São Paulo, Quinta-feira, 11 de Março de 1999
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Dólar tem nova queda, porém menor que nos dias anteriores

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
da Reportagem Local

O dólar voltou a perder valor contra o real, ontem, mas o ritmo de desvalorização, de 0,53%, foi menor do que os 4,55% de anteontem. Foram consideradas as cotações da fechamento do mercado.
No início do dia, o dólar despencou para R$ 1,85, após fechar a R$ 1,89. Mas, no decorrer do dia, houve aumento da procura pela moeda dos EUA. O Banco Central interveio abastecendo o mercado e vendeu dólar a R$ 1,87 e R$ 1,88.
Na média ponderada dos negócios do dia, divulgada pelo BC, a cotação do dólar foi de R$ 1,8631, uma desvalorização de 2,23% em um dia.
A pressão na ponta da compra do dólar, ontem, veio dos detentores de títulos da dívida pública brasileira corrigidos de acordo com a cotação da moeda norte-americana. Esses investidores tinham interesse em manter o dólar um pouco mais caro ontem para obter maior rendimento com os títulos.
Hoje e amanhã, vence US$ 1,8 bilhão desses papéis da dívida pública, chamados de NBC-Es, Notas do Banco Central da série E.
Para o cálculo do rendimento do papel é usada a média ponderada das cotações do dólar, divulgada pelo BC, na véspera da compra e do vencimento. No caso do US$ 1,8 bilhão, o cálculo será feito pelas cotações de ontem e hoje. Por isso, espera-se nova pressão compradora de dólar hoje.
Mas o mercado continua a apostar no fortalecimento do real. Prova disso é o desinteresse mostrado pelos investidores nas NBC-Es que o Banco Central levou a leilão ontem, no valor de R$ 500 milhões.
A cotação usada como base para o cálculo do rendimento dos papéis seria a média de anteontem divulgada pelo BC, de R$ 1,9056. O mercado aposta que daqui a sete meses, quando esses títulos vencerem, será menor do que R$ 1,9056. Por isso, os bancos pediram juros entre 26% e 45% ao ano, considerados muito altos pelo BC, que não aceitou pagar essas taxas pedidas e preferiu não vender as NBC-Es.
O mercado futuro também continua a apostar em cotações mais baixas para o dólar. Na Bolsa de Mercadorias & Futuros, nos contratos para vencimento em maio, que projetam o dólar para o último dia útil de abril, a cotação da moeda dos EUA caiu para R$ 1,910, contra os R$ 1,1915 do fechamento de anteontem.
O fato de o Banco Central poder gastar mais de US$ 8 bilhões no mercado de câmbio para defender o real até junho, segundo previsto no acordo com o Fundo Monetário Internacional, tem deixado os investidores mais tranquilos.
Os rumores de que o país emitiria títulos do Tesouro Nacional no mercado externo, no valor de US$ 1 bilhão a partir de abril, também trouxeram otimismo.
Esses recursos viriam reforçar as reservas internacionais, o caixa em moeda forte do país, e poderiam ajudar na defesa do real.
Com a aprovação da CPMF, as perspectivas de redução no déficit fiscal são maiores. O país ganha mais credibilidade junto aos credores internacionais, que poderiam voltar a fornecer mais linhas de crédito comercial.
Aproveitando-se dessas linhas de crédito, os exportadores poderiam adiantar seus contratos de câmbio, inundando o mercado de dólares e fortalecendo o real.


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