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NO AR
Dívida com INSS causou detenção de Canhedo na segunda
STJ concede habeas corpus, e dono da Vasp sai da prisão em Brasília
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O empresário Wagner Canhedo, dono da empresa aérea Vasp,
foi libertado na madrugada de
ontem com base em habeas corpus obtido por seus advogados no
STJ (Superior Tribunal de Justiça). Ele havia sido preso na noite
de segunda, em Brasília. A ordem
de soltura chegou à superintendência da Polícia Federal às 4h30.
Os advogados de Canhedo entraram com pedidos simultâneos
nos TRFs (Tribunais Regionais
Federais) em Brasília, onde reside
e estava preso, e em São Paulo,
onde foi determinada a prisão,
pela 8ª Vara de Execuções Fiscais
da Justiça Federal.
A prisão tinha caráter preventivo de 90 dias. Mas o empresário
poderia ser solto tão logo pagasse
ao INSS (Instituto Nacional do
Seguro Social) a contribuição previdenciária dos trabalhadores da
Vasp, recolhida mas não repassada à Previdência Social.
A dívida superaria R$ 65 milhões. Em nota, a Vasp contestou
esse valor, dizendo que 90% do
montante já está incluído no Refis, programa de refinanciamento
de dívidas do governo federal.
A empresa diz considerar que a
prisão poderia ter sido evitada se
o governo "já tivesse convocado
todos os empresários da indústria
aérea, no intuito de solucionar definitivamente os problemas do setor". Canhedo passou a noite sozinho em uma cela comum, mas
pôde usar um telefone. Dois advogados e sua neta foram retirados da cela por volta das 20h de
anteontem. Nesse momento, ele
solicitou a companhia de ao menos um advogado, alegando sofrer de hipertensão e problemas
cardíacos. Ante a negativa dos delegados, Canhedo pediu para usar
um telefone celular. Não foi atendido. Após a soltura, ele foi para
casa. De lá, embarcou para São
Paulo por volta das 8h.
Questionado sobre a prisão de
Canhedo, o ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) disse: "Não
tenho informação a respeito, não
sei por que foi preso nem por que
foi solto. Deve ter sido de São Paulo a decisão judicial".
A ordem de prisão de Canhedo,
acusado de ser depositário infiel,
foi dada no dia 2 de março. Segundo a Justiça, ele não teria honrado um acordo e penhorado 5%
do faturamento bruto da Vasp
para o pagamento ao INSS.
Os advogados de Canhedo argumentaram que o juiz deveria
ter chamado o empresário para
analisar o caso ou indicar um administrador da dívida, da qual seria feito um agendamento. Com
base nisso, o ministro determinou
a liberdade. "Defiro a liminar para
sustar a ordem de prisão expedida
contra Wagner Canhedo Azevedo
até o julgamento final", diz o ministro João Otávio Noronha.
Os advogados ofereceram, segundo a decisão do ministro do
STJ, "a substituição da penhora
do faturamento da empresa pelo
bem imóvel denominado "Fazenda Piratininga'", em Goiás.
Ao dizer que o governo deve ao
setor, a Vasp cita os créditos de
ICMS que os Estados teriam que
devolver às empresas aéreas depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgou, há cerca de
dois anos, a inconstitucionalidade
da cobrança. A Vasp estima que
tem a receber aproximadamente
R$ 450 milhões, que poderiam ser
abatidos das dívidas da empresa
com a União -cerca de R$ 1 bilhão, segundo a assessoria.
A Vasp ainda espera receber outro crédito, de R$ 2,7 bilhões, pela
diferença tarifária de passagens
aéreas, quando eram controladas
pelo governo. "A Justiça já deu ganho de causa a todas as empresas,
mas, valendo-se do foro especial,
a União posterga uma solução definitiva", diz a nota.
Colaborou Denise Carvalho, da
Reportagem Local
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