|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Dólar tem nova queda, porém menor que nos dias anteriores
CRISTIANE PERINI LUCCHESI
da Reportagem Local
O dólar voltou a perder valor
contra o real, ontem, mas o ritmo
de desvalorização, de 0,53%, foi
menor do que os 4,55% de anteontem. Foram consideradas as cotações da fechamento do mercado.
No início do dia, o dólar despencou para R$ 1,85, após fechar a R$
1,89. Mas, no decorrer do dia, houve aumento da procura pela moeda dos EUA. O Banco Central interveio abastecendo o mercado e
vendeu dólar a R$ 1,87 e R$ 1,88.
Na média ponderada dos negócios do dia, divulgada pelo BC, a
cotação do dólar foi de R$ 1,8631,
uma desvalorização de 2,23% em
um dia.
A pressão na ponta da compra do
dólar, ontem, veio dos detentores
de títulos da dívida pública brasileira corrigidos de acordo com a
cotação da moeda norte-americana. Esses investidores tinham interesse em manter o dólar um pouco
mais caro ontem para obter maior
rendimento com os títulos.
Hoje e amanhã, vence US$ 1,8 bilhão desses papéis da dívida pública, chamados de NBC-Es, Notas do
Banco Central da série E.
Para o cálculo do rendimento do
papel é usada a média ponderada
das cotações do dólar, divulgada
pelo BC, na véspera da compra e
do vencimento. No caso do US$ 1,8
bilhão, o cálculo será feito pelas cotações de ontem e hoje. Por isso,
espera-se nova pressão compradora de dólar hoje.
Mas o mercado continua a apostar no fortalecimento do real. Prova disso é o desinteresse mostrado
pelos investidores nas NBC-Es que
o Banco Central levou a leilão ontem, no valor de R$ 500 milhões.
A cotação usada como base para
o cálculo do rendimento dos papéis seria a média de anteontem
divulgada pelo BC, de R$ 1,9056. O
mercado aposta que daqui a sete
meses, quando esses títulos vencerem, será menor do que R$ 1,9056.
Por isso, os bancos pediram juros
entre 26% e 45% ao ano, considerados muito altos pelo BC, que não
aceitou pagar essas taxas pedidas e
preferiu não vender as NBC-Es.
O mercado futuro também continua a apostar em cotações mais
baixas para o dólar. Na Bolsa de
Mercadorias & Futuros, nos contratos para vencimento em maio,
que projetam o dólar para o último
dia útil de abril, a cotação da moeda dos EUA caiu para R$ 1,910,
contra os R$ 1,1915 do fechamento
de anteontem.
O fato de o Banco Central poder
gastar mais de US$ 8 bilhões no
mercado de câmbio para defender
o real até junho, segundo previsto
no acordo com o Fundo Monetário
Internacional, tem deixado os investidores mais tranquilos.
Os rumores de que o país emitiria títulos do Tesouro Nacional no
mercado externo, no valor de US$
1 bilhão a partir de abril, também
trouxeram otimismo.
Esses recursos viriam reforçar as
reservas internacionais, o caixa em
moeda forte do país, e poderiam
ajudar na defesa do real.
Com a aprovação da CPMF, as
perspectivas de redução no déficit
fiscal são maiores. O país ganha
mais credibilidade junto aos credores internacionais, que poderiam voltar a fornecer mais linhas
de crédito comercial.
Aproveitando-se dessas linhas
de crédito, os exportadores poderiam adiantar seus contratos de
câmbio, inundando o mercado de
dólares e fortalecendo o real.
Texto Anterior: Banco que assumir dívida em dólar de empresa terá vantagem Próximo Texto: Opinião econômica - Paulo Nogueira Batista Jr.: Assim falou Tobin Índice
|