São Paulo, quinta-feira, 11 de março de 2004

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MERCADO

Maior detentor de ações preferenciais da cervejaria, fundo de pensão já perdeu R$ 600 mi após anúncio de acordo com a Interbrew

Previ ameaça contestar operação da AmBev

DA SUCURSAL DO RIO

A Previ, fundo de pensão dos empregados do Banco do Brasil, principal acionista preferencial (sem direito a voto) da Ambev, pode entrar com um processo administrativo na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) questionando a anunciada fusão entre a cervejaria brasileira e a Interbrew, da Bélgica.
A Previ é o maior fundo de pensão do Brasil, com patrimônio de aproximadamente R$ 60 bilhões, e detém 14,7% das ações preferenciais e 8,89% do capital total da Ambev.
O foco da fundação dos empregados do BB é a cervejaria canadense Labatt, cujo controle, pelo que está previsto na negociação, ficará com a Ambev. Em troca, a empresa brasileira assumirá dívidas da Interbrew no valor de US$ 1,5 bilhão.
O diretor de investimentos da Previ, Luiz Carlos Aguiar, disse que o mercado está entendendo que a Labatt foi superavaliada. Segundo Aguiar, há investidores estrangeiros que possuem ações da Ambev em carteira ameaçando também questionar a operação na SEC (Security Exchange Commission), a CVM dos Estados Unidos.
De acordo com o executivo, tanto a Previ como os demais investidores estão aguardando o laudo de avaliação da Labatt, feito pelo Citibank, para saber que decisão irão tomar.

Mercado mexicano
Um dos aspectos mais questionados pelo dirigente da Previ é o risco de a Ambev ficar sem um dos anunciados trunfos da negociação, que é o acesso ao mercado mexicano por intermédio da cervejaria Femsa (fabricante das marcas Sol e Tecate), da qual a Interbrew detém 30%. Segundo o acordo, essa participação passaria à Ambev.
O problema é que os demais acionistas da Femsa detêm uma opção de recompra das ações da Interbrew. Se a opção for exercida, a Ambev deixará de ficar com essa participação da Interbrew na Femsa.
Segundo Aguiar, a participação da Previ na Ambev já desvalorizou cerca de R$ 600 milhões desde que o negócio foi anunciado, passando de R$ 2,6 bilhões para cerca de R$ 2 bilhões.
A Ambev, por intermédio da sua assessoria de imprensa, informou que não iria responder aos questionamentos antes que a operação seja submetida à CVM, o que ocorrerá provavelmente, na próxima semana. A empresa ressaltou apenas que toda a operação foi feita de acordo com a Lei das S.A. (nš 10.303/2001).


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