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BARRIL DE PÓLVORA
Opep tenta evitar queda nos preços após fim do inverno no hemisfério Norte; cotações sobem 3,2%
Cartel reduz produção de petróleo em 10%
DA REDAÇÃO
A Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo)
surpreendeu ontem ao anunciar
um corte de 10% na produção de
seus países-membros. De acordo
com o cartel, a medida tem o objetivo de evitar uma queda nos preços após o final do inverno no hemisfério Norte.
A decisão, anunciada após um
encontro na Argélia, pegou estrategistas e analistas de surpresa. A
reação foi imediata, e as cotações
do barril do petróleo encerraram
o dia em alta nos principais mercados internacionais.
Em Nova York, o barril subiu
3,2%, encerrando o dia cotado a
US$ 33,87. Em Londres, a cotação
também avançou 3,2%, para US$
30,04.
Nas últimas semanas, os preços
já estavam pressionados por causa das baixas temperaturas no hemisfério Norte, especialmente
nos EUA. Tradicionalmente, os
países ricos consomem mais óleo
no inverno, por causa do aquecimento de casas e empresas.
Responsável por metade de todo o petróleo exportado no planeta, a Opep decidiu que a sua oferta
será reduzida em 2,5 milhões de
barris diários. A organização tem
11 membros, mas o Iraque está
temporariamente afastado das
decisões sobre produção e não está sujeito ao regime de cotas.
O atual teto de produção estabelecido pelo cartel é de 24,5 milhões de barris ao dia, mas os países não respeitam as suas respectivas cotas e, de maneira conjunta,
produzem um excedente de 1,5
milhão de barris ao dia.
O corte no fornecimento ocorrerá em dois passos. No primeiro,
que ocorre imediatamente, os
países vão parar de vender acima
do permitido e passarão a respeitar as cotas, o que deverá eliminar
o excedente diário de 1,5 milhão
de barris. Além disso, a partir de
abril, o teto do cartel será reduzido em 1 milhão de barris diários,
para 23,5 milhões de barris.
"Os preços [do petróleo] estão
elevados hoje, mas você sabe como eles estarão em abril, maio, junho?", afirmou o ministro da
Energia da Arábia Saudita, Ali
Naimi. "Devemos esperar até que
aconteça um crash? Em 1998, levamos quase dois anos para colocar as coisas de volta ao normal."
Naimi estava se referindo ao
tombo que as cotações sofreram
por causa da crise asiática, que
derrubou os preços do barril para
US$ 10. Pouco antes da crise, a
Opep, diante da alta demanda
mundial, havia decidido elevar
sua produção, e o cartel acabou
sendo pego no contrapé por causa
do colapso das economias asiáticas. Desde então, o cartel tenta antecipar movimentos do mercado.
Os membros do cartel têm um
histórico de não respeitar as suas
cotas, e não é a primeira vez em
que a Opep anuncia que passará a
controlar a produção com rigor.
Por isso, analistas estimam que
o corte não será efetivamente do
tamanho esperado pela organização. Outros importantes exportadores, como a Rússia e a Noruega,
também podem ampliar sua oferta, reduzindo assim o impacto da
diminuição das vendas da Opep.
De acordo com a IEA (Agência
Internacional de Energia, na sigla
em inglês), os 11 países da Opep
produziram uma média de 29 milhões de barris por dia em dezembro passado, o maior volume desde março de 2001.
Com agências internacionais
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