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Varejo será o setor mais afetado pelo sistema
DA REPORTAGEM LOCAL
Como a cultura do cheque é
muito forte no país e seria impossível baixar um decreto obrigando as pessoas a usarem o novo
SPB, o Banco Central pretende
empurrar as operações acima de
R$ 5.000 para o sistema eletrônico
mexendo no bolso dos bancos,
empresas e pessoas físicas.
Conforme a Febraban (Federação Brasileira das Associações de
Bancos), os bancos continuarão
processando cheques de valor
igual ou superior a R$ 5.000, mas
serão obrigados a recolher parte
expressiva dos seus valores ao BC.
Isso vai elevar o custo desse serviço para a instituição financeira,
que, consequentemente, tenderá
a cobrar mais do cliente pelo processamento de tais cheques. Outra tendência é que o banco amplie o prazo de compensação.
Segundo Altair Assis, diretor da
Novabase do Brasil, as empresas
que serão mais afetadas pelo SPB
serão aquelas que costumam fazer pagamentos acima de R$
5.000 para os seus fornecedores,
mas têm como fonte de receita
cheques com valores inferiores.
Entram nesse segmento supermercados e postos de gasolina.
Enquanto o cheque do cliente
vai passar pelo processo normal
de compensação, o pagamento
acima de R$ 5.000 será on-line.
Hoje, pagamentos e recebimentos
em cheques são processados à
noite ou no dia seguinte. E o banco compensa um com o outro.
Com o SPB, na hora em que
uma pessoa fizer um pagamento
eletrônico acima de R$ 5.000, ela
terá de ter o valor correspondente
na conta, já liberado. A transferência será na hora.
Isso significa, explica Ricardo
Balkins, sócio-diretor da Deloitte
Touche Tohmatsu, que a empresa
terá de ter um controle rigoroso
de entrada e saída de recursos.
Dependendo do caso, deverá modificar a forma como cobra pelos
seus serviços e negociar prazos de
pagamentos mais dilatados com
seus fornecedores, para coincidir
com a compensação dos cheques
de seus clientes.
Para Clarice Messer, diretora da
Fiesp (Federação das Indústrias
do Estado de São Paulo), essa mudança de processo exigirá que as
empresas tenham um capital de
giro maior do que o atual. "Para
zelar pela boa conduta e não correr o risco de deixar um fornecedor sem receber, a empresa terá
de negociar com os bancos um
crédito adicional."
Para todas as empresas que costumam fazer pagamentos acima
de R$ 5.000, Assis e Osvaldo Calixto, diretor da Sagy, alertam que
não bastará ter o dinheiro na conta para fazer um pagamento eletrônico. Dependendo do valor, o
banco exigirá que o cliente reserve
a disponibilidade dos recursos
com antecedência. Se não o fizer,
o banco terá a opção de não efetuar o pagamento ou de cobrar
uma taxa extra pelo serviço.
De acordo com o consultor Josino Garcia, outro aspecto importante a ser estudado pelas empresas é com relação à segurança das
transações via SPB. Hoje, para
evitar fraudes, muitas empresas
exigem que os pagamentos por
meio de cheques sejam assinados
por dois funcionários. Além disso, quando detecta alguma irregularidade, sua direção quase
sempre tem tempo de ligar para o
gerente do banco e solicitar a sustação do cheque.
Com o SPB, a empresa terá de
criar mecanismos novos de segurança para os seus pagamentos.
Uma vez feitos, eles serão irreversíveis. Acaba a sustação.
(IC)
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