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PAGAMENTOS
Sistema que começa a vigorar dia 22 de abril poderá gerar custo adicional para companhias médias e grandes
Empresas estão despreparadas para mudança do SPB
ISABEL CAMPOS
DA REPORTAGEM LOCAL
As empresas, principalmente as
de médio e grande portes que movimentam mais de R$ 5.000 por
pagamento, serão afetadas pelo
novo SPB (Sistema de Pagamentos Brasileiro), que entra em vigor
no dia 22 de abril, pois a maioria
delas não está preparada para enfrentar as mudança que vêm pela
frente.
Essa é a opinião de consultores
ouvidos pela Folha envolvidos
com o novo sistema. "A maior
parte das empresas não está ciente do aumento de custos que haverá para quem não se adaptar ao
SPB", diz o consultor Josino Garcia.
"Muitas empresas, principalmente de médio porte, nem sequer sabem o que é o SPB. Já chegaram a me perguntar se isso não
é inseticida", complementa Osvaldo Calixto, diretor da Sagy
Consultoria.
Ricardo Balkins, sócio-diretor
da Deloitte Touche Tohmatsu, diz
que as grandes companhias estão
mais bem informadas do que as
médias, mas também estão tomando poucas providências em
relação ao SPB. "Tecnologia, processos e cultura interna terão de
ser modificados, mas a maioria
não está se preparando para isso."
O que é
A função de um sistema de pagamentos é permitir o processamento e liquidação de pagamentos e a transferência de recursos
entre pessoas físicas, empresas,
setor público, Banco Central e
instituições financeiras.
Quando assinamos um cheque,
utilizamos um cartão de débito ou
pagamos uma conta, estamos utilizando um sistema de pagamentos. A partir de 22 de abril, o atual
sistema passará por uma modernização tecnológica que há quase
três anos vem sendo desenvolvida
dentro dos bancos.
O novo SPB permitirá a todas as
pessoas transferirem dinheiro para pagamentos, depósitos ou para
qualquer outra finalidade por
meio eletrônico on-line, isto é, no
mesmo dia e praticamente na
mesma hora (poderá haver uma
pequena defasagem de tempo).
Todos os mecanismos de transferência de dinheiro, como cheques e DOC (Documento de Ordem de Crédito), que passam por
um sistema de compensação que
não é on-line, continuarão existindo.
Mas a intenção do Banco Central é que aos poucos eles sejam
substituídos por alternativas eletrônicas, como o TED (Transferência Eletrônica Disponível), que
também será lançado no dia 22, e
o cartão de débito.
Como o processo será gradativo, o Banco Central quer, numa
primeira etapa, que pelo menos
todas as transações em valor igual
ou superior a R$ 5.000 sejam feitas pelo novo sistema eletrônico.
Isso, porém, terá um custo (leia
texto abaixo, à esquerda).
Bancos
Os bancos vão passar por uma
profunda transformação quando
o novo SPB começar a funcionar.
Além da implantação de novas
tecnologias, eles também terão de
se adaptar à rotina on-line.
Cada banco, explica Altair Assis, diretor da Novabase Brasil, terá de programar diariamente
quanto precisará deixar de reserva no Banco Central para atender
às suas necessidades de caixa.
Caso o volume de transferências
ultrapasse o valor de suas reservas, ele não poderá concluir a
operação enquanto não levantar
recursos com outra instituição financeira, o que não acontece
atualmente. Hoje, os bancos fazem e recebem transferências durante o dia, mas só à noite elas são
contabilizadas.
Além disso, quando faltar dinheiro, eles não poderão mais se
socorrer no Banco Central. Quem
precisar de dinheiro emprestado
terá de recorrer a outros bancos.
Essas alterações serão muito
importantes para diminuir o risco
do sistema financeiro e, segundo
consultores, deverão dar uma peneirada no mercado.
"Bancos menores, que costumam trabalhar muito alavancados [fazendo transações bem superiores às suas reservas", poderão ter dificuldade para se adaptar
ao SPB", afirma Calixto.
Como o Banco Central não
prestará mais socorro, o custo de
captação de recursos para alguns
bancos considerados de maior
risco tenderá a crescer, diz o consultor Garcia.
Outro item que pode atrapalhar
a sobrevivência de bancos menores é o custo em tecnologia para
adaptação ao SPB.
Assis estima que as grandes instituições estejam gastando, em
custos indiretos e diretos, entre
R$ 10 milhões e R$ 15 milhões, e as
pequenas, entre R$ 1 milhão e R$
3,5 milhões.
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