,
quando houve queda de 9,29%.
O resultado negativo do ano
passado foi acumulado principalmente no primeiro semestre,
quando os salários declinaram
6,69%. No segundo semestre, a
queda foi bem menor: 1,76%.
Isso provocou redução de
0,92% na utilização da capacidade
instalada em 2003, que foi de
79,7%, abaixo de 80% pela primeira vez nos últimos três anos,
segundo a pesquisa da CNI.
O menor poder de compra dos
trabalhadores também gerou impacto negativo no consumo interno, uma das razões para a redução do ritmo da produção industrial, segundo Castelo Branco. A
outra razão, disse, foi o impacto
do juro no setor industrial -que,
mesmo com a queda de dez pontos percentuais, fechou o ano passado em 16,5%, o que ele considera ainda um patamar elevado.
"No ano passado, o dinamismo
da economia veio do setor externo, e não interno", comparou. As
exportações cresceram 21,1% em
2003 e o superávit comercial do
país chegou a US$ 24,8 bilhões.
A CNI espera um aquecimento
na demanda interna a partir de
março, quando a inflação deve ceder por causa do fim do período
de reajustes de itens indexados,
acumulados entre novembro e fevereiro, e da safra agrícola.
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