São Paulo, quarta-feira, 11 de fevereiro de 2004

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SEM ESPETÁCULO

Salários pagos caem em 2003 pelo 2º ano

Massa salarial diminui 4,18% na indústria brasileira, afirma CNI

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O desempenho da indústria brasileira em dezembro confirmou o fraco resultado registrado em todo o ano passado. Pelo segundo ano consecutivo, a massa salarial (total de salários pagos) teve queda na indústria: 4,18% em 2003, contra 0,52% no ano anterior, segundo dados divulgados pela CNI (Confederação Nacional da Indústria).
Em dezembro, as vendas reais (descontada a inflação) cresceram 1,84%, mas o nível de emprego caiu 0,44% e as horas trabalhadas diminuíram 1,58%. Apesar da queda registrada no ano, a massa salarial teve um pequeno aumento de 0,55% no mesmo mês.
O ajuste que a recessão econômica provocou na indústria no ano passado se concentrou na remuneração do trabalhador, e não na contratação, que teve aumento de 0,66%.
A pequena alta na contratação foi explicada pela CNI pelo otimismo na indústria no começo do ano passado, que, baseada nas promessas de retomada do crescimento feitas pelo governo, evitou mais demissões no setor. Além disso, contribuiu para o resultado o fato de os reajustes salariais não terem acompanhado a inflação verificada em 2003.
"Os aumentos, determinados por dissídios de categorias, são nominais e não incluem a inflação, o que diminuiu o poder de compra das famílias", disse o coordenador de Política Econômica da instituição, Flávio Castelo Branco.

Desempenho das vendas
Em 2003, as vendas da indústria cresceram apenas 0,53%. Foi o pior resultado desde 1998, quando houve queda de 1,58%.
As horas trabalhadas na produção tiveram aumento de 0,37%, o mais fraco resultado desde 1999, quando houve queda de 9,29%.
O resultado negativo do ano passado foi acumulado principalmente no primeiro semestre, quando os salários declinaram 6,69%. No segundo semestre, a queda foi bem menor: 1,76%.
Isso provocou redução de 0,92% na utilização da capacidade instalada em 2003, que foi de 79,7%, abaixo de 80% pela primeira vez nos últimos três anos, segundo a pesquisa da CNI.
O menor poder de compra dos trabalhadores também gerou impacto negativo no consumo interno, uma das razões para a redução do ritmo da produção industrial, segundo Castelo Branco. A outra razão, disse, foi o impacto do juro no setor industrial -que, mesmo com a queda de dez pontos percentuais, fechou o ano passado em 16,5%, o que ele considera ainda um patamar elevado.
"No ano passado, o dinamismo da economia veio do setor externo, e não interno", comparou. As exportações cresceram 21,1% em 2003 e o superávit comercial do país chegou a US$ 24,8 bilhões.
A CNI espera um aquecimento na demanda interna a partir de março, quando a inflação deve ceder por causa do fim do período de reajustes de itens indexados, acumulados entre novembro e fevereiro, e da safra agrícola.


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