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PREÇOS
Responsável pelo índice descarta "espiral inflacionária" e prevê que taxa de março será inferior à de fevereiro
Inflação medida pelo IGP atinge 4,4%
da Sucursal do Rio
A inflação de
fevereiro medida pelo IGP (Índice Geral de
Preços) da FGV
(Fundação Getúlio Vargas)
chegou a 4,44%.
Essa é a maior inflação medida pelo mesmo índice desde julho de
1994, o primeiro mês do Plano
Real, quando foi de 5,47%.
O IGP de fevereiro reflete a variação dos preços médios de 1º a 28 de
fevereiro contra a média de janeiro. É o primeiro índice de abrangência nacional a refletir a inflação
de um mês completo desde o início
do processo de desvalorização do
real. Em janeiro passado o IGP havia alcançado 1,15%, e em fevereiro
de 98, apenas 0,02%. Repetidos 12
vezes, os 4,44% resultariam em
uma inflação anual de 68,42%.
Mas o chefe do Centro de Estudos de Preços da FGV, Paulo Sidney de Melo Cota, avalia que "não
haverá espiral inflacionária" e que
o índice de 99 ficará na casa dos
18%, caso o dólar caia para uma
cotação de R$ 1,70 a partir de abril,
ou um pouco acima dos 20%, caso
o dólar se estabilize em R$ 1,90.
Nas meta do acordo com o FMI,
o governo projeta para este ano
uma inflação de 16,8% pelo IGP.
Cota avalia que os preços, pressionados pela recessão, começarão
a cair já no IGP de março, que ficaria menor que o deste mês, especialmente se a queda da cotação do
dólar se mantiver consistente.
Pressão do atacado
O IGP é um índice múltiplo, formado por três outros: o IPA (Índice de Preços por Atacado), de
abrangência nacional, com peso de
60%; o IPC (Índice de Preços ao
Consumidor), pesquisado no Rio e
em São Paulo, com peso de 30%; e
o INCC (Índice Nacional de Custo
da Construção), com peso de 10%.
Sob pressão, principalmente, da
alta dos produtos que têm cotação
em dólar, mesmo no mercado interno, o IPA de fevereiro fechou
com alta de 6,99%, 5,41 pontos percentuais maior que o índice de janeiro.
Os produtos cotados em dólar
são aqueles cujas formações de
preços ocorrem no mercado internacional, como as commodities
agrícolas (soja, trigo, café e outros)
e os produtos da indústria extrativa mineral, como minério de ferro,
enxofre e outros.
Em fevereiro, as plantas oleaginosas, incluindo a soja, aumentaram 25,35% no atacado; os cereais
em grãos, 13,03%, sendo que o trigo subiu 49,90%; e os produtos extrativos minerais, 9,6%.
Cota avalia que, com a queda do
dólar, muitos desses produtos já
apresentarão variações negativas
em março.
O IPC mostrou em fevereiro uma
variação de 1,41% dos preços no
varejo, 0,77 ponto maior que a de
janeiro. Os alimentos lideraram a
alta, com 3,15%. Cota disse que a
tendência, a partir de agora, é que
o IPC comece a subir mais, refletindo a alta passada do IPA, que
entraria em queda.
A prova disso, segundo ele, é que
na primeira prévia do IGP-M de
março o IPC saltou de 0,29% para
1,37%, enquanto o IPA da prévia
passou de 1,1% para 2,51%.
O IGP-M, o IGP e o IGP-10 são
índices semelhantes calculados pela FGV, variando apenas nos períodos de coleta de dados e de divulgação de cada um.
O INCC, terceiro na composição
do IGP, apresentou em fevereiro
uma variação de 0,98% e ficou 0,43
ponto acima do de janeiro.
Cota avalia que o pico da inflação
medida pela FGV estará no índice
divulgado ontem ou no IGP-10 de
março, pesquisado de 11 de fevereiro a 10 de março e que será divulgado no dia 19 deste mês.
A base do número-índice do
IGP-DI é agosto de 94 e, por isso,
não reflete toda a a variação do índice no Plano Real. Computadas as
taxas de julho e agosto daquele
ano, chega-se a 69,5% para a inflação acumulada desde o início do
Real. O IPC chega a 87,8%, bem
acima do índice da Fipe, também
de preços ao consumidor, mas a
diferença pode ser explicada pelo
fato de a FGV fazer a média do Rio
e São Paulo.
Colaborou a Redação
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