São Paulo, quarta-feira, 11 de fevereiro de 2004

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SISTEMA FINANCEIRO

Instituição vence Itaú ao dar lance de R$ 78 milhões, ágio de 1,07%; privatização é a primeira de Lula

Bradesco compra o Banco do Maranhão

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O Bradesco venceu o primeiro leilão de privatização realizado no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O banco ofereceu R$ 78 milhões para adquirir 89,957% do capital do BEM (Banco do Estado do Maranhão), em leilão realizado na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo).
O valor da aquisição representa um ágio de apenas 1,073% sobre o preço mínimo, de R$ 77,17 milhões, estabelecido pelo Banco Central. Principal concorrente do Bradesco no ranking dos bancos privados, o Itaú participou do leilão, mas limitou-se a oferecer o preço mínimo pela instituição.
Márcio Cypriano, presidente do Bradesco, informou que "grande parte do pagamento" será feita com moedas de privatização (títulos públicos em poder do banco que podem ser usados para cobrir parte do desembolso), mas disse que não poderia precisar quanto seria utilizado desses papéis. O edital de privatização do BEM estipulava que somente 10% do valor deveria ser pago em dinheiro.
O resultado da privatização não provocará mudanças no ranking de bancos. De acordo com a ABM Consulting, com base nos balanços até setembro de 2003, o líder do ranking nacional, o Banco do Brasil, acumulava ativos de R$ 215 bilhões. Em seguida, aparecia outro banco estatal, a CEF (Caixa Econômica Federal), com R$ 141 bilhões em ativos. Com a aquisição de ontem, os ativos do Bradesco somarão R$ 140,2 bilhões.
A CEF, no entanto, divulgará hoje prévia de seu balanço de 2003, e os ativos, segundo analistas, devem chegar a R$ 150 bilhões. Quarto colocado, o Itaú acumulava até setembro ativos no valor de R$ 113 bilhões.

Funcionalismo
"Ao Bradesco interessa muito a rede do BEM, que no Maranhão só tem rival no Banco do Brasil, além do fato de que quase todo o funcionalismo local tem conta na instituição", disse Felipe Tumenas, analista da ABM Consulting.
O BEM é o terceiro banco estatal que o Bradesco adquire desde 1999, quando, por R$ 260 milhões, assumiu o controle do Baneb (Banco do Estado da Bahia). Em 2002, pagou R$ 1,372 bilhão pelo BEA (Banco do Estado do Amazonas). No ano passado, adquiriu a subsidiária brasileira do espanhol BBV, mais a carteira de fundos do JP Morgan, a financeira Finasa e o banco Zogbi.

Rede
Com a aquisição do BEM, o Bradesco passará a ser o banco com maior presença no Maranhão. O banco privatizado ontem possui uma rede de 76 agências e 125 postos de atendimento. De sua parte, o Bradesco não mantinha mais que 25 agências (seis em São Luís e as demais no interior). O Banco do Brasil, segundo seu site, tem 87 agências no Estado.
Das cerca de 186 mil contas do BEM, 120 mil são de servidores públicos (estaduais e municipais). Segundo Cypriano, esse foi um determinante para o interesse do banco pela instituição estatal. "Além das contas do funcionalismo e do governo, teremos possibilidade de agregar as contas dos fornecedores do Estado", disse Cypriano, que mencionou ainda a expansão econômica que o Estado deve experimentar, motivada pelo aumento do plantio de soja e pela possível instalação de uma subsidiária da Vale do Rio Doce.

Próximo alvo
De acordo com o executivo, o Bradesco mantém interesse na aquisição do BEC (Banco do Estado do Ceará). Segundo o diretor de liquidações e desestatizações do Banco Central, Antônio Gustavo Matos do Vale, o BEC será o próximo privatizado.
Mas Cypriano não escondeu que o maior alvo é o Besc (Banco do Estado de Santa Catarina), outro da lista do PND (Programa Nacional de Desestatização). "O Besc é a grande atração hoje, pelos seus ativos e pela importância de Santa Catarina, que tem uma economia diversificada", disse.


Colaborou a Folha Online


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