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Agora, ministro fala em "ajuste fino"
DA ENVIADA ESPECIAL A FORTALEZA
O ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer, afirmou ontem que as negociações com o governo norte-americano sobre as
restrições à importação de aço
passarão por "ajustes finos".
Amanhã, Lafer se encontrará
com o representante comercial
dos EUA, Robert Zoellick, para
discutir as salvaguardas norte-americanas. "Vou conversar com
o embaixador Zoellick e vamos
tentar explorar caminhos de convergência. Nesse processo, há etapas de avaliação, discussão e ajustes finos", declarou o ministro.
Lafer e Zoellick dividirão hoje a
mesma mesa durante participação no seminário "Além das nossas fronteiras: Oportunidades e
desafios do novo regionalismo",
que faz parte da 43ª Reunião
Anual das Assembléias de Governadores do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).
De acordo com o ministro, o
IBS (Instituto Brasileiro de Siderurgia) está preparando um levantamento minucioso dos impactos da decisão norte-americana nas exportações de aço brasileiras.
Ele informou que a imposição
de cotas para a importação de aço
semi-acabado reduzirá em cerca
de 15% as exportações brasileiras.
Atualmente, 75% da venda de aço
do Brasil corresponde ao produto
semi-acabado.
Cálculos preliminares indicam
que o país deixaria de exportar
aproximadamente US$ 80 milhões com as restrições adotadas
pelos EUA -incluindo o aço acabado, que já era alvo de medidas
restritivas pelos norte-americanos e agora não terá mais acesso
ao mercado daquele país.
O ministro lembrou que, antes
de os EUA anunciarem a decisão,
o Brasil solicitou uma cota de 3,5
milhões de toneladas de aço semi-acabado por ano. No entanto foi
atendido com uma parcela que
assegurará exportações de 2,5 milhões de toneladas.
"Esse volume é superior às exportações do Brasil em 2000 e em
2001, que, no ponto mais alto,
atingiram 2,4 milhões de toneladas", contemporizou o ministro,
enfatizando que países como Japão e Coréia e a União Européia
foram muito mais prejudicados
com a definição das cotas.
O ministro deixou claro que
prefere uma solução acordada para o assunto do que adotar medidas radicais, como entrar com reclamação na OMC (Organização
Mundial do Comércio).
"A entrada na OMC vai depender de uma avaliação muito precisa que nós faremos no governo e
no setor privado sobre quais são
as efetivas e precisas consequências econômicas da medida", disse Lafer, acrescentando que é melhor um bom acordo do que uma
excelente demanda.
Ele ressaltou ainda que as cotas
definidas pelo governo norte-americano, que valerão por três
anos, serão ampliadas anualmente. Na discussão com Zoellick, Lafer também deverá tratar das restrições dos Estados Unidos ao aço
acabado.
(JULIANA SOFIA)
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