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VIZINHO EM CRISE
Embargo atinge casa nos EUA; Bolsa de Buenos Aires cai 7,9%
Bens argentinos têm novo bloqueio
CAROLINA VILA-NOVA
DE BUENOS AIRES
Pela segunda vez em menos de
uma semana, a Justiça americana
determinou o congelamento de
bens da Argentina nos Estados
Unidos, atendendo a demandas
judiciais de credores da dívida do
país, em "default" há 25 meses.
Desta vez, a decisão atingiu a casa do agregado naval argentino,
Javier Valladares, de propriedade
das Forças Armadas, no Estado
de Maryland.
A notícia desestabilizou o mercado financeiro no país. O principal índice da Bolsa de Valores de
Buenos Aires, o Merval, fechou
em baixa de 7,88% -a maior
queda desde abril do ano passado
(8,63%). Durante o dia o índice
chegou a despencar 8,75%.
Segundo um operador da Bolsa
que não quis se identificar, à preocupação dos investidores com a
reestruturação da dívida se somaram as notícias de novos bloqueios de bens argentinos nos
EUA, o que causou grande inquietude no mercado.
Na última quinta-feira, a juíza
Michele Hotten, de Maryland, determinou o bloqueio de dois depósitos para embarcações e dois
hangares pertencentes às Forças
Armadas argentinas, a pedido do
fundo de investimentos NML Capital, em uma ação que cobra cerca de US$ 170 milhões.
Ontem, o Ministério da Economia confirmou que, além desses
bens, o NML Capital conseguiu
bloquear uma propriedade diplomática no Distrito de Colúmbia.
O chefe de gabinete, Alberto
Fernández, admitiu que há outros
pedidos de congelamento de
bens. "Trata-se de pedidos de
congelamento sobre sedes diplomáticas, bens inscritos como bens
de Estado", afirmou.
Resposta
"São ações preventivas", tentou
minimizar ontem o embaixador
argentino nos EUA, José Bordón.
Para ele, a decisão é uma resposta
a pressões de setores financeiros
"especialistas em complicar" negociações. Os advogados representantes do país solicitaram a
transferência das causas do Estado de Maryland para tribunais federais para que possam pedir a
revogação dos bloqueios.
O governo reclama que não foi
notificado sobre as decisões e que
não teve como impugná-las.
A Argentina também pretende
pedir a aplicação de sanções ao
NML Capital por "ações manifestamente ilícitas".
"As tentativas do NML Capital
Ltd. de embargar propriedades
diplomáticas e militares são inválidas, entre outros motivos, porque o dito embargo viola tanto o
direito internacional como a Lei
de Imunidades de Estados Estrangeiros (Foreign Sovereign
Immunities Act), dos EUA, que
protege essa classe de propriedade", diz um comunicado do Ministério da Economia. O governo
alega ainda que a Convenção de
Viena protege as propriedades diplomáticas contra embargos.
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