São Paulo, segunda-feira, 11 de março de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"Acordo com FMI é complicado"

MARCIO AITH
ENVIADO ESPECIAL A FORTALEZA

O presidente do Banco de la Nación (instituição argentina similar ao Banco do Brasil), Enrique Olivera, disse ontem que um acordo da Argentina com o FMI (Fundo Monetário Internacional) deverá ser fechado "em 45 dias" e depende de "detalhes pequenos e complicados".
Olivera afirmou que o governo argentino cumpriu as quatro principais condições para a retomada de empréstimos ao país: mudança do regime cambial; abandono gradual do bloqueio de depósitos, acordo com as Províncias e a aprovação do Orçamento.
Olivera reconhece que há divergências entre a forma do acordo fechado com as Províncias e aquele que o FMI julgava ideal -o Fundo queria que o novo esquema de redistribuição de receitas fosse permanente, e não temporário. No entanto disse que essas divergências não impedem um acordo.
Quanto à renegociação da dívida com os credores externos, Olivera disse que o Fundo está exigindo do governo argentino "apenas um sinal, uma aproximação que o governo certamente fará". Segundo ele, o FMI "sabe que a renegociação completa com os credores só virá depois, quando a Argentina receber apoio externo".
O Banco de la Nación foi fundado em 1891 por iniciativa do então presidente Carlos Pellegrini, como meio de resolver os problemas causados por uma crise econômica devastadora que afetava o país e destruiu seu sistema bancário. No início, a instituição trabalhava somente com capital estatal. Depois, suas operações como agente do Estado para apoiar o setor privado a colocaram em primeiro lugar no ranking de bancos comerciais no país.
Como líder, a instituição foi duramente afetada pela atual crise argentina -considerada pelo ministro da Economia do país, Jorge Remes Lenicov, a maior das últimas seis décadas.
Apesar disso, Olivera afirmou que a desvalorização do peso teve efeito duplo sobre as operações do banco, tendo beneficiado a parcela de suas operações ligada ao setor agropecuário. "Esse setor ganhou competitividade, e nós, fôlego."
Olivera não está envolvido diretamente nas negociações do governo argentino com o FMI. Formalmente, essas negociações formais nem começaram, já que a missão do FMI que está em Buenos Aires tem objetivo apenas "exploratório".
No entanto a direção do banco acompanha de perto as conversas e é consultada a respeito de alguns dos "pequenos e complicados detalhes" que estariam emperrando a retomada dos empréstimos do FMI ao país".
Entre esses detalhes estaria a formulação de um cálculo para que o Banco de la Nación volte a aceitar bônus do Tesouro argentino emitidos antes da crise como forma de pagamento de dívidas.
O uso de papéis públicos para pagamento de dívidas bancárias foi suspenso devido à mudança cambial e só será retomado depois que forem definidas as regras sobre o cálculo do valor desses papéis.

Menem
Os bancos estrangeiros que possuem filiais na Argentina deveriam redirecionar para o país todos os depósitos captados de clientes argentinos, para colaborar com a estabilidade econômica. A afirmação foi feita ontem pelo ex-presidente Carlos Menem.
"Vou pedir aos bancos estrangeiros que tragam de volta o dinheiro que tinham nas filiais argentinas", disse Menem, durante entrevista concedida em Anillaco, sua cidade natal.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Ministro pede que EUA liberem ajuda do Fundo
Próximo Texto: Frases
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.