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REUNIÃO DO BID
Celso Lafer tentará convencer Robert Zoellick a excluir de taxa exportações da CSN para siderúrgica dos EUA
Brasil usará tática coreana contra veto a aço
DO ENVIADO ESPECIAL A FORTALEZA
Num jantar reservado na residência do ministro Celso Lafer
(Relações Exteriores) em Brasília,
o governo brasileiro tentará hoje
convencer o negociador comercial dos EUA, Robert Zoellick, a
encontrar uma fórmula do tipo
"coreana" para elevar a cota das
exportações brasileiras de aço.
No dia 5 deste mês, a Casa Branca anunciou a imposição de cotas
e tarifas de 8% a 30% por três anos
sobre vários produtos de aço exportados pelo Brasil e pelo resto
do mundo.
Pela decisão, o Brasil poderá exportar anualmente aos EUA 2,5
milhões de toneladas de placas semi-acabadas, principal produto
siderúrgico brasileiro. Qualquer
tonelada que supere esse volume
terá de pagar a tarifa de 30%.
A Coréia do Sul, país no qual se
encontra a maior produtora
mundial de aço, também foi afetada pela cota sobre os semi-acabados e pelas tarifas sobre produtos
acabados.
No entanto nos últimos dias o
país asiático encontrou uma maneira de "furar" discretamente essas cotas e tarifas.
A Pohang Iron and Steel Co. obteve dos EUA a garantia de que
suas exportações de produtos siderúrgicos para a US-Posco, joint
venture da qual participa nos
EUA, ficarão fora da cota imposta
pela Casa Branca ao país.
Inicialmente, a Coréia do Sul,
que exportou 15% de sua produção aos EUA no ano passado,
ameaçara pedir retaliações contra
os norte-americanos na Organização Mundial do Comércio.
O argumento usado pelos sul-coreanos foi o de que a Pohang
envia 93% de sua produção de semi-acabados para a Posco, para
ser processada nos EUA. Segundo
esse argumento, impor limites a
essas exportações significaria demitir os empregados norte-americanos da companhia e, portanto, um efeito contrário ao que a
Casa Branca pretendia obter.
A ameaça foi usada como instrumento de barganha. Até que,
na quinta-feira, dia 7, os EUA esclareceram que as exportações de
semi-acabados da companhia ficariam fora da cota.
CSN
O Brasil encontra-se numa situação similar. Em junho de 2001,
a CSN (Companhia Siderúrgica
Nacional) comprou a siderúrgica
norte-americana Heartland Steel,
do Estado de Indiana, que estava
em concordata. Com a compra, a
companhia brasileira salvou empregos norte-americanos na
Heartland e contribuiu para a
reestruturação do setor siderúrgico norte-americano ao colocar
nele recursos e tecnologia. A CSN
pretendia exportar placas semi-acabadas de aço para a Heartland.
Com a imposição de cotas, esses
planos podem ter se tornado inviáveis.
O ministro Lafer soube ontem
da vitória da Coréia do Sul. Quis
saber dos detalhes e vai usar todas
as formas possíveis para convencer Zoellick a melhorar a solução
dada ao país. À Folha, disse que
irá explorar várias abordagens,
incluindo levantar o caso sul-coreano durante as discussões.
Na quinta-feira, o vice-representante comercial dos EUA, Peter Allgeier, disse que a Casa
Branca protegeu o Brasil ao estabelecer as restrições. "Para o Brasil, na maioria esmagadora dos
produtos, eles (os brasileiros) foram tratados bastante bem." (MARCIO AITH)
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