|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"Acordo com FMI é complicado"
MARCIO AITH
ENVIADO ESPECIAL A FORTALEZA
O presidente do Banco de la Nación (instituição argentina similar
ao Banco do Brasil), Enrique Olivera, disse ontem que um acordo
da Argentina com o FMI (Fundo
Monetário Internacional) deverá
ser fechado "em 45 dias" e depende de "detalhes pequenos e complicados".
Olivera afirmou que o governo
argentino cumpriu as quatro
principais condições para a retomada de empréstimos ao país:
mudança do regime cambial;
abandono gradual do bloqueio de
depósitos, acordo com as Províncias e a aprovação do Orçamento.
Olivera reconhece que há divergências entre a forma do acordo
fechado com as Províncias e
aquele que o FMI julgava ideal
-o Fundo queria que o novo esquema de redistribuição de receitas fosse permanente, e não temporário. No entanto disse que essas divergências não impedem
um acordo.
Quanto à renegociação da dívida com os credores externos, Olivera disse que o Fundo está exigindo do governo argentino "apenas um sinal, uma aproximação
que o governo certamente fará".
Segundo ele, o FMI "sabe que a renegociação completa com os credores só virá depois, quando a Argentina receber apoio externo".
O Banco de la Nación foi fundado em 1891 por iniciativa do então
presidente Carlos Pellegrini, como meio de resolver os problemas causados por uma crise econômica devastadora que afetava o
país e destruiu seu sistema bancário. No início, a instituição trabalhava somente com capital estatal.
Depois, suas operações como
agente do Estado para apoiar o setor privado a colocaram em primeiro lugar no ranking de bancos
comerciais no país.
Como líder, a instituição foi duramente afetada pela atual crise
argentina -considerada pelo ministro da Economia do país, Jorge
Remes Lenicov, a maior das últimas seis décadas.
Apesar disso, Olivera afirmou
que a desvalorização do peso teve
efeito duplo sobre as operações
do banco, tendo beneficiado a
parcela de suas operações ligada
ao setor agropecuário. "Esse setor
ganhou competitividade, e nós,
fôlego."
Olivera não está envolvido diretamente nas negociações do governo argentino com o FMI. Formalmente, essas negociações formais nem começaram, já que a
missão do FMI que está em Buenos Aires tem objetivo apenas
"exploratório".
No entanto a direção do banco
acompanha de perto as conversas
e é consultada a respeito de alguns
dos "pequenos e complicados detalhes" que estariam emperrando
a retomada dos empréstimos do
FMI ao país".
Entre esses detalhes estaria a
formulação de um cálculo para
que o Banco de la Nación volte a
aceitar bônus do Tesouro argentino emitidos antes da crise como
forma de pagamento de dívidas.
O uso de papéis públicos para
pagamento de dívidas bancárias
foi suspenso devido à mudança
cambial e só será retomado depois que forem definidas as regras
sobre o cálculo do valor desses papéis.
Menem
Os bancos estrangeiros que possuem filiais na Argentina deveriam redirecionar para o país todos os depósitos captados de
clientes argentinos, para colaborar com a estabilidade econômica.
A afirmação foi feita ontem pelo
ex-presidente Carlos Menem.
"Vou pedir aos bancos estrangeiros que tragam de volta o dinheiro que tinham nas filiais argentinas", disse Menem, durante
entrevista concedida em Anillaco,
sua cidade natal.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Ministro pede que EUA liberem ajuda do Fundo Próximo Texto: Frases Índice
|