São Paulo, segunda-feira, 11 de março de 2002

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FINANÇAS

PFL pode atrasar votação, marcada para amanhã, que prorroga cobrança e isenta do imposto as operações em Bolsa

CPMF pode ditar desempenho da Bovespa

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma semana de volatilidade, mas que pode acabar sendo positiva para a Bolsa de Valores de São Paulo. Essa é a expectativa de analistas que consideram decisivos para os próximos dias a votação da CPMF, o desempenho de candidatos às eleições e os índices de inflação.
Uma boa parte do mercado teme que o PFL atrase a votação, marcada para amanhã, da emenda que prorroga a cobrança da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) até dezembro de 2004 e que isenta do imposto as operações em Bolsas de Valores.
Na semana passada, a Bovespa caiu 3,14%, abalada por fatos não previstos, como o caso PFL/ PSDB, a surpresa no balanço da Telemar e a sobretaxa do aço pelos Estados Unidos.
Para Gustavo Alcântara, analista do banco Prosper, muitos acreditavam ingenuamente que as eleições seriam tranquilas e que um candidato ligado à base governista sairia vitorioso. "Ficou claro que a eleição é uma incógnita que influenciará o mercado."
Em dois dos três pregões que registraram queda na semana passada, o giro financeiro subiu. "Houve pressão de fora. Nós sabemos que em toda eleição surgem denúncias contra candidatos, mas os estrangeiros se apavoram e dão ordem de venda", diz Luiz Antonio Vaz das Neves, diretor da corretora Planner.
Para Vaz das Neves, entretanto, o caso PFL e a queda das ações da Telemar, provocada pelo aumento inesperado da dívida líquida da empresa, apenas aceleraram a tendência.
"A Bolsa já havia subido muito. Em fevereiro, quando o Copom reduziu a taxa de juros, a Bovespa avançou 10%, enquanto a Nasdaq (Bolsa eletrônica de ações de alta tecnologia) caiu 10%."
No início deste mês a Nasdaq reagiu. Subiu 7,04% desde o fechamento de sexta-feira retrasada, seu maior ganho semanal desde 5 de outubro passado.
O bom desempenho da Nasdaq, segundo Neves, teria adiado a realização de lucros na Bovespa e o "efeito Roseana" acabou coincidindo com uma piora pontual das Bolsas americanas.
No último pregão, elas voltaram a subir. As notícias de redução -acima do esperado- da taxa de desemprego e o aumento no número de postos de trabalho nos EUA trouxeram otimismo, mas investidores preferiram as "blue chips" (ações de maior liquidez) do setor de tecnologia.
Apesar da forte volatilidade no período, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, também fechou a semana em alta (1,96%).
"A melhora internacional e os bons fundamentos da economia brasileira devem acabar prevalecendo e impulsionando o mercado", afirma Álvaro Bandeira, diretor da corretora Ágora.
Bandeira condiciona, porém, essa melhora à "evolução favorável dos candidatos que compunham a base governista".
Eduardo Fornazier, analista da Santos Asset Management, diz que a Bovespa não estaria refletindo aqueles fundamentos porque "pelo desempenho do país, a Bolsa deveria ter alcançado o patamar de 14.500 pontos" (fechou em 13.961 na sexta-feira).
Na agenda da semana, saem índices de inflação amanhã e na quarta-feira, "importantes para saber se o Copom (Comitê de Política Monetária) terá ou não desculpa para deixar de cortar novamente os juros", diz Vaz das Neves. "Depois das declarações de Armínio Fraga [presidente do Banco Central", de mudança no acompanhamento da inflação, vai ficar feio não reduzir a taxa Selic."
Nos EUA, o destaque é o PPI (Índice de Preços ao Produtor), a ser divulgado na sexta-feira.



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