São Paulo, quarta-feira, 11 de fevereiro de 2004

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BARRIL DE PÓLVORA

Opep tenta evitar queda nos preços após fim do inverno no hemisfério Norte; cotações sobem 3,2%

Cartel reduz produção de petróleo em 10%

DA REDAÇÃO

A Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) surpreendeu ontem ao anunciar um corte de 10% na produção de seus países-membros. De acordo com o cartel, a medida tem o objetivo de evitar uma queda nos preços após o final do inverno no hemisfério Norte.
A decisão, anunciada após um encontro na Argélia, pegou estrategistas e analistas de surpresa. A reação foi imediata, e as cotações do barril do petróleo encerraram o dia em alta nos principais mercados internacionais.
Em Nova York, o barril subiu 3,2%, encerrando o dia cotado a US$ 33,87. Em Londres, a cotação também avançou 3,2%, para US$ 30,04.
Nas últimas semanas, os preços já estavam pressionados por causa das baixas temperaturas no hemisfério Norte, especialmente nos EUA. Tradicionalmente, os países ricos consomem mais óleo no inverno, por causa do aquecimento de casas e empresas.
Responsável por metade de todo o petróleo exportado no planeta, a Opep decidiu que a sua oferta será reduzida em 2,5 milhões de barris diários. A organização tem 11 membros, mas o Iraque está temporariamente afastado das decisões sobre produção e não está sujeito ao regime de cotas.
O atual teto de produção estabelecido pelo cartel é de 24,5 milhões de barris ao dia, mas os países não respeitam as suas respectivas cotas e, de maneira conjunta, produzem um excedente de 1,5 milhão de barris ao dia.
O corte no fornecimento ocorrerá em dois passos. No primeiro, que ocorre imediatamente, os países vão parar de vender acima do permitido e passarão a respeitar as cotas, o que deverá eliminar o excedente diário de 1,5 milhão de barris. Além disso, a partir de abril, o teto do cartel será reduzido em 1 milhão de barris diários, para 23,5 milhões de barris.
"Os preços [do petróleo] estão elevados hoje, mas você sabe como eles estarão em abril, maio, junho?", afirmou o ministro da Energia da Arábia Saudita, Ali Naimi. "Devemos esperar até que aconteça um crash? Em 1998, levamos quase dois anos para colocar as coisas de volta ao normal."
Naimi estava se referindo ao tombo que as cotações sofreram por causa da crise asiática, que derrubou os preços do barril para US$ 10. Pouco antes da crise, a Opep, diante da alta demanda mundial, havia decidido elevar sua produção, e o cartel acabou sendo pego no contrapé por causa do colapso das economias asiáticas. Desde então, o cartel tenta antecipar movimentos do mercado.
Os membros do cartel têm um histórico de não respeitar as suas cotas, e não é a primeira vez em que a Opep anuncia que passará a controlar a produção com rigor.
Por isso, analistas estimam que o corte não será efetivamente do tamanho esperado pela organização. Outros importantes exportadores, como a Rússia e a Noruega, também podem ampliar sua oferta, reduzindo assim o impacto da diminuição das vendas da Opep.
De acordo com a IEA (Agência Internacional de Energia, na sigla em inglês), os 11 países da Opep produziram uma média de 29 milhões de barris por dia em dezembro passado, o maior volume desde março de 2001.


Com agências internacionais


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