São Paulo, Quinta-feira, 11 de Março de 1999
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PREÇOS
Responsável pelo índice descarta "espiral inflacionária" e prevê que taxa de março será inferior à de fevereiro
Inflação medida pelo IGP atinge 4,4%

da Sucursal do Rio

A inflação de fevereiro medida pelo IGP (Índice Geral de Preços) da FGV (Fundação Getúlio Vargas) chegou a 4,44%. Essa é a maior inflação medida pelo mesmo índice desde julho de 1994, o primeiro mês do Plano Real, quando foi de 5,47%.
O IGP de fevereiro reflete a variação dos preços médios de 1º a 28 de fevereiro contra a média de janeiro. É o primeiro índice de abrangência nacional a refletir a inflação de um mês completo desde o início do processo de desvalorização do real. Em janeiro passado o IGP havia alcançado 1,15%, e em fevereiro de 98, apenas 0,02%. Repetidos 12 vezes, os 4,44% resultariam em uma inflação anual de 68,42%.
Mas o chefe do Centro de Estudos de Preços da FGV, Paulo Sidney de Melo Cota, avalia que "não haverá espiral inflacionária" e que o índice de 99 ficará na casa dos 18%, caso o dólar caia para uma cotação de R$ 1,70 a partir de abril, ou um pouco acima dos 20%, caso o dólar se estabilize em R$ 1,90.
Nas meta do acordo com o FMI, o governo projeta para este ano uma inflação de 16,8% pelo IGP.
Cota avalia que os preços, pressionados pela recessão, começarão a cair já no IGP de março, que ficaria menor que o deste mês, especialmente se a queda da cotação do dólar se mantiver consistente.

Pressão do atacado
O IGP é um índice múltiplo, formado por três outros: o IPA (Índice de Preços por Atacado), de abrangência nacional, com peso de 60%; o IPC (Índice de Preços ao Consumidor), pesquisado no Rio e em São Paulo, com peso de 30%; e o INCC (Índice Nacional de Custo da Construção), com peso de 10%.
Sob pressão, principalmente, da alta dos produtos que têm cotação em dólar, mesmo no mercado interno, o IPA de fevereiro fechou com alta de 6,99%, 5,41 pontos percentuais maior que o índice de janeiro.
Os produtos cotados em dólar são aqueles cujas formações de preços ocorrem no mercado internacional, como as commodities agrícolas (soja, trigo, café e outros) e os produtos da indústria extrativa mineral, como minério de ferro, enxofre e outros.
Em fevereiro, as plantas oleaginosas, incluindo a soja, aumentaram 25,35% no atacado; os cereais em grãos, 13,03%, sendo que o trigo subiu 49,90%; e os produtos extrativos minerais, 9,6%.
Cota avalia que, com a queda do dólar, muitos desses produtos já apresentarão variações negativas em março.
O IPC mostrou em fevereiro uma variação de 1,41% dos preços no varejo, 0,77 ponto maior que a de janeiro. Os alimentos lideraram a alta, com 3,15%. Cota disse que a tendência, a partir de agora, é que o IPC comece a subir mais, refletindo a alta passada do IPA, que entraria em queda.
A prova disso, segundo ele, é que na primeira prévia do IGP-M de março o IPC saltou de 0,29% para 1,37%, enquanto o IPA da prévia passou de 1,1% para 2,51%.
O IGP-M, o IGP e o IGP-10 são índices semelhantes calculados pela FGV, variando apenas nos períodos de coleta de dados e de divulgação de cada um.
O INCC, terceiro na composição do IGP, apresentou em fevereiro uma variação de 0,98% e ficou 0,43 ponto acima do de janeiro.
Cota avalia que o pico da inflação medida pela FGV estará no índice divulgado ontem ou no IGP-10 de março, pesquisado de 11 de fevereiro a 10 de março e que será divulgado no dia 19 deste mês.
A base do número-índice do IGP-DI é agosto de 94 e, por isso, não reflete toda a a variação do índice no Plano Real. Computadas as taxas de julho e agosto daquele ano, chega-se a 69,5% para a inflação acumulada desde o início do Real. O IPC chega a 87,8%, bem acima do índice da Fipe, também de preços ao consumidor, mas a diferença pode ser explicada pelo fato de a FGV fazer a média do Rio e São Paulo.


Colaborou a Redação



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