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REUNIÃO DO BID
Lenicov diz que comunidade internacional precisa ajudar o país com crédito para evitar convulsão social
Argentina quer mais que palavras de apoio
JULIANNA SOFIA
ENVIADA ESPECIAL A FORTALEZA
O ministro da Economia da Argentina, Jorge Remes Lenicov, fez
ontem um apelo para que a comunidade internacional apóie o
país e evite que a crise interna se
aprofunde, agravando a situação
de instabilidade social.
"Precisamos contar com o
apoio internacional, não só com
palavras, mas com crédito. Nós
somos a última possibilidade de
chegar às eleições de 2003. Se fracassarmos, aumentará o conflito
social", declarou o ministro diante de uma platéia de empresários,
consultores e representantes de
46 países que participam da 43ª
Reunião Anual das Assembléias
de Governadores do BID (Banco
Interamericano de Desenvolvimento).
Segundo ele, o governo do presidente Eduardo Duhalde busca o
equilíbrio e pretende tomar decisões que tenham aceitação popular. Em seu apelo, o ministro pediu tempo e prudência dos agentes internacionais na avaliação do
quadro econômico e político do
país. "A Argentina tem futuro",
destacou.
Ele enfatizou que o país precisa
promover reformas no sistema
bancário, na Justiça, no mercado
de capitais, no Estado e na relação
do governo central com as Províncias. Isso, no entanto, só poderá ser feito depois de superada a
crise e com o apoio externo.
Lenicov afirmou que, assim que
forem concluídas as negociações
com o FMI (Fundo Monetário Internacional) sobre o acordo de
ajuda financeira, o governo iniciará as conversas com os credores externos para tratar da dívida
argentina.
Do acerto com o FMI, acrescentou o ministro, também dependerá o socorro de outros organismos internacionais como o BID e
o Banco Mundial. "O acordo com
o Fundo vai dar credibilidade à
Argentina e garantir a ajuda. Serão cortados os laços para iniciar
a recuperação do país", disse o
presidente do BID, Enrique Iglesias, após o discurso de Lenicov.
O ministro relatou que o governo poderia ter optado pela dolarização da economia, "como muitos queriam", mas preferiu desvalorizar o peso em benefício do
país e do Mercosul. A referência à
dolarização foi uma crítica velada
à posição do Tesouro norte-americano. Um dos que preferiam a
dolarização argentina é o subsecretário do Tesouro dos EUA,
John Taylor, com o qual Lenicov
encontrou-se no final da tarde.
Crescimento
Além de Lenicov, outros integrantes da equipe econômica argentina estão em Fortaleza para
participar do encontro do BID e
de eventos paralelos que reúnem
agentes do mercado financeiro
internacional.
O vice-ministro da Economia,
Jorge Todesca, avalia que o PIB
(Produto Interno Bruto) argentino deva apresentar queda de 5%
neste ano. O resultado da balança
comercial, segundo suas previsões, deve registrar superávit de
US$ 10 bilhões.
Todesca e Lenicov enfatizaram
que o governo começa a renegociar os contratos com prestadores
de serviços públicos nas áreas de
água, energia, transportes e telefonia. As tarifas públicas foram
congeladas pelo governo. A renegociação deve ser concluída em
um prazo de até 120 dias.
"Em fevereiro, chegamos ao
fundo do poço, mas alguns sinais
já indicam que começamos a registrar melhoras", disse Todesca.
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