São Paulo, segunda-feira, 11 de março de 2002

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REUNIÃO DO BID

Lenicov diz que comunidade internacional precisa ajudar o país com crédito para evitar convulsão social

Argentina quer mais que palavras de apoio

JULIANNA SOFIA
ENVIADA ESPECIAL A FORTALEZA

O ministro da Economia da Argentina, Jorge Remes Lenicov, fez ontem um apelo para que a comunidade internacional apóie o país e evite que a crise interna se aprofunde, agravando a situação de instabilidade social.
"Precisamos contar com o apoio internacional, não só com palavras, mas com crédito. Nós somos a última possibilidade de chegar às eleições de 2003. Se fracassarmos, aumentará o conflito social", declarou o ministro diante de uma platéia de empresários, consultores e representantes de 46 países que participam da 43ª Reunião Anual das Assembléias de Governadores do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).
Segundo ele, o governo do presidente Eduardo Duhalde busca o equilíbrio e pretende tomar decisões que tenham aceitação popular. Em seu apelo, o ministro pediu tempo e prudência dos agentes internacionais na avaliação do quadro econômico e político do país. "A Argentina tem futuro", destacou.
Ele enfatizou que o país precisa promover reformas no sistema bancário, na Justiça, no mercado de capitais, no Estado e na relação do governo central com as Províncias. Isso, no entanto, só poderá ser feito depois de superada a crise e com o apoio externo.
Lenicov afirmou que, assim que forem concluídas as negociações com o FMI (Fundo Monetário Internacional) sobre o acordo de ajuda financeira, o governo iniciará as conversas com os credores externos para tratar da dívida argentina.
Do acerto com o FMI, acrescentou o ministro, também dependerá o socorro de outros organismos internacionais como o BID e o Banco Mundial. "O acordo com o Fundo vai dar credibilidade à Argentina e garantir a ajuda. Serão cortados os laços para iniciar a recuperação do país", disse o presidente do BID, Enrique Iglesias, após o discurso de Lenicov.
O ministro relatou que o governo poderia ter optado pela dolarização da economia, "como muitos queriam", mas preferiu desvalorizar o peso em benefício do país e do Mercosul. A referência à dolarização foi uma crítica velada à posição do Tesouro norte-americano. Um dos que preferiam a dolarização argentina é o subsecretário do Tesouro dos EUA, John Taylor, com o qual Lenicov encontrou-se no final da tarde.

Crescimento
Além de Lenicov, outros integrantes da equipe econômica argentina estão em Fortaleza para participar do encontro do BID e de eventos paralelos que reúnem agentes do mercado financeiro internacional.
O vice-ministro da Economia, Jorge Todesca, avalia que o PIB (Produto Interno Bruto) argentino deva apresentar queda de 5% neste ano. O resultado da balança comercial, segundo suas previsões, deve registrar superávit de US$ 10 bilhões.
Todesca e Lenicov enfatizaram que o governo começa a renegociar os contratos com prestadores de serviços públicos nas áreas de água, energia, transportes e telefonia. As tarifas públicas foram congeladas pelo governo. A renegociação deve ser concluída em um prazo de até 120 dias.
"Em fevereiro, chegamos ao fundo do poço, mas alguns sinais já indicam que começamos a registrar melhoras", disse Todesca.



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