São Paulo, segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Próximo Texto | Índice

Mercado Aberto

guilherme.barros@uol.com.br

Infra-estrutura piora para os mais pobres

O acesso dos brasileiros aos serviços de infra-estrutura melhorou de maneira geral, mas piorou sensivelmente nas camadas mais pobres, segundo estudo que será divulgado hoje pela Abdib.
Nos quatro serviços analisados (coleta de esgoto, abastecimento de água, energia elétrica e telefonia), a proporção da camada mais pobre (até três salários mínimos) na fila de espera pelo atendimento aumentou de 1999 para 2006.
Em 1999, 51% do total de pessoas sem acesso à coleta de esgoto eram pobres. Em 2006, a proporção se ampliou para 61,9%.
Já em relação às pessoas sem acesso ao abastecimento de água, o percentual de pobres na fila de espera aumentou de 62,9% para 70,6% entre os anos de 1999 e 2006.
No que diz respeito à energia elétrica, em 1999 os pobres correspondiam a 82,4% das pessoas sem acesso ao serviço. Essa proporção aumentou para 88,3% em 2006.
No caso da telefonia, o percentual de pobres aumentou de 54,5% para 84% em relação ao total sem acesso ao serviço.
O trabalho foi elaborado com base em dados do IBGE e classificou, por faixa de renda, quem tinha e quem não tinha acesso aos serviços de infra-estrutura em 1999 e 2006.
O estudo detectou que a coleta de esgoto é, de longe, o serviço menos universal. Em 2006, 95,6 milhões de pessoas não tinham acesso adequado à coleta de dejetos, o correspondente a 51,3% da população. Em 1999, o atendimento adequado à coleta de esgoto não chegava a 56,5%.
De acordo com a Abdib, esse pouco investimento na coleta de esgoto é, em boa parte, resultado de quase duas décadas de inexistência de uma lei que norteasse, com clareza, a aplicação de recursos na expansão da rede de coleta.
Já o acesso à eletricidade é o serviço mais próximo da universalização. Em 2006, apenas 5 milhões de pessoas estavam na fila de espera para obter energia elétrica, o equivalente a 2,7% dos brasileiros.
O setor no qual o acesso foi mais rapidamente expandido foi o da telefonia, fruto da privatização. Em 1999, 102,3 milhões de pessoas, ou 64,1% da população, não tinham telefone. Sete anos depois, o total de desatendidos caiu para 47,9 milhões, ou 25,7% da população.
Segundo Paulo Godoy, presidente da Abdib, o maior desafio do país é levar o progresso às regiões mais carentes para aumentar o acesso das camadas mais pobres a esses serviços.
O caso do atendimento à coleta de esgoto é um exemplo. Em 1999, de cada 10 brasileiros na fila por acesso ao serviço, 5,1 eram pobres, contra 6,2 em 2006. Já entre aqueles cuja renda domiciliar é maior, ocorre o contrário. Em 1999, em cada 10 brasileiros sem coleta de esgoto, apenas 1 tinha renda superior a dez salários mínimos. Em 2006, a participação se resumiu a 0,5.
A Abdib traz ainda um conjunto de propostas para a formulação de políticas públicas visando à expansão do atendimento aos mais pobres. Entre elas, a redução da carga tributária incidente sobre os serviços, incentivos fiscais sobre os investimentos, subsídios cruzados e privatização.

Nova regra alavanca consignado

As novas regras para o consignado, oficializadas na primeira semana do ano para aposentados e pensionistas, vão incrementar a modalidade de crédito, segundo estudo da Serasa. O trabalho mostra o comportamento do crédito consignado concedido aos aposentados e pensionistas do INSS.
Com a redução de 30% para 20% da renda mensal dos segurados que pode ser comprometida com as prestações, o tomador ficará mais protegido de um excessivo endividamento, segundo Marcos Abreu, coordenador de estudos da Serasa.
Os 10% restantes de limite de comprometimento só poderão ser tomados na modalidade cartão de crédito consignado. O governo também ampliou de 36 para 60 meses o prazo máximo dos empréstimos, entre outras mudanças.
Segundo o estudo da Serasa, com base em dados do Ministério da Previdência e do Banco Central, o volume de crédito consignado representa hoje 57,3% de todo crédito pessoal oferecido pelas instituições financeiras no Brasil.
"Desde a implementação, em 2004, mais de R$ 30,6 bilhões já foram contratados", diz Abreu. O número de operações supera 23,6 milhões e 8,99 milhões de pessoas recorreram aos empréstimos. Na separação por região, em dezembro, a distribuição dos aposentados e pensionistas, que fizeram o empréstimo, concentra 43,2% no Sudeste.

EXPANSÃO NO CARDÁPIO

A rede Giraffas acaba de lançar o seu plano de expansão para este ano, a "franquia econômica". O programa incentiva o já franqueado a abrir uma segunda loja da rede sem a cobrança de "royalties" pelo período de um ano e isenção total da taxa de franquia. O objetivo é chegar ao final do ano com mais de 300 lojas -hoje são 260. A preferência será dada para os restaurantes de rua. Além disso, a rede implanta um número único nacional para seu serviço de entrega. Em Brasília, as vendas feitas pelo telefone já representam 30% do faturamento da rede. O foco de ação será o Rio de Janeiro e São Paulo. O "delivery" de São Paulo está no patamar de 5% das vendas totais no Estado, no Rio de Janeiro chega a 10%. A expectativa é elevar ainda mais esses índices, segundo a rede.

ENGENHARIA
Joseph Stiglitz, ex-chefe do Bird e Nobel de Economia de 2001, vem ao país em dezembro para participar do World Engineer's Convention, realizado pelo Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia.

CARTA
O Sinicon (sindicato da indústria da construção pesada) tem questionado, em cartas ao DNIT, o convite do Governo ao Exército para execução de obras de infra-estrutura previstas, inclusive, nos projetos do PAC.

SÃO PAULO
Segundo levantamento do movimento Nossa São Paulo, 26% dos paulistanos têm renda familiar acima de cinco salários mínimos e 36% da população da capital fez até o ensino médio. Oded Grajew apresenta, quarta, o estudo completo, no Conselho Superior de Estudos Políticos da Fecomercio.

NA REDE
Para garantir o pagamento do direito autoral pelo uso de músicas feito por usuários de rede de lojas, como é o caso das franquias, o Ecad criou o "contrato de rede". Por meio dele, o pagamento de diversas filiais de uma mesma rede pode ser feito através de um único boleto bancário.

TROFÉU
Rodolfo Hrosz, presidente da Heineken para América Latina, que patrocina a chegada da Taça da Liga dos Campeões da Uefa, que será exposta no Jockey Club de São Paulo e do Rio

Próximo Texto: Recolocar pessoal em SP custará o dobro
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.