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FINANÇAS
PFL pode atrasar votação, marcada para amanhã, que prorroga cobrança e isenta do imposto as operações em Bolsa
CPMF pode ditar desempenho da Bovespa
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma semana de volatilidade,
mas que pode acabar sendo positiva para a Bolsa de Valores de São
Paulo. Essa é a expectativa de analistas que consideram decisivos
para os próximos dias a votação
da CPMF, o desempenho de candidatos às eleições e os índices de
inflação.
Uma boa parte do mercado teme que o PFL atrase a votação,
marcada para amanhã, da emenda que prorroga a cobrança da
CPMF (Contribuição Provisória
sobre Movimentação Financeira)
até dezembro de 2004 e que isenta
do imposto as operações em Bolsas de Valores.
Na semana passada, a Bovespa
caiu 3,14%, abalada por fatos não
previstos, como o caso PFL/
PSDB, a surpresa no balanço da
Telemar e a sobretaxa do aço pelos Estados Unidos.
Para Gustavo Alcântara, analista do banco Prosper, muitos acreditavam ingenuamente que as
eleições seriam tranquilas e que
um candidato ligado à base governista sairia vitorioso. "Ficou
claro que a eleição é uma incógnita que influenciará o mercado."
Em dois dos três pregões que registraram queda na semana passada, o giro financeiro subiu.
"Houve pressão de fora. Nós sabemos que em toda eleição surgem denúncias contra candidatos, mas os estrangeiros se apavoram e dão ordem de venda", diz
Luiz Antonio Vaz das Neves, diretor da corretora Planner.
Para Vaz das Neves, entretanto,
o caso PFL e a queda das ações da
Telemar, provocada pelo aumento inesperado da dívida líquida da
empresa, apenas aceleraram a
tendência.
"A Bolsa já havia subido muito.
Em fevereiro, quando o Copom
reduziu a taxa de juros, a Bovespa
avançou 10%, enquanto a Nasdaq
(Bolsa eletrônica de ações de alta
tecnologia) caiu 10%."
No início deste mês a Nasdaq
reagiu. Subiu 7,04% desde o fechamento de sexta-feira retrasada, seu maior ganho semanal desde 5 de outubro passado.
O bom desempenho da Nasdaq,
segundo Neves, teria adiado a realização de lucros na Bovespa e o
"efeito Roseana" acabou coincidindo com uma piora pontual das
Bolsas americanas.
No último pregão, elas voltaram
a subir. As notícias de redução
-acima do esperado- da taxa
de desemprego e o aumento no
número de postos de trabalho nos
EUA trouxeram otimismo, mas
investidores preferiram as "blue
chips" (ações de maior liquidez)
do setor de tecnologia.
Apesar da forte volatilidade no
período, o índice Dow Jones, da
Bolsa de Nova York, também fechou a semana em alta (1,96%).
"A melhora internacional e os
bons fundamentos da economia
brasileira devem acabar prevalecendo e impulsionando o mercado", afirma Álvaro Bandeira, diretor da corretora Ágora.
Bandeira condiciona, porém,
essa melhora à "evolução favorável dos candidatos que compunham a base governista".
Eduardo Fornazier, analista da
Santos Asset Management, diz
que a Bovespa não estaria refletindo aqueles fundamentos porque
"pelo desempenho do país, a Bolsa deveria ter alcançado o patamar de 14.500 pontos" (fechou
em 13.961 na sexta-feira).
Na agenda da semana, saem índices de inflação amanhã e na
quarta-feira, "importantes para
saber se o Copom (Comitê de Política Monetária) terá ou não desculpa para deixar de cortar novamente os juros", diz Vaz das Neves. "Depois das declarações de
Armínio Fraga [presidente do
Banco Central", de mudança no
acompanhamento da inflação, vai
ficar feio não reduzir a taxa Selic."
Nos EUA, o destaque é o PPI
(Índice de Preços ao Produtor), a
ser divulgado na sexta-feira.
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