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Após ofensiva da Casa Branca, pacote avança no Congresso
Senado aprova plano de estímulo à economia com 3 votos dos republicanos; versão final ainda será discutida com a Câmara
São US$ 838 bilhões a serem gastos em dez anos, com cerca de 35% para cortes
de impostos; promessa
de campanha foi reduzida
DE WASHINGTON
Depois de ofensiva do presidente Barack Obama que incluiu endurecimento da retórica contra a oposição republicana, visita a cidades mais atingidas pelo desemprego e convocação de entrevista coletiva em
rede nacional, o Senado aprovou sua versão do plano de estímulo defendido pelo democrata como maneira de ressuscitar
a economia norte-americana.
Por 61 votos a favor e 37 contra, aquela Casa do Legislativo
norte-americano passou um
pacote que prevê gastos de US$
838 bilhões em dez anos, dos
quais cerca de 35% virão de
cortes em impostos. Os três
únicos votos da oposição republicana foram conseguidos entre senadores moderados que
trabalharam num conjunto de
cortes da medida original, que
chegou a US$ 930 bilhões.
Entre as diminuições feitas
para agradar à oposição, estão o
corte de 50% no auxílio a governos estaduais e locais, que
ficou com US$ 39 bilhões, e na
extensão de seguro-saúde para
pessoas que perderam emprego, que contará com US$ 20 bilhões. Ainda assim, cerca de
65% do plano irá para gastos
públicos em obras de infraestrutura, ajuda a governos e benefícios a desempregados.
Nos impostos, foi reajustado
o que Obama considerava ponto de honra, sua promessa de
campanha de cortar o total pago pela classe média, com um
crédito de US$ 500 por pessoa
e até US$ 1.000 por casal. Os valores continuam iguais, mas o
teto salarial para os beneficiados baixou. Com US$ 142 bilhões, é a maior parcela da parte de renúncia fiscal do plano,
mas beneficia apenas 87% dos
trabalhadores, não mais 95%, a
promessa original de Obama.
É seguida por duas adições:
um crédito fiscal de até US$ 15
mil na compra de novas casas
por novos proprietários, uma
maneira de ajudar o combalido
mercado imobiliário, e a dedução dos impostos na venda e no
financiamento de carros novos,
que beneficia a outra grande vítima da crise, a indústria automotiva norte-americana.
Mesmo com os cortes, o plano tal como se apresenta hoje
representa 5,6% do PIB dos
EUA, a maior economia do
mundo, o que o coloca entre as
maiores iniciativas da história,
como o Plano Marshall, de reconstrução da Alemanha no
Pós-Segunda Guerra (5,4% do
PIB de então), e a primeira fase
do New Deal ("novo acordo")
de Franklin Delano Roosevelt
(1882-1945), que equivalia a
5,9% do PIB da época.
A aprovação foi aplaudida
por Obama, que cobrava urgência dos senadores. Anteontem,
havia dito que o governo "é a
única entidade com recurso para trazer a economia de volta à
vida". Informado ontem na
Flórida, qualificou a passagem
pelo Senado de "bom começo".
Reação diferente teve o líder
da minoria republicana no Senado, Mitch McConnell (Kentucky). "Significa a europeização dos EUA", disse, referindo-se à alta dos gastos públicos,
que em suas contas passaram
de 18,4% do PIB sob Ronald
Reagan (1911-2004) para "até
40% nos próximos dois anos".
O avanço foi aplaudido tanto
pela Câmara Americana de Comércio, maior entidade patronal do país, que reúne 3 milhões de empresas, como pela
AFL-CIO, a maior central sindical, que representa 10 milhões de trabalhadores.
Agora, as lideranças das duas
Casas do Legislativo se sentam
para eliminar diferenças -a
Câmara dos Representantes
aprovou sua versão no dia 29 de
janeiro, num valor de US$ 819
bilhões. Novas mudanças, cortes e adequações são esperados
nessa última rodada de negociações. Se houver acordo, a
medida pode ir para assinatura
de Obama no final da semana
ou no começo da próxima.
(SÉRGIO DÁVILA)
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