São Paulo, segunda-feira, 11 de março de 2002 |
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"Não somos ladrões", diz González, presidente do BBVA
ÉRICA FRAGA ENVIADA ESPECIAL A BILBAO Além de ser motivo para dor de cabeça, a Argentina tem trazido ressentimento ao presidente mundial do BBVA ( Banco Bilbao Vizcaya Argentaria), Francisco González. "Na Argentina, estão nos chamando de ladrões. Isso é completamente injusto. Não somos ladrões, somos vítimas dos acontecimentos políticos e econômicos do país", disse González, durante a assembléia de acionistas da instituição espanhola, no último sábado, em Bilbao. O BBVA tem 68% de participação do Banco Francés na Argentina. Segundo González, a instituição tem trabalhado para tentar ajudar a melhorar a situação econômica do país e não pode fazer mais porque é destituído de forças junto aos governantes daquele país. Além da mágoa, o presidente do BBVA ainda teve de explicar aos acionistas as perdas que a instituição teve em decorrência da crise econômica que assola a Argentina. Não fossem as provisões feitas para cobrir prejuízos com o Banco Francés, o lucro líquido consolidado da instituição espanhola que cresceu apenas 5,9% em 2001, somando US$ 2,056 bilhões, teria aumentado mais de 30%. O prejuízo do BBVA na Argentina, no ano passado, foi de US$ 187 milhões. Para este ano, as expectativas dos bancos que atuam no país são ainda piores. Estima-se que as instituições possam ter graves prejuízos quando o governo decidir acabar com o curralzinho (o bloqueio dos depósitos bancários) e liberar os saques. No entanto, segundo González, o BBVA não terá de fazer mais provisões na Argentina. "Não haverá necessidade disso, porque já provisionamos o suficiente", disse ele. A expectativa de Jayme Guardiolo, presidente do Banco Francés na Argentina, é que o país deverá fechar, em um prazo de três meses, as negociações com o FMI (Fundo Monetário Internacional). Depois disso, segundo ele, os argentinos vão recuperar a confiança no sistema bancário e, em um ano, os depósitos voltarão a crescer. Até agora, o Banco Francés perdeu 22% de seus depósitos e foi um dos bancos menos afetados pelos saques. Entusiasmo com México Ao contrário da Argentina, o México é motivo de entusiasmo para o BBVA. No ano passado, a instituição espanhola completou o processo de integração do mexicano Bancomer, que foi responsável por 17% do lucro consolidado do BBVA. "Estamos absolutamente encantados com o México", afirmou González. Já o Brasil não mereceu nenhuma referência durante toda a assembléia de acionistas em Bilbao. O lucro do grupo espanhol no país teve queda de quase 92% , em 2001, despencando de US$ 40 milhões para US$ 3,48 milhões. Esse resultado inclui, além do próprio BBVA, outras participações que a instituição espanhola tem no Brasil, como na Telefônica. Apenas o banco deverá ter uma queda no lucro de R$ 68 milhões para R$ 21 milhões, um recuo de 69,1% em relação ao resultado de 2000. Segundo o banco, a queda foi causada por investimentos feitos na rede de agências. A jornalista Érica Fraga viajou para Bilbao a convite do BBVA Texto Anterior: Opinião Econômica - Hugo Maia: "A maldição de Coase" e as promoções de carros Próximo Texto: Bancos voltam a atender no horário normal Índice |
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