São Paulo, segunda-feira, 11 de março de 2002

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Agora, ministro fala em "ajuste fino"

DA ENVIADA ESPECIAL A FORTALEZA

O ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer, afirmou ontem que as negociações com o governo norte-americano sobre as restrições à importação de aço passarão por "ajustes finos".
Amanhã, Lafer se encontrará com o representante comercial dos EUA, Robert Zoellick, para discutir as salvaguardas norte-americanas. "Vou conversar com o embaixador Zoellick e vamos tentar explorar caminhos de convergência. Nesse processo, há etapas de avaliação, discussão e ajustes finos", declarou o ministro.
Lafer e Zoellick dividirão hoje a mesma mesa durante participação no seminário "Além das nossas fronteiras: Oportunidades e desafios do novo regionalismo", que faz parte da 43ª Reunião Anual das Assembléias de Governadores do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).
De acordo com o ministro, o IBS (Instituto Brasileiro de Siderurgia) está preparando um levantamento minucioso dos impactos da decisão norte-americana nas exportações de aço brasileiras.
Ele informou que a imposição de cotas para a importação de aço semi-acabado reduzirá em cerca de 15% as exportações brasileiras. Atualmente, 75% da venda de aço do Brasil corresponde ao produto semi-acabado.
Cálculos preliminares indicam que o país deixaria de exportar aproximadamente US$ 80 milhões com as restrições adotadas pelos EUA -incluindo o aço acabado, que já era alvo de medidas restritivas pelos norte-americanos e agora não terá mais acesso ao mercado daquele país.
O ministro lembrou que, antes de os EUA anunciarem a decisão, o Brasil solicitou uma cota de 3,5 milhões de toneladas de aço semi-acabado por ano. No entanto foi atendido com uma parcela que assegurará exportações de 2,5 milhões de toneladas.
"Esse volume é superior às exportações do Brasil em 2000 e em 2001, que, no ponto mais alto, atingiram 2,4 milhões de toneladas", contemporizou o ministro, enfatizando que países como Japão e Coréia e a União Européia foram muito mais prejudicados com a definição das cotas.
O ministro deixou claro que prefere uma solução acordada para o assunto do que adotar medidas radicais, como entrar com reclamação na OMC (Organização Mundial do Comércio).
"A entrada na OMC vai depender de uma avaliação muito precisa que nós faremos no governo e no setor privado sobre quais são as efetivas e precisas consequências econômicas da medida", disse Lafer, acrescentando que é melhor um bom acordo do que uma excelente demanda.
Ele ressaltou ainda que as cotas definidas pelo governo norte-americano, que valerão por três anos, serão ampliadas anualmente. Na discussão com Zoellick, Lafer também deverá tratar das restrições dos Estados Unidos ao aço acabado. (JULIANA SOFIA)


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